Agenda de concertos (carregar no evento para mais informação)

domingo, 30 de novembro de 2008

Quem é o cromo? (15)

Decifrado o nº 10, decidi dar-vos uns dias para se recomporem antes de vos oferecer o nº 15. Desta vez é fácil. É ou não?




Mais uma vez foi o Nuno a acertar, não sei se por ser o primeiro a chegar, se por os outros não terem tentado. De qualquer maneira, a rapidez e as visitas frequentes também são bons trunfos.

Eis então o cromo:





terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pequena "entrevista" #20... Tora Tora Big Band

Tora Tora Big Band é... uma Big Band. Sim, mas não é uma Big Band normal, se entendermos o termo como referente a uma banda de Jazz formada por muitos elementos, com um forte som colectivo e interpretando os tradicionais temas já ouvidos a centenas de... Big Bands.

Aqui o som é forte, o colectivo funciona na perfeição mas a música é outra. Desde o Reggae ao Samba, passando pela musica afro e latina, tudo ligado por um "cimento" Jazz para, como diz a nota de apresentação, "dar espaço aos músicos para brilhar". E brilham. A Tora Tora tem sede em Lisboa mas engloba músicos de várias nacionalidades, como convém a uma música que se apresenta como universal. E tudo isto a puxar à dança. Ainda não vi nenhum concerto mas na primeira oportunidade, a julgar pelo que se ouve no MySpace, o melhor é levar o "capacete" bem leve.

Saliento ainda a colaboração da Kika Santos (ex-BlackOut). Uma das grandes vozes deste país e uma excelente cantora Jazz. Porque será que nos escondem os grandes músicos que temos? Para dar espaço à musica "fast-top"? Sim, eu sei, dar ao público o que ele quer, blá blá...

Voltando ao assunto de que versa esta entrada, quem respondeu pela Tora Tora Big Band foi o trombonista, compositor e arranjador Lars Arens. Segue-se o texto que enviou:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta:

- ter bons amigos, que metem cunha


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta:

- uma escola qualquer onde hajam bons professores que saibam transmitir tanto a técnica de instrumento como a musicalidade (no jazz há poucos bons profs. por cá, nomeadamente para sopro).
-ouvir muito


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta:

- Quando já não precisas da televisão para nada


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta:

- É uma questão de atracção pelo "exótico"


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta:
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais
- comparado com o estrangeiro, aqui os agentes/promotores ainda são piores que os músicos, sabem muito sobre dinheiro e nada sobre música



6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta:

-dos músicos, pois são poucos os que realmente tem uma cena própria. Ou são péssimos instrumentistas com ideias engraçadas que não podem concretizar, ou são bons instrumentistas sem criatividade. Realmente é impossível ser cómodo e ser artista. Infelizmente há poucos músicos por cá que da sua mentalidade são artistas.
- Dos promotores de concertos e agentes, pois também não têm visões artísticas.


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta:

- Não sei. Para começar talvez os políticos expliquem ao povo que desde o 25 de Abril existe liberdade, que pode servir, entre outras coisas, para consumir cultura, e que há muita oferta gratuita ou barata. Observando as pessoas no meu bairro, suponho que não viviam muito diferente antes da revolução. Não se interessam em nada o que não seja a própria casa, a ida à mercearia, o próximo jogo de futebol. Não têm hobbys. Não sabem fazer nada com o seu tempo. Mal saem do bairro. E as crianças parecem logo imitar os seus pais/avós: também não se afastam mais que 50 metros da sua própria porta da casa.


8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta:

- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta:

- Nils Wogram, "Swing Moral"


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta:

- Ed Partyka Jazz Orchestra






segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Que sorte!

Depois de um fim-de-semana algo atribulado, finalmente arranjei tempo e disposição de vos vir contar o que andei a fazer na passada Sexta-feira.

Foi assim, num daqueles repentes que às vezes me dão. E se eu fosse ao Olga ver o Gil?
E fui. Sozinho, que de vez em quando faz-me falta, lá me meti no chassito e rumei a Sintra, onde rapidamente fiz questão de me perder no meio da multidão (não sem antes encontrar gente que não via há mais de 20 anos - o pessoal dos Olivais é terrivel, aparece em todo o lado...).

Até podia ter ido a outro sítio, talvez outro concerto, mas era mesmo este que me apetecia. Já tinha ouvido algumas músicas do novo disco que me tinham deixado curioso e curioso estava também em relação ao tratamento que levariam as coisas mais antigas. Os convidados também prometiam: bons cantores, todos eles. A qualidade parecia assegurada.

