Agenda de concertos (carregar no evento para mais informação)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Regressos...



Porque é que as crianças têm tanta dificuldade em deixar de acreditar no Pai Natal? E porque é que, depois de crescidos, sabendo que em pequenos foram enganados, voltam a contar a mesma história aos filhos, mesmo tendo a certeza que, mais cedo ou mais tarde, eles vão acabar por desmascarar a mentira?

Porque é que a música, em termos de revivalismo, funciona em ciclos de cerca de vinte anos? Não será porque os "radilaistas", ao chegarem à idade em que têm um certo "peso" opinativo (meados dos "trintas") conseguem finalmente passar a música que ouviam na adolescência?

Pois é, acontece a todos. A mim, por exemplo, aconteceu ter tomado contacto (já cerca de dez anos fora de tempo) com as músicas (e sonhos utópicos) dos finais dos anos sessenta, por volta dos meus dezasseis, dezassete anos, altura em que comecei a interessar-me menos pelos progressivos (embora continuando a gostar) e mergulhei na descoberta da música desses tempos, que me tinha passado ao lado, não só por ser muito novo na altura, mas também porque, por razões políticas e de mentalidade (políticas, portanto), a difusão desse tipo de música na rádio era rara em FM e praticamente inexistente em Onda Média, que era o que o rádio lá de casa apanhava (sim, um rádio com FM era um luxo, em princípios dos anos 70). Por outro lado, a aquisição das novas "liberdades de adolescente" concedeu-me a capacidade de ver (quase) tudo o que era filme musical que passasse nas salas de Lisboa (ele foi Woodstock, Hair, A Última Valsa, Seconds Out, etc.). Por tudo isto (e mais alguma coisa que, obviamente, não vou contar), acabei por, durante uns tempos, acreditar que a música tinha como que o poder de ser solução para tudo, de acabar com todos os males, não só os meus próprios, mas os do mundo todo (então se tinha acabado com uma guerra...).

Com o tempo percebi que não era bem assim que as coisas funcionavam mas, de vez em quando, lá me deixo levar por umas recaídas (tipo um guizo de rena para quem em tempos acreditou no Pai Natal) que, para além de serem inofensivas para os que me rodeiam, me fazem muito bem a mim. Pois aqui fica, do tempo em que o John Savage fazia mais do que andar atrás da Jessica Alba e o Treat Williams ainda não era um crurgião retirado numa aldeia e com filhos problemáticos:



"The Flesh Failures (Let The Sunshine In)"
Artista: Vários
Álbum: Hair (BSO)



PS: O video está aqui

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O regresso de... RiR no meu sofá

Estava eu ali a ler os comentários (mais propriamente aquele do "bah") quando me veio à ideia que, se achei por bem comentar as "vistas" do meu sofá em relação ao primeiro episódio do Rock in Rio Lisboa 2008, não seria má ideia partilhar um pouco do que me ficou do segundo (é assim como aquelas séries americanas de catástrofes em dois episódios que dão na tv - ontem e anteontem lá deu outra na TVI, maravilhosamente má!) e último. Não será tão mau como as séries mas... é um festival, com tudo o que isso tem de detestável e ainda mais aquele lema hipócrita que, a haver um pouco de vergonha, deveria ser: "Para um mundo melhor: o dos nossos patrocinadores".


Quinta-feira:

Moonspell

Vi o concerto quase todo e, considerando a injustiça de os fazerem tocar de dia quando esse lugar deveria caber aos Machine Head, até gostei. Os Moonspell provaram a "rodagem" que já têm ao trocar a "escuridão" típica do rock gótico pela festa para os fãs quase em versão estádio de futebol. Sabe-se que o Fernando Ribeiro não tem uma voz de excepção mas o que não se pode negar é o jeito que tem para conduzir um concerto. Moonspell em versão diurna é diferente, é arriscado. Podiam ter ficado a dormir nos caixões mas sairam. E ganharam a tarde.

Apocalyptica

Jantar fora é um alto valor que põe qualquer programa de tv em espera. Parece que os rapazes altos e louros se portaram bem. Calculo que sim, não sei, mas o bife estava óptimo.

Machine Head

O que foi aquilo???
Aquilo é que são os tão falados Machine Head?
Como é que estes tipos tocam depois dos Moonspell?
O vocalista, para além dos urros, cada vez que tentou cantar (ou qualquer coisa...) fê-lo fora de tom. Mas seria que no meio daquela algazarra havia um tom?
Ouvi três músicas e mudei de canal, pronto!

