Agenda de concertos (carregar no evento para mais informação)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Que sorte!

Depois de um fim-de-semana algo atribulado, finalmente arranjei tempo e disposição de vos vir contar o que andei a fazer na passada Sexta-feira.

Foi assim, num daqueles repentes que às vezes me dão. E se eu fosse ao Olga ver o Gil?
E fui. Sozinho, que de vez em quando faz-me falta, lá me meti no chassito e rumei a Sintra, onde rapidamente fiz questão de me perder no meio da multidão (não sem antes encontrar gente que não via há mais de 20 anos - o pessoal dos Olivais é terrivel, aparece em todo o lado...).

Até podia ter ido a outro sítio, talvez outro concerto, mas era mesmo este que me apetecia. Já tinha ouvido algumas músicas do novo disco que me tinham deixado curioso e curioso estava também em relação ao tratamento que levariam as coisas mais antigas. Os convidados também prometiam: bons cantores, todos eles. A qualidade parecia assegurada.

E estava.
Da nova banda do João Gil praticamente só se pode dizer bem. Tudo gente nova, bons executantes, onde se salienta, pela qualidade e pela presença, o Ruben Alves. Onde João Gil se assume como mestre de cerimónias, Ruben trata de manter a banda no ponto (pelo menos é a ideia que fica) qual maestro sem batuta mas de olhar sempre bem apontado. Uma palavra também para o Artur Costa, companheiro de décadas, com tanto de contenção como de acerto. Na minha opinião, tão bem como o melhor que lhe vi durante a existência do Trovante. Quanto ao vocalista João Campos, o rapaz tem piada, canta bem sem ter uma grande voz, está muito bem até nas músicas herdadas do Luís Represas mas falta-lhe um bocadinho a noção de limite. Tudo bem que a "monição" não estava boa mas não era preciso tanto protesto e não lhe ficou nada bem a fúria de atirar com o "aparelho" pelo palco fora. Afinal até havia som de palco e o rapaz fez a coisa toda sem desafinar. Enfim, coisas da juventude. Quanto aos outros músicos, a boa prestação dispensa mais comentários. Gostei mesmo da banda. Muito boa onda.

O alinhamento andou entre as coisas novas e as que eu estava à espera de ouvir. O que aconteceu foi que as surpresas estiveram mais nas que eu estava à espera do que nas novas, que apareceram muito perto do que está no disco. Ouvir "Perigo", "Saudade", "Loucos de Lisboa" ou "Fim do Mundo" cantados por João Campos, "125 Azul" por Sara Tavares e Shout, tudo com novos arranjos dá uma nova forma às canções "despegando-as" de vozes marcantes como as de Represas ou Nuno Guerreiro e entregando-as ao som da banda de Gil. Houve coesão no som, boa disposição (O Gil estava mesmo muito feliz) e vários momentos brilhantes: Ricardo Ribeiro é mesmo bom (grande voz e boas piadas), os Shout estão melhores do que nunca e Sara Tavares, para além do seu "bom feeling" (um dos momentos altos) continua a ter uma voz que arrepia os cabelos da nuca (se puderem, ouçam-na cantar o "Perdidamente" - no caso com o Ricardo Ribeiro - é coisa que não se esquece).

Se faltou alguma adesão do público? Talvez o João esperasse mais mas havia muita música nova e a maior parte da assistência já não estava propriamente em idade de pular e gritar. Era mais uma de "cantar afinadinho". Enfim, coisas de "cota".

Vim de lá muito bem disposto.

Só no dia a seguir senti falta do "Lisboa".


"Lisboa"
Artista: Trovante
Álbum: Baile no Bosque



Sem comentários: