Agenda de concertos (carregar no evento para mais informação)

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Para desmoralizar os bifes

Já sabemos que o Billy Bragg é um crítico da Inglaterra de hoje.
Não sabemos se o rapaz gosta de bola nem se está pela Inglaterra mas podemos aproveitar o que ele escreveu em nosso proveito (como se tivesse algum efeito).


"Take Down the Union Jack"
Billy Bragg & The Blokes
England, Half English



sábado, 24 de junho de 2006

Um poema "encapotado" do Verde

Ora aqui está a contribuição do Verde para esta "tertúlia musico-literária".
é sempre bom ter umas entradas mais elevadas intelectualmente. Dá estilo!

Reza então assim:

Aceitando o desafio do Belche, acerca de poemas encapotados, aqui vai o último da minha lista dos meus cinco preferidos:

O Rui Veloso e o Carlos Tê são dos melhores a juntar boas letras e boas músicas.

Alguns êxitos que todos conhecem - para se ganhar pé:

‘Roendo uma falésia na laranja’ – o gozo do T a juntar palavras que são ideias que são sentimentos, sem ter de pagar por isso. Grande exercício.

‘porto sentido’ – belo poema de amor do T à sua cidade, mistura de ternura, saudade, grandeza e tristeza. Dá a profundidade, nunca antes descortinada, ao sentimento portista de resistência ao centralismo lisboeta.

‘valsinha das medalhas’ - sarcasmo supremo sobre as distinções com que um país ‘mofado’ premeia aos seus filhos mais ‘dilectos’. Tom de conversa de cervejaria em dia de Portugal-Angola (1-0, claro!).

‘ a origem do mal’ – gozo delirante sobre a ‘moralidade’ vigente. O Adão e a Eva no palácio de cristal, com a fruta à mistura.

‘beirã’ – sinto o cheiro daquelas ervas todas quando ouço esta música - será a minha metade de beirão?

‘sei de uma camponesa’ – conto pastoral, à moda do ‘puaorto’ carago!! A gaitinha de bêços é de um engraxate da Baoavista, onde o Belâoso costumava parar.

‘saiu para a rua’ – o problema da violência doméstica tratado com luvas de pelica.
- fora de brincadeiras, há aí alguém que não se tenha detido pelas patetices do T?

‘balada da fiandeira’ – o lirismo do T a querer ser hiper-realista. É uma das que ouço às escondidas, não vão querer meter-me numa série do canal 2.

‘bairro do oriente’ – fumar umas coisas nunca fez mal a ninguém, e às vezes até dá grandes letras. E é estupenda a versão dos Clã, para o álbum comemorativo dos 25 anos.

‘o cavaleiro andante’ – ‘... sempre que a rádio diga, que a américa roubou a lua...’, tão delicioso numa canção romântica como ‘as garrafas de óleo boiando vazias nas ondas da manhã’ do rui rainadinho.....

Outros que menos gente conhece, mas que me dizem mais;

‘guardador de margens’ – o T e o RV com os pés bem assentes no chão, nas margens do rio do seu explosivo sucesso inicial. Promessa da muito boa música a suceder.

‘a ilha’ – o T de certeza também leu Fernandinho, ‘.... com os areais entendidos contra a cegueira do mar...

‘a gente não lê’–o retracto do meu avô, de sacho na mão, pela câmara implacável do T

‘afurada’ e ‘bucólica’ – o danado do hiper-realismo outra vez a arrepiar.

Etc...

_____________________________________

Mas em relação a estes dois há algo mais a salientar.

Um dos poucos e talvez o melhor ‘concept album’ feito em português – o famigerado ‘Auto da Pimenta’, de 1991.

Feito por encomenda para a esquecida (ao contrário da música) ‘comissão para a comemoração dos 500 anos dos descobrimentos’ (alguém sabe o que foi? Eu não vos digo porque há muito decidi esquecer). A encomenda devia ter valido 50.000 contos, mas ao que contavam as notícias da altura, não foram pagos. Devem ter sido ‘derretidos’ em BMWs, e outras mordomias das que pagamos aos chulos que nos (se) vão governando.

O T e o R aplicaram-se (estranha forma de patriotismo – sem bandeiras nas janelas, nem imprecações contra o Chocolari!!). São poucas as músicas menos boas do disco, e as letras são quase todas exemplares.

O T nunca deve ter feito tanta investigação, escrito com tanta objectividade e enquadramento, e mesmo assim - porque não é fácil escrever sobre um tema proposto, e ainda por cima tão fora da realidade presente (será?) – com tanta qualidade e quantidade.