Metallica

O concerto estava ganho à partida e os Metallica aproveitaram. Esta sim, sabe-se que é uma boa banda, que sabe trabalhar com o público e que não precisa de "mariquices" (o fogo faz parte, não é?), um pouco à imagem das grandes bandas de Hard Rock. E na verdade, gavetas à parte, o que os Metallica são é... uma grande banda de Hard-Rock (essas quinhentas categorias "qualquer-coisa-metal" a mim não me dizem nada).


Sexta-feira:


Orichas

Não vi e se pudesse... não via!

Kaiser Chiefs

Parece-me que os KC são uma daquelas bandas que conseguem incendiar uma sala de espectáculos. Em festival, ou a energia do vocalista safa a coisa ou perdem o público, ainda mais tocando de dia. Pois no caso, distribuindo muito bem os "hits" (os "alternativos" têm hits?) pelo alinhamento do concerto e aproveitando a vontade de pular do público, o bom do Ricky Wilson entregou-se à luta e chegou ao fim do concerto acabadinho... mas satisfeito (e o público parece que também). Eu? Acho-lhes uma certa piada. Se vivesse em Londres ia vê-los à Brixton. Sem dúvida.

Muse

Mus(icalment)e foi o melhor que passou pelo palco neste dia (no caso noite). Não é que eu goste muito da música dos Muse (não desgosto mas não ligo muito), mas dá gosto ver uma banda que toca mesmo bem mesmo a sério. O Zé Pedro (dos Xutos) dizia-se no fim fascinado com o som que três pessoas conseguiam, se calhar porque eram quatro (e o senhor das teclas e dos botões não tem um papel nada "menor"), mas também porque o senhor Bellamy toca guitarra que se desunha (pronto, houve ali uns exageros mas festival... é festival) e canta muito. Infelizmente aquele tipo de voz cansa-me bastante e a atenção começa a dispersar um pouco. De resto, em palco a banda está como que envolta numa espécie de "nevoeiro de luzes" e poderia dizer-se que foi a que "mais longe" esteve do público. Puro engano. É assim que a coisa funciona e o público demonstrou-o em coro e num mar de braços, talvez a parte mais bonita de toda a noite.

The Offspring

Os Offspring são giros e têm muitos fãs em Portugal mas para mim, e devo dizer que isso me surpreendeu, a coisa funciona melhor em disco. Enfim, foi o único concerto que vi, posso estar enganado, mas pareceu-me que não basta a "bacanice" do Noodles para fazer a festa. O vocalista Dexter parece em baixo de forma e o palco parece grande demais para a banda, mas isso pode ter sido o efeito "post-Muse". Mais uma vez fica um alerta para se ter mais cuidado na sequência de entrada das bandas em palco.

Linkin Park

Sinceramente, não vejo nada nestes tipos e o "privilégio" de fechar o RiR só se justifica mesmo pelo número de discos que vendem (vendem?) em Portugal. A música é secante, sempre igual, o vocalista que canta (?) desafina que se farta e os músicos nem tocam por aí além. Enfim, parecem-me uma espécie de "Tokio Hotel para a geração seguinte". Ali tudo é estudado, tudo é demasiado encenado e a "atitude" não "cola". Confirma-se. Não gosto!


No fim, comprova-se: último dia esgotado.
A vida está dificil? Está pois, a julgar pelo dinheiro que se gasta em entradas para festivais em que o pricipal ganho é... um dia sem pensar na vida.

sábado, 14 de junho de 2008

O autocarro que escapou ao bloqueio




Alguém (uma agência de publicidade qualquer) teve a ideia de fazer um anúncio da Galp em que um magote de gente empurra o autocarro da selecção ao som de uma música do Bob Dylan.

Pois este anúncio pode ter vários significados:

1- Vá, esfolem-se lá a trabalhar todo o ano para nós irmos à Suiça passar uns dias no "bem bom".

2- Tal como o Bob Dylan a tocar harmónica e piano, com mais ou menos dificuldade em acertar nas notas e com os acordes mais ou menos fora, lá chegaremos ao fim da canção.

3- Se querem chegar à Suiça o melhor é empurrarem, que com o preço a que vamos pôr os combustíveis, ou há dinheiro para a gasolina ou para os prémios dos jogadores, nunca para as duas coisas.

4- Se se puserem todos a empurrar do lado de trás, não fica ninguém para fazer o bloqueio do lado da frente.