E estava.
Da nova banda do João Gil praticamente só se pode dizer bem. Tudo gente nova, bons executantes, onde se salienta, pela qualidade e pela presença, o Ruben Alves. Onde João Gil se assume como mestre de cerimónias, Ruben trata de manter a banda no ponto (pelo menos é a ideia que fica) qual maestro sem batuta mas de olhar sempre bem apontado. Uma palavra também para o Artur Costa, companheiro de décadas, com tanto de contenção como de acerto. Na minha opinião, tão bem como o melhor que lhe vi durante a existência do Trovante. Quanto ao vocalista João Campos, o rapaz tem piada, canta bem sem ter uma grande voz, está muito bem até nas músicas herdadas do Luís Represas mas falta-lhe um bocadinho a noção de limite. Tudo bem que a "monição" não estava boa mas não era preciso tanto protesto e não lhe ficou nada bem a fúria de atirar com o "aparelho" pelo palco fora. Afinal até havia som de palco e o rapaz fez a coisa toda sem desafinar. Enfim, coisas da juventude. Quanto aos outros músicos, a boa prestação dispensa mais comentários. Gostei mesmo da banda. Muito boa onda.

O alinhamento andou entre as coisas novas e as que eu estava à espera de ouvir. O que aconteceu foi que as surpresas estiveram mais nas que eu estava à espera do que nas novas, que apareceram muito perto do que está no disco. Ouvir "Perigo", "Saudade", "Loucos de Lisboa" ou "Fim do Mundo" cantados por João Campos, "125 Azul" por Sara Tavares e Shout, tudo com novos arranjos dá uma nova forma às canções "despegando-as" de vozes marcantes como as de Represas ou Nuno Guerreiro e entregando-as ao som da banda de Gil. Houve coesão no som, boa disposição (O Gil estava mesmo muito feliz) e vários momentos brilhantes: Ricardo Ribeiro é mesmo bom (grande voz e boas piadas), os Shout estão melhores do que nunca e Sara Tavares, para além do seu "bom feeling" (um dos momentos altos) continua a ter uma voz que arrepia os cabelos da nuca (se puderem, ouçam-na cantar o "Perdidamente" - no caso com o Ricardo Ribeiro - é coisa que não se esquece).

Se faltou alguma adesão do público? Talvez o João esperasse mais mas havia muita música nova e a maior parte da assistência já não estava propriamente em idade de pular e gritar. Era mais uma de "cantar afinadinho". Enfim, coisas de "cota".

Vim de lá muito bem disposto.

Só no dia a seguir senti falta do "Lisboa".


"Lisboa"
Artista: Trovante
Álbum: Baile no Bosque



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pequena "entrevista" #19... U-Clic

Os U-Clic evoluiram bastante desde que os ouvi pela primeira vez. Hoje tocam (e bem) aquilo que eles próprios chamam "Pop Noise entre os Kraftwerk e os Sonic Youth". Por mim está bem mas eu juntava os Devo e os New Order à "equação".

Não sendo a música de que eu mais gosto, é sem dúvida boa música e, dentro do estilo, não ficam atrás de nada que eu conheça (embora lhe falte, a meu ver, um pouco mais de originalidade), assim tenham espaço para crescer. À boa música junta-se ainda uma grande preocupação estética, que envolve a música num conceito gráfico bem engendrado e apelativo e sabe-se a importância que esses aspectos têm nos dias que correm. Noutras paragens seriam certamente mais conhecidos.

No caso dos U-Clic as respostas são as que se seguem e vieram em nome colectivo:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta: Para a vitória como a vemos, ser bom e acreditar naquilo que se faz.


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta: Os apresentados entre outros, dependendo da evolução pretendida.


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta: As televisões não pagam.


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta: O sucesso é uma coisa relativa, tal como a importância da questão linguística.


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta: Todos, os que gostam de música, devíamos reflectir sobre a parte que não estamos a fazer.


6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta: Todos, os que gostam de música, devíamos reflectir sobre a parte que não estamos a fazer.


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta: Sendo criativo de acordo com aquilo em que se acredita de forma a estabelecer canais de comunicação eficazes entre todos os que pertencem à rede "música".


8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta: Se forem de "música má", sim.


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta: Um disco externo de 200 Gigas.


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta: As últimas três músicas que fizemos para o segundo álbum dos U-clic.








segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Contentores em Alcantara?