Cada uma das músicas é por si só uma história, alicerçada em documentos e relatos da época. Os músicos são também do melhor (Mário Barreiros, Manuel Paulo, ...). As minhas escolhas são:

A descoberta dos Açores em ‘S. Miguel’

O relato da ‘política’ de povoamento de novas terras da época em ‘Lançado’

O bambolear náutico da ‘Canção de marinhar’

O abandono sublime do ‘Cruzeiro do Sul’

A tristeza pura da ‘Praia das lágrimas’

A ironia mordaz das ‘Trovas Vicentinas’

O rescrever da nau catarineta do ‘País do Gelo’

O melhor poema do T à lusofonia, ajudado pela paixão esforçada do Rui (fazendo esquecer de vez o ‘negro do rádio de pilhas’), em ‘ Nativa’

E o melhor ‘slow’ alguma vez escrito pela dupla, genial no sentimento de alienação, no escapismo assumido e aconchegado e na complexidade psicológica – todos gostaríamos de nos ‘esquecer de nós’ um pouco, embora não de vez - mas poucos teriam a coragem intelectual de o reconhecer (é preciso ser-se activo e correr junto com a manada, mesmo que somente para chegar mais depressa a lugar nenhum) –
em

‘ Logo que passe a Monção’

‘... deixem-me ficar deitado
a ouvir a chuva a cair
que ainda estou acordado
só tenho a alma a dormir...!’

com a despedida mais assassina que já foi escrita para uma balada:

‘... também eu me vou sem morrer...!


A razão da minha escolha tem a ver com o seguinte:

É relativamente fácil descrever as emoções que retractam qualquer época – a raiva à injustiça (e/ou à crueldade), o desamparo pela falta de uma sociedade justa, o desejo de qualquer forma de conciliação com a realidade que nos rodeia, ou qualquer outra coisa mais pessoal e redundante (não interessa muito - no fundo, somos todos a mesma merda!). Difícil, é reduzir numa letra para uma música de poucos minutos a trama que nos leva a ‘desistir’ do mundo ‘real’ e, finalmente a encontrar aconchego com nós próprios num mundo feito à nossa medida.

A todos os doutores, catedráticos, líderes, e ‘fazedores de opinião’ que nos entram casa dentro via TV (ou, se formos mais ‘alerta´, ‘olhos dentro’ pelo que lemos), não ouvi ou li um único que dissesse esta simples e enterrada verdade: toda a medíocridade, mesquinhez e apagonçamento de que sofre este pequeno e quase ignorável país tem causa primeira nos que nos governam, e na falta de responsabilização dos mesmos.

(... a famigerada ‘alternância democrática’. Não é irónico pensar que a democracia – figura maior das conquistas ocidentais – possa acabar no ‘alterne’...?)

O país reflecte, como nos idos de 500, os seus líderes.

Esta conversa começou com o ‘Ai Portugal’ do Jorge, e eu adicionei-lhe a ‘Mensagem’ do Fernandinho.

Eu acho, que conjuntamente com essas duas referências, este poema ‘encapotado’ define o Portugal de hoje. Um país em que, a falta de crença nos que nos deveriam fazer crer (o Zé povinho é parvo mas não é estúpido), alicerdada em anos e anos e anos (....) de ´areia para os olhos’ - adicionada ao enterro dos grandes ideais do séc XX (ideológicos, religiosos, filosóficos, éticos, ....) por falta de ‘aplicação prática’ – levam os cidadãos a entrar numa espécie de ‘salve-se quem puder’ pessoal.

‘Quero que o mundo se lixe porque não vale a pena – desde que eu possa continuar a viver a minha fábula (vida) à minha maneira.’

‘Não há remédio para sempre a mesma merda, nada do que me dizem os ‘gurus’ já faz algum sentido. E eu já não sou guerreiro de nada, a não ser de mim.’

‘...num banco de névoas calmas
quero ficar enterrado...’

‘...ópio, bendito ópio,
minhas feridas mitiguei...’

‘...numa névoa me tornei...’

(aqui, recomendo a leitura do último poema da ‘Mensagem’, de novo...)


Bom, esperemos que os habituais visitantes tenham tempo para ler esta missiva. Mas o Verde é assim. Caladinho, caladinho, nas quando começa nunca mais pára.
Tal como já tinha avisado, não tenho as músicas todas e não tenho precisamente o "Auto da Pimenta".
De qualquer maneira, se eu não arranjar a música entretanto, acho que todos se lembram do "Logo que passe a monção".

