sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Joy Division - curso intensivo
Segundo Anton Corbijn, o realizador do filme Control, uma biografia de Ian Curtis dos Joy Division, os actores que representam os papeis dos elementos da banda pediram para cantar eles próprios as canções que aparecem no filme, apesar de não serem músicos e alguns deles nunca terem mesmo pegado numa guitarra antes.
Apesar de ter dito que não seria possivel, o realizador viria a mudar de opinião depois de "a banda" ter passado cinco semanas a trabalhar em estúdio entre aprender a tocar os instrumentos e ensaiar as canções.
Não tendo sido revelado o programa do curso intensivo, atrevo-me a tentar adivinhar:
- 1ª semana: Aprender a tocar como os Joy Division.
- 2ª semana: Aprender as músicas dos Joy Division.
- 3ª, 4ª e 5ª semanas: Aprender a desafinar e a tocar mal, tão bem como os Joy Division.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Que é feito do direito à diferença?
Imagem: Blitz
Há uns tempos li uma notícia sobre o Cameraman Metálico (sim, esse, claro que o conheces) em que se dizia que o homem estava na falência e que vendia grande parte do material e até muito do acervo que foi juntando ao longo dos anos, a quem quisesse comprar. Aquilo pôs-me a pensar na imprensa muiscal portuguesa ou, mais propriamente, na inexistência da mesma. Afinal o meio musical potuguês é tão pequeno e insignificante que, além de não proporcionar uma carreira à maior parte dos músicos, consegue levar à miséria gente que passou uma vida inteira a tentar descobrir e documentar tudo o que havia para descobrir e documentar.
Hoje fiquei a saber que o António Sérgio foi afastado da Radio Comercial. Segundo rezam as notícias, o afastamento prende-se com cortes orçamentais e com o facto de o programa que fazia ("A Hora do Lobo", ultimamente chamado "Nas Horas") não se enquadrar no novo projecto da estação.
Quanto aos "novos projectos" das estações de rádio já temos conversado muito por aqui e já vimos (e ouvimos) a bosta que têm sido. Agora despedir um dos melhores profissionais de rádio do país, um homem que é, ainda hoje, um dos "radialistas" mais avançados no que respeita a pesquisa e divulgação de tudo o que é novo e tem qualidade (já para não falar no que fez pela música portuguesa em termos de edições de bandas novas - que o digam os Xutos) alegando "cortes orçamentais" só atesta a completa estupidez que reina nas cabeças dos "vendedores de fast-radio" que temos à frente das estações deste país.
Pessoalmente, só falei uma vez com o António Sérgio. Um dia, ouvindo o "Som da Frente", reparei, já para o fim do programa, numa banda com um som que me despertou a atenção mas do qual não tinha apanhado o nome no princípio da música. Por impulso telefonei para a rádio (naquele tempo tinha sempre o número à mão por causa dos passatempos) a perguntar quem eram. A pessoa que atendeu não sabia mas não se atrapalhou: "olha, fala com o António Sergio". Logo atendeu e me deu as informações que eu precisava: "Esses gajos chamam-se Pogues e também gosto muito deles. Não há é discos deles à venda cá. Tens de comprar de importação". Quando agradeci a informação e pedi desculpa pelo incómodo (sempre fui muito bem educado), ele respondeu-me qualquer coisa como "não incomodas nada, é para isso que cá estamos!"
Durante anos ouvi os programas do António Sergio (agora menos, por causa das horas para onde o exilaram e do patrão que não gosta que eu chegue tarde) e durante anos encontrei o Cameraman Metálico nos concertos. Já há tempos, comentando um blogue qualquer por aí, tinha falado das saudades que tenho de programas como o "Dois Pontos" ou o "Morrison Hotel". Até aqui ainda ía à Comercial quando me davam as saudades do "Som da Frente". Depois disto acho que vou tirar essa rádio das sintonias pré-definidas do rádio do meu carro.
O meio "musical" português continua a fazer vítimas. Nos últimos tempos tem tocado mesmo àqueles que mais têm feito por ele. Em todas as actividades há os que passam sem deixar marca (a maior parte) e uns poucos que se destacam pela diferença, nos casos presentes pela qualidade do trabalho que fazem. Como diriam os próprios Pogues, "Men You Don't Meet Every Day".
Na Radio Comercial perdeu-se o "direito à diferença". Que outros direitos estaremos ainda para perder?