A última vez que olhei ali para a televisão estavam dois senhores de nomes "ilustres" (Sousa Tavares e Sá Fernandes) a discutir o aumento ou não do terminal de contentores de Alcantara.

Camiões, trânsito, comboios, barcaças, barreiras visuais, negociatas, navios, poluição, corredores ecológicos, areia para os olhos...

Areia para os olhos???

Há vinte anos os contentores eram outros, o "terminal" era mais acima, lá para os lados do Restelo e não havia areia para os olhos. O que se via e ouvia era mesmo assim, sem filtros.

Prefiro os contentores de há vinte anos.





Pequena "entrevista" #18... Unplayable Sofa Guitar

Já falei deles aqui há mais de um ano, por isso os meus amigos já bem que podiam ter seguido o linquezinho e ouvido a música dos USG, que é boa e não fica nada atrás de certas coisas que vos chegam da estranja. Ah já foram? Muito bem. Então já sabem do que eu estou a falar. Esta "banda ocasional", nascida do acaso, como os próprios se intitulam, está aí para ficar, espero eu. Entretanto, como tenho aquela aversãozita a comprar coisas pela net (dados do cartão e tal...), continuo à espera de encontrar os álbuns à venda por aí.

Ora os Unplayable Sofa Guitar responderam ao desafio que lhes fiz, como podem ler a seguir:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta: ter mais sorte que os outros sortudos.


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta: o ambiente criativo que existe no interior de algumas cabeças.


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta: quando a promoção é eficaz, intensa e insistente.


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta: a pergunta contém um erro. Há músicos portugueses a cantar em inglês (e outras línguas) e a terem sucesso no estrangeiro. Também há músicos portugueses que não cantam língua nenhuma e que fazem mais sucesso do que os que cantam.
Depende das medidas do sucesso e essas medidas dependem do mediatismo desses "sucessos"... nos media.



5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta: Não percebemos... não têm?


6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta: falta de visibilidade onde? Nos bares do Bairro Alto? Na ribeira do Porto? Na cantina da Universidade? Deve existir mais do que um Portugal; os artistas do nosso país são bem visíveis, tocam regularmente, vendem discos e, alguns, até se dedicam a isso a tempo inteiro.
Passar-se-á alguma crise dentro das muralhas das duas capitais portuguesas?
Em Portugal (no real) as coisas vão andando.



7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta: qual problema?
Basta percorrer o MySpace para ver as centenas de milhares de músicos dos USA, do Reino Unido, do Japão ou de Portugal, que nunca chegarão a lado nenhum.
E outros que sim.
O problema é a música má a fazer sucesso? A resposta é a mesma. Existe em todo o lado.
Nós, os portugueses, somos dez milhões de gatos pingados. Não contamos nem 0,5% da população planetária.
Havendo justiça aritmética no mundo, havemos de deixar uma marca igual ao tamanho da nossa pegada.
Porquê acharmos que temos como desígnio algo de maior e mais vistoso do que aquilo que fazemos por merecer?
Temos alguns grandes músicos e alguma grande música.
A injustiça e os problemas para nós são exactamente as mesmas que para os outros.



8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta:
resposta 1: correcta.
resposta 2: correcta.
resposta 3: correcta.
resposta 4: correcta.
resposta 5: correcta.




9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta: uma porrada deles do Charlie Parr, dois do Watermelon Slim, o mais recente de Kid Dakota, o mais recente do Daniel Lanois... mais umas cenas. Não nos lembramos de tudo. Todos nós compramos muitos discos.


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta: Alberta Hunter. Gravou um par de discos por volta de 1928.





domingo, 16 de novembro de 2008

Definições...

Qual a diferença entre a Ópera e o Teatro Musical?


Tem havido, ao longo dos tempos, alguma dificuldade em traçar uma fronteira entre os dois mas, no fundo, é muito simples:

Musical - Um grupo de actores a tentar cantar.

Ópera - Um grupo de cantores a tentar representar.

Fácil!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pequena "entrevista" #17... Vitor Rua

Toda a gente sabe que o Vitor Rua foi um dos fundadores dos GNR e, embora muito menos, há bastante gente que sabe que ele é "metade" dos Telectu há um monte de anos. O que muita gente não sabe é que o Vitor Rua é um compositor/improvisador reconhecido pelo mundo fora e que já tocou com um monte de gente importante no que se pode chamar o meio da "música erudita" contemporânea. Eu também sei porque li. É que a música em que Vitor Rua se move não está aí à mão de semear. Há que procurá-la. Eu reconheço a minha falta de preparação para a entender mas já passei há muito a fase em que achava que os Telectu faziam "barulho sem pés nem cabeça". Simplesmente não a entendo e, talvez por isso, não gosto. Talvez mais lá para a frente, quem sabe? Como dizem os Trabalhadores, estamos sempre em "Iblussom".