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Give it a chance...




Acompanhando alguns dos 589 programas de televisão dedicados ao Mundial de Futebol e ouvindo algumas das respostas que o "povo" vai dando às perguntas dos jornalistas, tenho notado um pequeno facto escondido que vai passando despercebido (talvez por conveniência) aos nossos competentes profissionais de informação.

Quando interrogados sobre as expectativas que têm em relação à participação da sua selecção no campeonato, portugueses e angolanos posicionam-se em planos diferentes: os portugueses querem a vitória e a maior parte dos angolanos está feliz com a participação e os dois empates conseguidos.

Falta de ambição dos angolanos?
Olhem que não!

Enquanto os portugueses procuram a vitória como prova de excelência e supremacia em algo, qualquer coisa que seja, para mascarar a depressão como se isso resolvesse algum problema do país (resolve ao governo, que durante uns tempos fica aliviado de pressão social), muitos angolanos vêem a sua participação como resultado do fim da guerra no seu país.

Na verdade, eles não querem ganhar. Basta-lhes saber que a vida está a voltar ao normal. A ida ao Mundial é, para eles, sinal de paz.

É pena que, para alemães e polacos, por exemplo, seja sinal de guerra!


Como banda sonora, fica aqui a fantástica (para mim, claro) versão dos Clã para esta canção do Lennon.


"Give Peace a Chance"
Artista: Clã
Álbum: Luso Qualquer Coisa

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Chegou o Verão!




"Eu gosto é do Verão"
Artista: A Fúria do Açucar
Álbum: O Maravilhoso Mundo do Acrílico

Pois sim... mas à sombra!

Novas entradas na base de dados



ALO - Animal Liberation Orchestra - Fly Between Falls
Calexico - Garden Ruin
José Peixoto com Maria João - Pele
Mário Laginha - Canções e Fugas

Ok, já os tenho há mais de um mês mas isto anda mau de finanças.
Valem todos a pena, cada um na sua classe, mas para mim o melhor dos quatro é, sem dúvida, o do Mário Laginha.


segunda-feira, 19 de junho de 2006

Jazz (e afins) esta semana

- Ter. 20 Jun -

Lisboa:

Auditório da Companhia de Seguros Lusitânia - 19:00 - Mário Laginha, solo

- Sex. 23 Jun -

Porto:

Hot Five, Jazz & Blues Club - 00:00 - Rui Azul Index: A SAGA DOS BLUES - das worksongs e gospel ao hip-hop (Rui Azul, Alexis Rodriguez, David Lacerda)

Torre de Moncorvo:

Auditório Municipal - 21:30 - Mário Laginha e Bernardo Sassetti

- Sab. 24 Jun -

Porto:

Hot Five, Jazz & Blues Club - 00:00 - Rui Azul Index: A SAGA DOS BLUES - das worksongs e gospel ao hip-hop (Rui Azul, Alexis Rodriguez, David Lacerda)

- Dom. 25 Jun -

Lisboa:

Maxime - 23:00 - Laurent Filipe "Ode for Chet" - LF (trp, voz), Nelson Cascais (ctb), Alexandre Frazão (bat), Bruno Santos (g), Guto Lucena (s), Filipe Melo (p)

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Blogues amigos (3)



Mais um para visitarem, este do "Jorge Costa" (ainda demorou um tempito a perceber quem era o dono deste "nick"), chama-se Sons de Música e vale bem umas visitas.

Um poema "encapotado" do Belche

Dando o exemplo daquilo que propôs, o Belche pôs este ali nos comentários (de alguma maneira eu calculava que estavas a falar deste):

Uma das da vida:

O Lado Errado da Noite
(Jorge Palma)


Santa Apolónia arrotava magotes de gente
do seu pobre ventre inchado, sujo e decadente
quando Amélia desceu da carruagem dura e pegajosa
com o coração danificado e a cabeça em polvorosa
na mala o frasco de 'Bien-Etre' mal vedado
e o caderno dos desabafos todo ensopado
Amélia apresentava todos os sintomas de quem se dirige
ao lado errado da noite

Para trás ficaram uma mãe chorosa e um pai embriagado
o pequeno poço dos desejos todo envenenado
a nódoa do bagaço naquela farda republicana
que a queria levar prá cama todos os fins de semana
e o distinto patrão daquela maldita fundição
a quem era muito mais difícil dizer não
Amélia transportava todas as visões de quem se dirige
ao lado errado da noite