"I'm A Man You Don't Meet Every Day"
Artista: The Pogues
Álbum: Rum, Sodomy & the Lash
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
2007 tem Prémio José Afonso
A Brigada Victor Jara venceu a edição deste ano do Prémio José Afonso, prémio "supostamente" anual atribuido pela Câmara Municipal da Amadora. E "supostamente" porquê? Porque não houve vencedor em 2006, alegadamente por falta de trabalhos de "mérito consonante com o prestígio do Prémio".
Na altura indignou-se a Associação José Afonso pela não atribuição, sim, mas principalmente pela mudança das regras de "acesso". Ou seja, para além da especificidade do prémio em si, que limita o acesso a trabalhos "que tenham como referência a Cultura e a História portuguesas, tal como a obra do autor de Grândola", a partir de 2006 em vez de serem jornalistas e um funcionário da Autarquia a elaborar a lista de nomeados como até aí, passaram a ser enviados convites para editoras que deveriam propôr trabalhos a concurso.
Pois é! Fiam-se na editoras e depois dá buraco.
Ao que parece, as editoras apresentaram nove discos a concurso mas o juri decidiu que nenhum reunia o tal "mérito....". Entretanto, extra-concurso (devido à tal mudança de regras), o referido funcionário que tinha essa incumbência nos anos anteriores tinha, antes de se aposentar, deixado uma lista de treze, dos quais só dois coincidiam. Ou seja, juntamente com os das editoras seriam vinte e, até se poderia dar o caso de algum ter "mérito consonante" para ganhar. Querem ver? Vejamos então as listas:
A das editoras:
"Apontamento" - Margarida Pinto
"Mulheres" - Vozes da Rádio
"Amores Imperfeitos" - Viviane
"Éramos Assim" - Boite Zuleika
"Groovin´on monster`s eye-balls" - Hands on Approach
"Cacus" - José Peixoto e Carlos Zíngaro
"Coisas Simples" - Maria Léon
"Almadrava" - Marenostrum
"Cantes D´Álem Tejo" - Francisco Naia
A do ex-funcionário da Câmara Júlio Murraças:
"Almadrava" - Marenostrum
"Cantes D´Álem Tejo" - Francisco Naia
"Ulisses" – Cristina Branco
"Tributo a los laureados" – Fernando Tordo
"Filarmónica Gil" – Filarmónica Gil
"Modas i Anzonas" – Galandum Galundaina
"Ao vivo em Lisboa" – Joana Amendoeira
"Anjos da noite" – Jorge Vadio
"Tudo ou nada" – Kátia Guerreitro
"Faluas do Tejo" – Madredeus
"Diário" – Mafalda Arnaulth
"Transparente" – Mariza
"Obrigado" – Teresa Salgueiro
Fazendo contas à tal especificidade dos parâmetros do prémio, compreende-se que ele não seja atribuido a discos como os dos Hands on Approach, Viviane ou Boite Zuleika (poucas referências à Cultura e História portuguesas e à obra do Zeca), já na lista de baixo se conseguem descortinar trabalhos com essas características, alguns deles mesmo com referências de qualidade internacionais (como se as nacionais não chegassem...) que, diria eu, até tinham qualidade para ganhar um prémio de 5000 euritos da Câmara da Amadora (não desmerecendo, claro).
Quanto à Brigada, ainda não ouvi a "Ceia Louca" mas pelo que já li sobre o disco não tenho dúvidas de que preencherá facilmente os "requisitos". Parabéns à Brigada pelo prémio e mais os 30 anos de edições e desejos de juizinho às pessoas que têm neste país a missão de apoiar a música que por cá se faz. É que por vezes, de tanto "trabalhar para aquecer", os músicos devem acabar por se sentir "queimaditos". Ou não?
domingo, 16 de setembro de 2007
Anos 60 (II)
Como de costume, por gostar sempre que se saiba do que falo (e também para fazer um bocadinho de pressão à Radar, admito), aqui venho deixar uma pequena referência ao álbum de que falava aí em baixo, acompanhada por um "teaser" que fica aí a tocar durante uns dias.