Entretanto não sei se alguém já mostrou isto ao próprio Dylan ou se lhe pediram autorização mas, se o fizeram, imagino a resposta:

-What the fuck??!!!
(entretanto voltou a adormecer e o agente autorizou depois de saber que a Galp tem a gasolina mais cara da Europa)

Inspirando-se nos acontecimentos dos últimos dias, alguém (que não a mesma agência de publicidade) fez esta versão alternativa: http://www.youtube.com/watch?v=qJjQ4uE1R6k


"Paths of Victory"
Artista: Bob Dylan
Álbum: The Bootleg Series - Vols. 1-3 (Rare & Unreleased) 1961-1991



domingo, 8 de junho de 2008

Video do mês / Versões (20)

É verdade. Não sou grande adepto da música dos The Killers. Estou um bocado farto daquele tipo de arranjos em crescendo até ao ponto de "esganiçamento".

Também já aqui falei do jeitinho do David Fonseca para fazer versões. Junte-se essa aptidão com uma maneira diferente de abordar a música dos The Killers e a maluquice das sessões acústicas da Radar FM e temos o Video do Mês de Junho. Eu acho que está melhor do que o original. Mais opiniões?



Já agora, o original está aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=Ch3hppFG3UQ

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O video do fim-de-semana

Viram em directo?
Não?
Então gastem aí sete minutinhos, que vale mesmo a pena (pena? Qual pena?)





(Não, ela não saiu em grande velocidade. Foi só buscar as flores para a canção seguinte)


RiR no meu sofá

Avesso como sou a "festivais de Verão" e vendo-me "obrigado" a comparecer este ano a um desses malafadados "certames" de convívio quase extra-musical, claro que, tendo a possibilidade de ver alguns concertos na tranquilidade do meu sofá sem ser espezinhado, encharcado com cervejola e incomodado pela gritaria de quem está a marcar lugar para um concerto e se borrifa para os anteriores não deixando ninguém ouvir coisa nenhuma, resolvi passar parte do meu fim-de-semana a ver os concertos do Rock in Rio, tanto os que me interessavam musicalmente como os que, por uma ou outra razão, me despertavam alguma curiosidade.

Assim sendo, aqui ficam algumas impressões que me foram ficando na ideia:


Sexta-feira:

Ivete Sangalo

Vi a parte final e em meia dúzia de minutos acabei por ficar cansado, não por sambar com a baiana mas de a ver aos saltos por ali fora. A música não me diz nada mas não há dúvida que o profissionalismo e a energia da senhora impressionam bastante. É verdade que o recinto estava cheio de brasileiros mas nota-se que há uma excelente relação entre Ivete e o público português e reconheço que um pouco de alegria faz sempre bem. Se por cá não há que chegue, pois que venha de fora.

Amy Winehouse

Pois se a Ivete é um exemplo de profissionalismo, esta menina é o exacto oposto da brasileira. Parece que alguns "artistas" se esquecem facilmente de quem lhes dá de comer. Não sou apologista da da submissão dos músicos aos gostos e caprichos do público mas parece-me que pelo menos respeito e um pouco de trabalho é o minimo que se pode exigir aos artistas quando se paga um balúrdio para os ver. Por mim e por enquanto estou vacinado quanto a esta senhora. Ela que venha e que volte mas, enquanto o "expectável" for "isto", não leva nem um cêntimo do meu bolso.

Lenny Kravitz

O senhor Kravitz não é de grandes "expansividades". Também ele um profissional, a música dele não me inspira por aí além, se bem que me agradem alguns dos "tiques setentistas" que ostenta aqui e ali. É verdade que o espaectáculo perde um pouco em emoção à conta da (talvez) timidez do senhor mas era capaz de jurar que, aqui e ali o bom do Lenny deixou que algum brilhozinho se escapasse por detrás dos óculos escuros. Será que vi bem?


Sábado:

Bon Jovi

Por razões da vida social (que isto dos blogues é só nos intervalos) só vi para aí metade do concerto do "Bom Jovem". A música está mais que vista, a atitude é a mesma, os músicos estão mais velhotes...
Sim, é verdade, a única coisa que me faz ver um concerto de Bon Jovi é... Richie Sambora. Com aquele ar de parolo a que nos habituou, o homem toca que se desunha e ainda consegue cantar melhor do que o "chefe". Tivesse ele mais "estilo"...
Trabalho bem feito mas pouco mais do que isso.