Ora o problema da visibilidade relativa deste tipo de música suscitou-me novas questões no que respeita ao que é ou não sucesso na música e em que é que este se relaciona com conceitos de visibilidade mediática e resultados comerciais. Já o tinha vislumbrado em outras entrevistas mas a coisa torna-se particularmente visível nas palavras do Vitor Rua, até no simples facto de a palavra sucesso aparecer sistematicamente entre aspas. De facto, a noção de sucesso musical varia conforme os músicos, a música que tocam, os objectivos que têm ou até por uma qualquer questão ideológica ou existencial. Há quem se sinta realizado com um concerto para amigos na sala de estar e quem precise de um estádio cheio (ou mais) para isso.

É um assunto para voltar a pegar no futuro. Por hoje, ficam aí as respostas que o Vitor Rua mandou:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta: se for "música" com letra pequena é só necessário uma grande "lata", se for Música com letra grande é necessário muito trabalho e intuição.


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta: podem ser todas essas propostas juntas...


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta: não existe interesse a um verdadeiro músico ir a um qualquer mau programa da nossa TV... ainda por cima se for para fazer playback como é a prática...


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta: quem tem "sucesso" no estrangeiro?... os Madredeus?... a Mísia?... o mau fado?... isso também se aplica ao Júlio Iglésias e esse é infinitamente superior nessa área... já a música contemporânea (Emanuel Nunes, João Pedro Oliveira, Luís Tinoco ou eu próprio, temos "sucesso" no estrangeiro e nem cantamos!!! e a música improvisada com Carlos Zíngaro, Telectu, Nuno Rebelo têm também sucesso no estrangeiro!!! e não cantamos!!!


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta: porque são maus! mas há músicos (os que citei na pergunta anterior) que não têm "sucesso" nem são conhecidos em Portugal mas têm esse reconhecimento no estrangeiro!


6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta: de todos... mas mais do governo!


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta: resolve-se quando os media começarem a falar e divulgar a Verdadeira Música!


8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta: NÃO!!!!


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta: Palestrina: missa papae marcelli


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta: hildegard von bingen








segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quem é o cromo? (14)

Então? Já desistiram do nº 10? Pois eu tenho cá a impressão que vai ser aquele a decidir isto.

Entretanto, vim aqui trazer-vos o nº 14. Estava aqui a pensar se devia ou não deixar uma pista, mas acho que vocês chegam lá sem ela. E não quero com isto dizer que seja "de caras". Requer um certo esforço de memória mas não me parece que seja muito difícil.

Ei-lo:





Pois este afinal não demorou assim tanto. O Alexandre inaugurou o passatempo com uma resposta certa. Já no nº 10 ainda não deu com o bicho, tal como todos os outros. Fica aí então a fronha do Marc Bolan dos T. Rex, banda famosa durante os anos 70. Famosa mas nunca tão famosa como o senhor Bolan, principalmente entre as adolescentes da época.





domingo, 9 de novembro de 2008

Pequena "entrevista" #16... X-Wife

Os X-Wife são das poucas bandas neste país que não têm razões para se queixarem de falta de passagem na rádio. Já na televisão, acho que só os vi uma vez.

Não há dúvida que os X-Wife fazem boa música e que a fazem bem feita, isto apesar de não ser o meu estilo favorito e de não gostar muito (por razões meramente estéticas, diga-se) daquela vocalização em falsete. Mesmo assim gosto de os ouvir. A música tem força, melodia, está bem tocada e, ainda que dentro do mesmo género, consegue surpreender. Há muitos momentos poderosos e muito bem conseguidos que me fazem pensar porque raio é que bandas estrangeiras muito inferiores em todos os aspectos têm por cá muito mais sucesso. Mas essa é a história do costume.

Quem enviou as respostas em nome dos X-Wife foi o baixista Fernando Sousa. Aqui estão elas:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta: Dedicação/Talento/Sorte.


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta: Todos, depende da pessoa.


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta: Quando fazes mais pelo canal de televisão do que o canal por ti.


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta: Tens sucesso nos dois exemplos - Madredeus e Moonspell...


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta: Existem bandas bastante grandes em Portugal... mas no geral Portugal é um País pequeno.