Amélia encontrou Toni numa velha leitaria
entre as bolas de Berlim com creme e o sol que arrefecia
e ele falou-lhe de um presente bom e de um futuro emocionante
e escondeu-lhe tudo o que pudesse parecer decepcionante
mais tarde, no quarto da pensão, chamou-lhe sua mulher
seria ele a orientar o negócio de aluguer
Toni tinha todas as qualidades para ser um rei
no lado errado da noite

Jonas está agarrado ao seu saxofone
a namorada deu-lhe com os pés pelo telefone
e ele encontrou inspiração numa notícia de jornal
acerca de uma mulher que foi levada a tribunal
por ter assassinado uma criança recém-nascida
e o juiz era um homem que prezava muito a vida
e a pena foi agravada por tudo se ter passado
no lado errado da noite


Este poema insere-se numa espécie de hiper-realismo, porque não está escondida em metáforas a história que se pretende contar. No fundo, as palavras escolhidas são ainda mais cruas que a realidade (ex: seria o Toni a orientar o negócio de aluguer, ou o assassinato da criança recém-nascida). O resultado final, que poderia ser absolutamente patético ou de mau gosto, acaba por ser um poema com uma força imensa e que entra no ouvido logo na primeira leitura.

A história é simples: Na primeira e segunda estrofe descreve-se a chegada à cidade e o típico passado de uma candidata a delinquente. Na terceira estrofe, o encontro com o "chulo". Na quarta, está subentendido a gravidez indesejada, o infanticídio e o agravamento da pena, porque o juiz, representante da comunidade, preza muito a "vida", sem obviamente atender às circunstâncias inconscientes que levam uma pessoa a praticar determinado acto.

E já agora, amigo Palma, se nos estiveres a ler, estás à vontade para dizer que não é nada disto. Porque esta de comentar poetas vivos, traz sempre alguns riscos...


(Belche, 14-06-2006)

Por acaso até tenho cá a música mas, se mais alguém quiser participar com um "encapotado" da vida é melhor mandar por mail, juntamente com a musiquita, para o mail que está no meu perfil.


"O Lado Errado da Noite"
Artista: Jorge Palma
Álbum: O Lado Errado da Noite






segunda-feira, 12 de junho de 2006

Nem "Borrow" / "Tomorrow", nem "Sexta-Feira" / "Albufeira" / "Bebedeira"

A propósito de considerações do verde sobre as influências de Fernando Pessoa na letra da música do post anterior, escreveu o "Álvaro de Campelche" o seguinte:

Não competindo obviamente com a mestria de um FP, importa dizer que há muitos bons poemas disfarçados na música pop/rock. Sucede que, sendo a música uma arte mais à flor-da-pele, tende-se normalmente a não ligar muito ao poema.
A esse propóstio, lanço aqui um desafio aos co-blogueiros, na linha das 10 ou 20 músicas das nossas vidas, para uma lista dos 5 poemas "encapotados" das nossas vidas. Neste caso, como o poema tem normalmente um pouco menos de abstracção do que a música (embora o poema seja também em muitos casos apenas um encadeamento estético das palavras), convido a que os "postistas" façam uma apreciação pessoal ao poema. Exemplo: aquela célebre canção "Vamos á lá plaia, ó, ó, ó, ó", o comentador poderia dizer algo do género: "aqui o autor revela uma grande vontade de ir à praia". Seria sem dúvida interessante. Ou não.

Pois, é capaz de ser uma boa ideia.
Não é que as coisas "das nossas vidas" nos venham à cabeça assim de repente mas, como já vimos, da nossa vida acabam por ser um monte delas.

Lendo o comentário, passando pelos poemas "encapotados" e pelo "encadeamento estético de palavras", imediatamente me veio este à cabeça.
Fica aqui, para começar, este exemplo de como o mais simples e circular encadeamento de palavras consegue "desencapotar" um poema.

Sim, porque o tamanho nem sempre conta!


"Parto sem dor"
Artista: Sérgio Godinho
Álbum: Campolide


Parto Sem Dor
(Sérgio Godinho)

E agora eu vou-me embora
e embora a dor
não queira ir já embora
agora eu vou-me embora
e parto sem dor

E parto dentro de momentos
apesar de haver momentos
em que dentro a dor
não parte sem dor

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Ai Portugal, Portugal!




