Estava eu a olhar ali para a caixinha das radiações quando vi o anúncio que nos desafiava a votar nas canções candidatas ao festival RTP deste ano.
Esta agora! Então já não bastava a final e o eurofestival serem em televoto, agora ainda arranjaram uma votação do público na pré-selecção? Pensei cá para comigo que o pessoal da RTP não estava bem a ver no que se ía meter e, vai daí, fui lá ver o que se passava.
Eu só não adivinho coisas que dêem lucro. Quando lá cheguei, já estava a tenda armada. Desistências por despeito, suspeitas de favorecimento, votações supostamente fraudulentas, anulação de votos de modo arbitrário pela organização que geram desistências dos próprios concorrentes, pedidos de exclusão de músicas por, supostamente, não serem inéditas, isto para além das habituais dissertações sobre o que é uma "canção de festival" e dos também já costumeiros insultos a comentadores por terem... outra opinião. Quanto às músicas... não votei em nenhuma. Em 24!!!
É um facto que hoje em dia o Festival perdeu a importância que teve em tempos. Mas também é verdade que, nesses tempos de que se fala (anos 60 e 70) também não havia muito mais para ver e ouvir. Diz-se (e é verdade) que, nessa altura, passaram boas músicas pelo festival. Isto a passagem dos anos "lava" um bocado a coisa porque também houve muita música muito má a passar por aqueles palcos. E ponham má nisso.
Um dos festivais de que tenho mais memórias é o de 1975, até porque (modernices...) o meu pai o registou num gravador de bobines (uma maravilha da portabilidade com alguns dez quilos que ele usava no trabalho para gravar reuniões...) e ainda o ouvimos umas quantas vezes enquanto o aparelho funcionou. Sendo o primeiro pós-Abril, por alturas do 11 de Março e a caminho do "Verão Quente", aquilo foi, digamos assim, uma festa. Meteu Zé Mário a cantar uma já conhecida canção de luta (acho que da UDP), Jorge Palma e Fernando Girão, ambos com grandes "trunfas", um "Capitão de Abril" (que ganhou, pois claro) e os próprios autores das canções como juri. Um autêntico Festival do PREC!
E o que se curtiu a ouvir aquilo!
Bom, por muito de emoção e mesmo alguma boa música que por ali tenha passado (pelo menos diferente do que se tinha ouvido até então) hoje tenho de reconhecer que havia para ali coisas que, aos ouvidos de hoje, terão de se qualificar muito mázinhas. Eis um exemplo que costumo dar, esta que pode mesmo (não garanto, porque não conheço todas) ter sido a pior canção que o Sérgio godinho escreveu na vida, cantada no festival pelo Carlos Cavalheiro, vocalista dos Xarhanga:
E no entanto...
A boca do lobo continua a morder na nuca do povo!
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