6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta: Todos


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta: Com cada vez melhor música e melhores pessoas a trabalhar para a música.


8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta: Depende do tipo de músico que queres ser. Se estás apoiado numa editora sim.


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta: Bob Dylan - Bootleg series vol 5 - live 1975


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta: Ando a ouvir muitos artistas da Stax (editora).






sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Willkommen, Fräulein Sara!

Tenho o dever, o prazer e até, quiçá, a honra de informar a comunidade melómana que por aqui "pulula", que o nosso amigo Emigras "amais" a sua esposa acabam de adicionar a este mundo a futura amiga Sara.

Não vou divulgar a foto da festejada, obviamente, que essas coisas pertencem ao "privativo" da família, mas posso garantir, pelas primeiras impressões, que promete boa apresentação pela vida fora.

Assim sendo, porque há que festejar de uma qualquer maneira, porque o nome o sugere e para os pais se irem preparando para o que os espera lá mais para diante (e também porque gosto muito desta música e nestas coisas sou bastante oportunista), aqui fica a canção que o senhor Dylan dedicou à sua própria Sara, há mais de trinta anos.

Sim, eu sei, ofereço esta canção a todas as Saras. Todas? Não, só às que merecem!


"Sara"
Artista: Bob Dylan
Álbum: Desire

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Na "Dois"


Imagem: www.rtp.pt

Vai para o ar todos os dias por volta da meia-noite.

Chama-se Os Sons do Tempo e é um programa onde António Victorino d'Almeida vai dizendo da sua experiência de vida, das suas memórias e dos contextos onde as coisa se foram passando, ora sentado a uma secretária, ora "fazendo das suas" ao piano.

As capacidades de comunicador do Maestro sempre foram evidentes mas eu tenho cá para mim que ele funciona muito melhor "a solo". Já era assim há mais de trinta anos, é assim ainda hoje.

Quero ver se não perco nenhum (parece que ainda faltam mais oito).


Pequena "entrevista" #15... Rui Azul

O Rui Azul já ainda por aí há muito tempo e já tocou com meio mundo, tanto cá como nas incursões que tem feito pelo estrangeiro. Tem, de momento, vários projectos em andamento, entre música a solo e com a Minneman Blues Band, os colectivos Rui Azul Index ou Azul, Ferro e Cenoura, ou outros mais didácticos como a "História do Jazz & Blues". Pelo meio ainda toca com os amigos. Por exemplo, sempre que pode, lá vai dar uns sopros com o pessoal dos Trabalhadores do Comércio.

Aqui no Mug Music, o Rui Azul já é um amigo quase dos primórdios e não se nega a uma opinião, principalmente quando o assunto é música. E cá para mim, que sou suspeito, é uma opinião que não dispenso. Gente que diz o que pensa sem "papas na língua" tem sempre lugar por aqui.

Ora "faxavor" de ler:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta:
- Uma gigantesca dose de sorte.

2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta:
1º:ouvir (sempre)
2º:tocar
3º:tocar
4º:tocar com o que se está a ouvir
5º:tocar com outros
6º:tocar até que os dedos sejam capazes de reproduzir o que o cérebro imagina sem sequer pensarmos na execução técnica
7º:tocar mais e melhor
8º:cinco minutos de descanso
9º:voltar a tocar, seus preguiçosos molengas!


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta:
- Quando lá arranjas um amigo (ou um amigo que tenha lá VÁRIOS amigos - em postos-chave de decisão, de preferência...)

4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta:
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
(nem sempre: o Demis Roussos era grego, por exemplo...)


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta:
- todas elas e muitas mais...

6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta:
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo
e
- da falta de auto-estima dos portugueses (excepto no que respeita à selecção nacional de futebol)


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta:
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras, com uma fiscalização efectiva sobre o cumprimento da lei da rádio. Impondo taxas sobre os cachets exorbitantes pagos aos estrangeiros que cá actuam, montantes que reverterão para apoio à promoção, produção, divulgação da música nacional.

- Com mais salas para concertos - não diria propriamente "salas para concertos", tipo Rivolis, Coliseus, e similares, mas legislar para disponibilizar apoios, facilidade no processo de licenças e autorizações, cooperação real e eficaz entre entidades municipais (e outras) e bares-concerto, clubes de música (jazz, blues, hiphop, rock, world, etc...), em todas capitais de distrito e povoações com ausência de vida e hábitos culturais, e muitas outras acções (continua na próxima oportunidade...)