Domingo:

Docemania

Vi dois minutos e, horrorizado, mudei de canal.

Just Girls

Para banda de telenovela, até temos de dizer que as moças nem cantam assim tão mal. Mas aquelas músicas... não há pachorra. Enfim... desde que lhes paguem e elas trabalhem...

4Taste

Confirma-se: os meninos tocam pouco e cantam ainda menos. Não fosse a novela onde nasceram e ainda estariam numa qualquer garagem a fazer barulho e a ouvir ralhetes dos pais. Vê-los num festival só me faz pensar na injustiça que esta presença é para as bandas que andam na estrada há uma porrada de anos e se fartam de trabalhar. Ouvir aquele som "post-punk-teen-lavadinho" deu-me vontade de ver uma coisa mais a sério, daquelas que ainda se fazem por cá. Não desanimes, Ribas. ainda um dia alguém há-de pôr os Tara Perdida no lugar que merecem.

Xutos e Pontapés

Já há dois anos aqui tinha protestado o facto de os Xutos terem tocado antes dos "pseudo-Guns" quando na verdade tinham sido muito melhores. Eu sou assim, gosto de dizer coisas... mas francamente, o Xutos antes dos Tokio Hotel???
Sorte de quem lá foi que os rapazes não se impressionam com essas coisas e, mesmo tocando de dia, aproveitaram para pôr o Parque da Bela Vista em festa, fazendo com que os mais velhos se retirassem para jantar com um sorriso no olhar enquanto a camada pré-teen se entregava à adoração da depressão precoce. Haja Xutos por muitos anos que o pessoal precisa de dar uns pulos de vez em quando para abater a pancita.

Tokio Hotel

Começando por referir o facto de a "banda" (o agente, enfim) ter proibido a transmissão do concerto completo, coisa que não aconteceu com nenhum dos, de facto, grandes nomes que estiveram em Portugal este fim-de-semana, das duas uma: ou têm a mania que são qualquer coisa mais do que os outros, ou estavam a tentar esconder as evidentes insuficiências da jovem banda. Só para confirmar, andei hoje pelo "tubo" a ouvir as versões de estúdio e cheguei à mesma conclusão de ontem: o que se ouve ao vivo não é o que se ouve nos discos. Tenho até as minhas dúvidas quanto ao facto de serem eles a tocar muitas das partes instrumentais. Ao vivo a banda é pobre, tão pobre (ou mais ainda) como os 4Taste. O baixista não toca nada, o vocalista corta-se às notas altas, o guitarrista toca a direito e o baterista é o único que se aproveita, isto para não falar do imenso "nada" que as letras transmitem (essas devem ser mesmo feitas pelos meninos). Dito isto, o que é que isso interessa? Para o público que lá foi a intenção era vê-los em palco (isso: vê-los, não ouvi-los). Não é um fenómeno novo mas ainda não o consigo compreender, assim como o não entendi no tempo dos Beatles. Já nesse tempo a música interessava tão pouco ao público que a banda deixou de tocar ao vivo por não se conseguir ouvir a si própria em palco. Entrem os senhores psico-sociólogos, por favor.

Joss Stone

Do que vi, o melhor momento do fim-de-semana. Joss Stone deslumbrou e deslumbrou-se e não, não estou a falar da distribuição de flores no fim do concerto, pratica habitual nos concertos da inglesa. Grande voz, grandes músicos, grandes canções e grande entrega ao público, que acabou por corresponder muito mais do que eu estava à espera. Um grande concerto, o único em que tive pena de não ter estado.

Rod Stewart

De Rod Stewart não há muito a dizer. Há trinta e muitos anos que ouço dizer que o homem um dia perde a voz mas a verdade é que, aos 63 anos o escocês tem mais voz do que tinha aos 50 (não acreditam? Ouçam concertos antigos). De uma forma ou de outra, cante ele o que cantar entre as grandes malhas dos 70's, as foleiradas dos 80's e as versões mais recentes, o que fica dum concerto de Rod Stewart é um molho de sucessos, uma grande banda e uma enorme dose de boa disposição. Não há muitos assim depois dos sessenta (e dos poucos, alguns são amigos dele).


Depois desta pequena (pois, era para ser) crónica, apenas mais uma nota de mágoa para os critérios que regem a escolha das bandas para estes festivais, mais assentes em tabelas de popularidade e visibilidade mediática do que em qualidade estritamente musical... mas enfim, mesmo "Por um mundo melhor" a coisa é para dar lucro, pensavam o quê?