Os portugueses passam a maior parte do tempo a dizer mal de Portugal, toda a gente sabe isso!
Compra-se o produto estrangeiro porque é melhor ou mais barato; fala-se mal dos políticos, dos artistas, dos médicos, dos advogados, dos juízes, dos comerciantes, dos industriais, dos patrões, do povo e da própria maneira de se ser português; cusca-se tudo o que é revista de tricas mas as boas famílias são as reais do estrangeiro; fala-se da defesa da música portuguesa mas acha-se mal que os músicos portugueses ganhem dinheiro. Por falar em dinheiro, acha-se escandaloso os que ganham os jogadores de futebol e... e joga a selecção!

É a loucura! Ele é bandeiras à janela, nos automóveis, na secretária lá no trabalho. Ele é gritar "Portugal! Portugal! Portugal!" desde que haja uma câmara ou microfone nas redondezas... até ao jogo. Porque se perdem voltam a ser os chulos do costume. Pois!

O que é que faz uma pessoa correr o país todo para vir fazer uma "bandeira humana"? O que é que faz um português delirar ao ver o baterista dos Red Hot Chili Peppers com a camisola da selecção ou a Anastacia com a bandeira enrolada na cintura? Porque é que os entrevistadores perguntam sempre aos músicos estrangeiros o que acham do público português como se fosse possível algum dizer mal e deixar de vender uns discos? Porque é que uma multidão se junta atrás de um autocarro de jogadores de futebol e faz figuras tão tristes ao ponto de agir como se um aperto de mão, uma foto ou um autógrafo fossem uma benção de um Deus?

Patriotismo?
Não me lixem!

O que se passa é que Portugal acredita tão pouco em si próprio que precisa de caricias permanentes no ego. O que se passa é que os portugueses passaram a ser "media-dependentes" e vão a tudo o que os fizer aparecer na televisão. O que se passa é que somos tão crédulos e ingénuos como invejosos e intriguistas.

O que se passa é o que sempre se passou, afinal: sebastianismo e carneirada. Sem tirar nem pôr!

Eu gosto de futebol, gosto de ver a selecção, e o Mundial é só futebol. Nada mais do que isso.
Com calminha e pés no chão, pode ser?
Obrigado!


"Portugal, Portugal"
Artista: Jorge Palma
Álbum: Acto Contínuo


Portugal, Portugal

Tiveste gente de muita coragem,
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impôr a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

sábado, 3 de junho de 2006

Novas leituras

Há blogs novos aí na secção da direita.

Como de costume, uns são sobre música e outros de gente que eu conheço. Destes ainda faltam alguns que, por versarem assuntos mais privados, só publicarei o link se os próprios autores o solicitarem. Outros ainda, apesar de publicados ficam sujeitos à condição de se portarem melhor do que no passado e não arranjarem guerrinhas online que lhes estraguem as amizades (tu sabes de quem é que eu estou a falar, certo?).

Dêem uma olhadela!

sexta-feira, 2 de junho de 2006

É uma "cena cool"!




Estou aqui a ver o Santana na Sic Radical tocando no Rock in Rio!

Ok, todos sabemos que o homem anda a tocar o mesmo solo há quase quarenta anos. Todos gozamos com isso, até o Zappa com a sua "homenagem" "Variations On The Carlos Santana Secret Chord Progression" (o nome era quase maior do que a música).

A verdade é que, depois deste tempo todo, os concertos de Santana ainda são bons e o povo farta-se de abanar o capacete. Claro que as melhores são as antigas, que as novas são para "pagar os melões".
Faccioso, eu? Pois, é que aqui quem escreve sou eu. Contraditório é na caixinha dos comentários.

É que o homem tem um ar tão "bacano" e diverte-se tanto que não se resiste!
Como não abanar, 37 anos depois de Woodstock, ao som de Soul Sacrifice?
Pois eu não sei, e pelos vistos o Sting também não!
É uma "cena cool", não há dúvida!

Chega-lhe, Devadip!

Ganda maluco! (...ou não)

A quem acha que me conhece bem...

...And he never shows his feelings

But the fool on the hill
Sees the sun going down
And the eyes in his head
See the world spinning around.


"The fool on the hill"
Artista: The Beatles
Álbum: The Magical Mistery Tour

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Perguntas simples...

- Porque é que são as bandas estrangeiras a fechar os dias de festival quando são as portuguesas que dão os melhores concertos?

Vão-me dizer que o concerto dos "Guns" foi melhor do que o dos Xutos?

E quem são os Soulfly, os Within Temptation (..sss) e os Korn para fazerem os Moonspell tocar antes de anoitecer?