8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta:
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta:
- Frank Zappa - Strictly Genteel


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta:
- Louis Jordan (cantor, saxofonista e bandleader - anos 30)

-----------
Os canais de tv foram, desde os anos 80, os principais responsáveis pelo mau-gosto musical reinante a nível planetário. Não cumprem um papel vital, o de educar, formar o gosto e criar hábitos de consumo cultural. Em países como Portugal, onde o cidadão médio (onde incluo autarcas, engenheiros, gestores e mesmo jornalistas - tenho provas...) em 85% dos casos, desconhece o nome dos instrumentos da orquestra (a partir da imagem) e em 99% dos casos, é incapaz de distinguir uns dos outros (a partir do som de cada instrumento), a situação é confrangedora. São senhores Doutores, mas são culturalmente analfabetos...
I rest my case.

Rui Azul - saxofonista e compositor







quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Can You Understand?



Conseguem entender?

Para dizer a verdade, não sei o que é que esta música tem de especial. Só sei que pegávamos no disco, punhamos aquilo a tocar no máximo (dentro do audível, claro) e abanávamos o capacete por ali fora, numa mistura de dança com uma espécie extertores catatónicos... e o que se "tripava" com isto. Drogas para quê?

Muitas vezes já nem ouvíamos o resto da música (sim, que isto é só a primeira parte). Ou voltávamos ao princípio ou partíamos para outra do género. Festas de garagem? Nem isso. Bastava o quarto de alguém, um canto qualquer ou as traseiras de um pavilhão e qualquer coisa que tocasse música.

E a verdade é que isto é igual do princípio ao fim. Não consigo imaginar que este bocado de música prendesse o pessoal novo de hoje. Mas, que raio, eu continuo a abanar o capacete à grande sempre que ouço isto.


"Can You Understand" (parte 1)
Artista: Rnaissance
Álbum: Ashes Are Burning



segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pequena "entrevista" #14... Trabalhadores do Comércio

Se houver alguém neste país, com idade para ter juízo, que diga que nunca ouviu os Trabalhadores do Comércio é, seguramente, porque não tem juízo para a idade que tem.
Por outro lado, há muita gente que julga conhecer os Trabalhadores do Comércio mas nunca os ouviu com a atenção necessária para entender que, por trás do humor corrosivo e do "espalhafato cénico" inerente à banda, há grandes músicos. Do melhor que tem o Rock feito em Portugal. E se não acreditam em mim, basta tirarem um tempinho para ouvir com atenção (e mente aberta) o último disco "Iblussom".

A entrevista dos Trabalhadores foi uma das que andaram perdidas pelos confins do MySpace. Foi enviada no dia 5 de Outubro mas só cá chegou muito depois disso. Posso pois confirmar que a resposta 6, que parece hoje fora de tempo, é na verdade bastante premonitória. O Sérgio Castro, amigo do Mug Music já há uns tempos (até já cá "postou" um belo artigo, entre outras participações), fez o favor de reenviar o escrito:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta: Espírito suicida, talvez, mas a 5ª resposta também faz parte do carácter do animal. Os cursos de marketing e de modelo têm realmente feito milagres nos tempos que correm e o de Inglês faria jeito a mais que muitos.


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta:Pela minha experiência pessoal ou de proximidade, todas menos a primeira resposta são opções válidas. Como o próprio nome indica, "conservar" é reagir contra a evolução. Nós apostamos mais na "Iblussom".


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta: Nunca, principalmente se considerarmos que a única estação que (até este ano) pagou cachés, pagava em 2008 rigorosamente o mesmo que em 1980 (posso documentar a minha afirmação). É sabido que certos programas de produção externa, tipo "Gato Fedorento" pagaram bem por eventos tipo "Dizem que é uma espécie de Reveillon".


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta: Eu diria que qualquer das 4 primeira hipóteses é, pelo menos, discutível. Mas havia que analisar em profundidade uma boa parte dos casos.


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta: O sucesso, entendido como algo efémero, mas embriagador para alguns, pode ser medido desde vários pontos de vista e até com várias escalas de valores. Num país como Portugal, esta complexidade vê-se ainda mais agravada pela própria cultura e mentalidade da imensa maioria da população. Seria uma discussão para um foro. Fica a proposta.