Surrealistic Pillow foi o segundo álbum dos Jefferson Airplane e o primeiro com a voz de Grace Slick. Para resumir as coisas, depois de um primeiro disco mais orientado para o Folk-rock, este, de 1967, marca a entrada no "psicadelismo", transportando, juntamente com outras bandas como os Grateful Dead ou os Quicksilver Messenger Service, entre outras, toda uma geração para aquilo a que se chamou "Summer of Love" (ou a génese do "movimento hippie"). Este "movimento socio-artistico" (com alguma ingenuidade e muito "pseudismo" pelo meio, digo eu) viria a ser bastante produtivo em termos musicais e acabou por ter uma influência importante na musica rock, influência essa que acabou por sobreviver ao declínio do próprio "movimento social" (afinal as flores não tinham assim tanto poder e pode mesmo dizer-se que começaram a murchar antes do último dia do festival de Woodstock, em 1969 - mas isso é outro assunto).
Quanto aos Jefferson Airplane, acabaram por mudar bastante o estilo musical ao longo do tempo e gerar várias "encarnações" com as mais diversas formações (Jefferson Starship ou Starship - a pior de todas), para além de darem origem a diversas bandas a partir das várias "deserções" que foram sofrendo, como por exemplo os "acústicos" Hot Tuna (também há-de tocar aqui um destes dias) de Jack Casady e Jorma Kaukonen.
Deste álbum podia deixar aqui a tocar as músicas mais conhecidas como "White Rabbit", "Somebody to Love" ou "Plastic Fantastic Lover" mas preferi uma daquelas mais "escondidas". Torna a coisa mais interessante... digo eu!
"Comin' Back To Me"
Artista: Jefferson Airplane
Álbum: Surrealistic Pillow
Ah...! não, como devem ter reparado, não é a Grace Slick a cantar mas sim o Marty Balin, o outro vocalista da banda.
Coincidências...
Tenho de admitir que por vezes há coincidências que me surprendem.
Não, não vou aqui expôr as coincidências mais estranhas da minha vida. Isso queriam vocês e, provavelmente seria uma maneira de aumentar o número de visitantes (a vida dos outros é sempre muito mais interessante que a nossa, mesmo que seja uma grande seca, só porque... é a dos outros). Mas isto é um blogue de música por isso aqui fala-se de coincidências musicais.
Pois do que se trata é o seguinte: parece que cada disco que eu aqui venho dizer que quero mas não existe em CD, não passa mais de um ano e lá aparece a rodelita à venda. Ora vejamos:
- Em Março de 2005, falando da Banda do Casaco, lamentava o desaparecimento das "masters" das gravações de "Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos". Um ano e meio depois já o CD cá estava fora, graças às possibilidades das novas tecnologias. Este já cá roda em casa.
- No mesmo ano, em Setembro, vim aqui declarar que queria um certo disco ao vivo dos Lindisfarne, chamado Lindisfarne Live, reclamando do facto de os prórios não terem gostado do som do original e terem por isso decidido não o editar em CD. Um ano depois, "Lindisfarne Live" sai com o subtítulo "The Definitive Edition", não só com as canções do viníl original mas com todo o alinhamento do concerto, melhorado e realinhado. Custa à volta de 40 dólares na Amazon, por isso ainda não o consegui comprar.
- Por último, há cerca de um mês atrás escrevi aqui que me faltava um disco ao vivo do Leon Russell com os New Grass Revival mas que só tinha visto um exemplar em viníl e ainda não existia em CD. Aparentemente estou a ganhar eficácia pois hoje fiquei a saber que o tal "The Live Album" será editado a 30 de Outubro de 2007 e já se encontra em pré-encomenda na Amazon.
Ora bem, se a isto juntar o facto de hoje, minutos depois de ter recomendado o álbum "Surrealistic Pillow" dos Jefferson Airplane para ser um próximo "Álbum de Família" na rádio Radar, ter ouvido esta banda num filme que estava a passar na TV, depois de não os ouvir há uns anos em lado nenhum, sou levado a concluir que a minha capacidade "coincidencial" se encontra em nível elevado.
Assim sendo, se por acaso se der a coincidência de alguém me querer oferecer um destes discos em data breve, basta mandar-me um mail e eu terei todo o gosto em fornecer mais elementos sobre estas e outras coisas que gostava que coincidissem com as que já estão ali na estante.
Eu cá não sei, mas até acho que já ouvi alguém dizer que "As coincidências nunca acontecem por acaso"... ou então não ouvi - foi coincidência!
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Sucedâneando...
