Por volta dos 10 anos, miúdos sem qualquer vestígio de educação musical, a não ser aquela que vem dos discos que conseguem ouvir, passados por adultos ou nas felizes alturas em que lhes dão (davam) o controlo da máquina, não fazem a mínima ideia do que é o arranjo de uma canção, muito menos conhecem os efeitos da ação de um produtor no resultado final de uma obra discográfica.
Descobri, sem o saber, a qualidade do trabalho de produção do José Mário Branco no disco "Cantigas do Maio" de José Afonso. Um dos que se deviam ouvir baixo e de janela fechada. O disco que tinha o "Grândola Vila Morena", que impressionava pela imponência das vozes, só ultrapassada por um outro disco que lá havia em casa do meu avô, do coral do Exército Vermelho, que eu também gostava bastante de ouvir.
No entanto, para mim, era o disco que tinha pessoas a falar pelo meio, coros estranhos, que começava as canções duas vezes porque se enganavam da primeira vez mas, principalmente, era o disco que tinha a "Mulher da Erva".
Durante todos estes anos tenho ouvido várias versões desta canção, nunca nenhuma se chegou a esta versão original. Não sei mesmo se não será esta a melhor música de sempre da música popular em Portugal. Lá está, não as conheço todas. Mas das muitas que conheço...
#6. José Afonso - "Mulher da Erva"
(José Afonso)
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