6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta: Penso que é, em boa parte, dos media que, surpreendentemente "empregam" play-listers que não entendem Português, para além de não entender de música. Mas o principal problema, creio, é que, tal como nas restantes actividades da sociedade em que (sobre)vivemos, o marketing e os tipos que o controlam, os "opinion-makers", subornados a peso de ouro pelos que têm que manter o status e os investimentos dos accionistas dos media, têm como únicas referências válidas os picos de audiência e os "targets".
Lamentavelmente, estou convencido que o mesmo "Restform" furado que é a base sustentadora dos grandes bancos hipotecários, que enchem as manchetes da informação nos dias que correm, é provavelmente o que iremos encontrar, muito em breve, a suportar outras indústrias e outras economias, que julgávamos fortes e inabaláveis. E quando o colapso acontecer, vamos perceber que vivemos numa sociedade "virtual", que como quase toda a tecnologia que a serve, depende apenas da rotura de um dos elos da cadeia, para se desmoronar, qual efeito dominó. É aí quando os Senegaleses e outros povos migradores vão ter saudades de casa.



7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta: Talvez as 3ª e 4ª respostas sejam a chave do assunto, mas já agora, e aproveitando que mencionas a ASAE, podia ser uma ideia obrigar os seus membros e os de outras forças da "ordem" a encher salas de concerto e a ficar até ao final (à paisana). Aí estava um verdadeiro serviço social e provavelmente uma "tarefa" para que estariam melhor preparados.

8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta: Se falarmos em termos exclusivamente portugueses, com raríssimas excepções, nunca os discos deram dinheiro aos artistas. Basta entender que um disco de platina representa 20 mil cópias vendidas, contra o milhão de discos da indústria americana. Não nos salvam as proporções. As editoras, essas sim perdem, mas porque não fizeram o "trabalho de casa" no momento adequado e, pior ainda, não traduziram os baixos custos de produção do CD face aos de um vinil, no preço final ao consumidor. Se a isto lhe somares um IVA disparatado, fruto da falta de respeito oficial pelo património cultural que é a música e a crescente adaptação das novas gerações à miséria sónica e visual que é a compressão dos codecs (mpeg2, mp3, etc), convenhamos que o futuro não promete e sacar música da net está assegurado.


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta: Mr. Bungle, não se pode dizer que seja o mais actual, mas é fantástico e o DVD "Shine a light" do Scorsese sobre os Rolling Stones. Tanto eu como o João Medicis, passamos a ser fãs incondicionais dos Stones desde que "entramos" no universo destes gajos pela mão do Martin. Era o empurrão que nos tinha faltado até hoje. Bem haja.


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta: Peixe:Avião



Em relação ao MugMusic e a ideia de agitar, penso que são Blogs como este, Portugal Rebelde, Canal Maldito ou Banco de Ensaio, para nomear alguns dos que me vêm à cabeça assim de repente, que podem promover uma discussão sã e independente dos vários pontos de vista possíveis sobre assuntos que, afinal, nos interessam a todos quantos acreditamos que "Music is the best".

um abrassu

Sergio Castro
(Trabalhadores do Comércio)








É claro que esta última parte não não é resposta a nenhuma das perguntas directas que fiz, mas o Sérgio achou que tinha de ser dito e eu, neste caso mero veículo da voz dos artistas (gaba-te cesta), só tenho de o publicar.


Grandes "lá fora"

Mariza no David Letterman Show




Música para pasmar americanos!


(Acompanhada por três grandes músicos)


domingo, 2 de novembro de 2008

MySpace temperamental...

Pois, estas coisas nunca funcionam como deviam (americanices...)

Fiquei a saber, nos últimos dias, que não recebi algumas das entrevistas já respondidas que me foram enviadas por vários músicos/bandas. Trata-se, obviamente de um qualquer "bug" que existe no MySpace que, ou não passa mensagens a partir de um certo tamanho (e não tem aviso nenhum a esse respeito), ou tem problemas com o "time out" quando se leva mais tempo a responder, ou "o raio que o parta". O certo é que já se perderam umas tantas pelo caminho e as pessoas não estão para voltar a responder, facto que eu compreendo perfeitamente.

Assim, se receberam um pedido de entrevista, responderam e enviaram mas não receberam confirmação de que ela cá chegou, é porque se perdeu pelo caminho. Se ainda a tiverem guardada por aí ou quiserem voltar a responder, agradeço que a copiem para uma mensagem de mail normal e a enviem para o endereço muguele@gmail.com

Como se diz nas televisões, "Pedimos desculpa pelo incómodo, causado por problemas técnicos aos quais somos completamente alheios". E obrigado por tudo.

