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segunda-feira, 12 de junho de 2006

Nem "Borrow" / "Tomorrow", nem "Sexta-Feira" / "Albufeira" / "Bebedeira"

A propósito de considerações do verde sobre as influências de Fernando Pessoa na letra da música do post anterior, escreveu o "Álvaro de Campelche" o seguinte:

Não competindo obviamente com a mestria de um FP, importa dizer que há muitos bons poemas disfarçados na música pop/rock. Sucede que, sendo a música uma arte mais à flor-da-pele, tende-se normalmente a não ligar muito ao poema.
A esse propóstio, lanço aqui um desafio aos co-blogueiros, na linha das 10 ou 20 músicas das nossas vidas, para uma lista dos 5 poemas "encapotados" das nossas vidas. Neste caso, como o poema tem normalmente um pouco menos de abstracção do que a música (embora o poema seja também em muitos casos apenas um encadeamento estético das palavras), convido a que os "postistas" façam uma apreciação pessoal ao poema. Exemplo: aquela célebre canção "Vamos á lá plaia, ó, ó, ó, ó", o comentador poderia dizer algo do género: "aqui o autor revela uma grande vontade de ir à praia". Seria sem dúvida interessante. Ou não.

Pois, é capaz de ser uma boa ideia.
Não é que as coisas "das nossas vidas" nos venham à cabeça assim de repente mas, como já vimos, da nossa vida acabam por ser um monte delas.

Lendo o comentário, passando pelos poemas "encapotados" e pelo "encadeamento estético de palavras", imediatamente me veio este à cabeça.
Fica aqui, para começar, este exemplo de como o mais simples e circular encadeamento de palavras consegue "desencapotar" um poema.

Sim, porque o tamanho nem sempre conta!


"Parto sem dor"
Artista: Sérgio Godinho
Álbum: Campolide


Parto Sem Dor
(Sérgio Godinho)

E agora eu vou-me embora
e embora a dor
não queira ir já embora
agora eu vou-me embora
e parto sem dor

E parto dentro de momentos
apesar de haver momentos
em que dentro a dor
não parte sem dor

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