... Ou será um boicote dos americanos ao desenvolvimento da Música Portuguesa?


sábado, 1 de novembro de 2008

Pequena "entrevista" #13... Slimmy

Slimmy tem base em Londres mas é do Porto e parece que nos últimos tempos tem andado mesmo mais por cá.

O álbum Beatsound Loverboy saíu em 2007 e foi um dos poucos que mereceu alguma divulgação nas rádios e na MTV. Slimmy conseguiu mesmo a proeza de ter uma música a tocar na série CSI (sim, que aquilo não é só The Who). E porquê? Certamente (acho eu) não pelos lindos olhos do Paulo Fernandes (verdadeiro nome de Slimmy). É que a música tem mesmo qualidade.

Sim, é verdade, este Pop/Rock/Electro/Tecno não é bem o tipo de música que eu costumo ouvir mas tenho de dizer, por ser verdade, que não consigo encontrar nada na música de Slimmy que não esteja bem feito e destaco o grande poder ritmico e a sabedoria na utilização da tecnologia. Mesmo apesar da grande componente electrónica, as canções nunca perdem a percentagem necessária de "gut" (como dizem os Camones") que a torna orgânica, ao contrário de muita "música de plástico" que por aí ouvimos. Em síntese, se é verdade que há aqui muitas raízes dos "oitentas", não é menos verdade que Slimmy está muito bem instalado no novo século. Quem gosta de música forte, bem feita e com grande serventia para "abanar capacetes" não perca.

E o Slimmy também fez o favor de responder às minhas perguntinhas. É o que se pode ler a seguir:


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta: Uma grande força de vontade e amor à causa


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta: Fazermos a nossa própria "cena" e aprendermos por nos próprios depois de visionar muitos concertos, claro.


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta: LOL, Não sei qual delas, a TV quase que não paga nada a ninguém... lá fora seria depois da edição do primeiro disco.


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta: Atracção pelo exótico pois esses músicos são única e exclusivamente artistas de world music, não há artistas pop rock a cantar em português com sucesso lá fora, não concordo muito com a afirmação desta pergunta.


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta: A 2ª e a 5ª respostas são coerentes, no entanto é muito drástico dizer que nem uns nem outros têm sucesso


6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta: Da falta de cultura musical dos portugueses, no sentido de viver mais intensamente a musica como acontece noutros países, da culpa do governo pela falta de investimento na musica e um pouco também pela falta de atenção de alguns media ao que de bom se faz por aqui, prestando toda a atenção ao que vem de fora.


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta: Eu sou um musico trabalhador, por isso não me posso queixar de crise ou falta de visibilidade, cada um tem que encontrar a sua própria solução para a sua sobrevivência neste meio que não é nada fácil... mais salas de concertos davam jeito também…


8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta: Se não podes com eles, junta-te a eles, a net leva pessoas aos concertos e a venda de discos já há muito que não é meio de subsistência para os músicos mas sim influente para as editoras, que assim estão muito mais preocupadas do que propriamente os músicos


9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta: Midnight Juggernauts - Dystopia


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta: The Whip, Ping Pong Bitches, Little Boots





Sondagem 1 - resultados

Sondagem:
Concordas com a divulgação de músicas neste blogue?

- Sim, conhecem-se coisas novas. (12 votos - 66%)
- Sim, recordam-se coisas antigas. (1 voto - 5%)
- Não, é uma violação dos direitos de autor. (1 voto - 5%)
- Não. É massacrante. (3 votos - 16%)
- Não sei. Não funciona no meu computador. (0 votos - 0%)
- É-me indiferente. (1 voto - 5%)
- Música? Qual música? (0 votos - 0%)


Se eu acreditasse na fiabilidade destas sondagens (pois se não acredito nas outras...) diria que dois terços dos leitores do blogue querem continuar a ouvir música quando aqui entram.

Na verdade, a única conclusão segura que consigo tirar daqui é que só houve 18 votos e nada me garante que tenham sido de pessoas diferentes. Fico-me portanto com a informação dos comentários do "post" respectivo. E como os que são contra não se dignaram a comentar, ficamos como estamos. Como estamos, mas não como estávamos.

Passei a ter 10 músicas a tocar em vez de uma. Nada mau como resultado, hein?

Quanto aos que acham que é massacrante, desta vez não vos faço a vontade mas sempre informo que, se tocarem naquele botão do "toca-músicas" que tem os dois tracinhos verticais, a música pára. É o melhor que se pode arranjar... (eu sei que a vontade das maiorias é sempre injusta para as minorias mas pronto, só tenho este blogue e já me dá muito trabalhinho).