Na sequência das agressivas campanhas de marketing "alternativo" criador de "hypes" (ou seja lá o que for, como quer que se escreva) que se têm sucedido de há uns anos para cá, era de esperar que algum desses objectos de "alt-marketing" acabasse por vir parar cá a casa. Ofereceram-me há dias o último disco dos Interpol, "Our Love to Admire".
É claro que me agradou a oferta. Gosto de ter um pouco de tudo, até porque cada vez mais (talvez pressionado pela insistência dos "massacres radiofónicos" que nos proporcionam a nossas rádios de formato "play-list") gosto de variar a música que ouço. O disco até que nem é mau e tal mas...
À quinta canção descubro que a receita é adaptar um certo som entre os Bauhaus e os Sisters of Mercy (mais os primeiros, em todo o caso), direccionando-o a um certo "mercado" e, em consonância com os tempos, tratando de não extrapolar muito, não vá deixar de caber no público-alvo das rádios para que o produto foi pensado. Ou isto ou alguma dose de falta de imaginação.
Nunca fui grande adepto dos Bauhaus mas devo admitir que, seja por que lado lhes pegue, acabo por ver muito mais audácia, força e imaginação do que se consegue ouvir em qualquer das faixas deste disco "bonitinho", bem tocado (talvez melhor do que tocavam os "mentores") e muito bem "formatado".
Fiquei um bocado a pensar nesta coisa dos "mentores" e "seguidores", dos originais e seus sucedâneos e cheguei à conclusão óbvia: Os Interpol ouvem-se bem de vez em quando, os Bauhaus ouvem-se melhor do que há vinte e tal anos mas quem atirou a primeira pedrinha e sem medo nenhum foi mesmo o Bowie.
Ouçam Bowie de 1977 a 1980 (Low, Heroes, Lodger e Scary Monsters) e descubram onde tudo começou. Depois, se quiserem uma coisa mais inócua, com 30 anos de filtragem, que não estimula mas também não incomoda, têm este disco dos Interpol, pois então!
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Vamos lá animar isto
Ao (ou)ver como anda o panorama radiofónico cá da zona (já nem falo do país) têm-me dado uns ataques de nostalgia dos tempos em que a rádio se fazia de outra maneira.
Hoje fica aqui a tocar mais uma que faz parte da minha "Banda sonora" e que me foi dada a conhecer à saída do disco pelo Luís Filipe Barros no "Rock em Stock", programa "impossível" para os dias de hoje em que coexistiam, pacificamente e em sequência perfeitamente corente, AC/DC, Dire Straits, Police, Ramones, Led Zeppelin, Elvis Costello, Sex Pistols, Rui Veloso, Cheap Trick e Van Morrison (entre centenas de outros). Complicado? eu diria antes animado!
"Bright Side Of The Road"
Artista: Van Morrison
Álbum: Into the Music
Pub-utilidade
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Nationwide Mercury Prize
Depois dos Arctic Monkeys no ano passado, os vencedores deste ano foram os Klaxons!
Preparem-se para o massacre. Parece que foi descoberta a "Banda da Década" do próximo ano...
... ou não...
E já vem ensinado?
Segundo parece, o eBay tem à venda um piano que pertenceu a Bruce Springsteen entre 1977 e 1979 e no qual, segundo se diz, compôs muitas das músicas que foram editadas no álbum "The River".
O anúncio (no NME) especifica ainda que houve outros artistas de renome que chegaram a tocar o tal do pianito, nomes como Bob Dylan, Keith Richards ou Patti Smith (todos pianistas, como se pode ver...).
Da maneira como a coisa é anunciada, somos mesmo levados a acreditar que algum do talento terá passado por osmose para as teclas do piano (ou talvez para o certificado de autenticidade que vem junto com o instrumento). A licitação começa nos 10 000 dólares mas é bem capaz de valer uma carreira de milhões...
... se vier ensinado, claro!!!
O anúncio (no NME) especifica ainda que houve outros artistas de renome que chegaram a tocar o tal do pianito, nomes como Bob Dylan, Keith Richards ou Patti Smith (todos pianistas, como se pode ver...).
Da maneira como a coisa é anunciada, somos mesmo levados a acreditar que algum do talento terá passado por osmose para as teclas do piano (ou talvez para o certificado de autenticidade que vem junto com o instrumento). A licitação começa nos 10 000 dólares mas é bem capaz de valer uma carreira de milhões...
... se vier ensinado, claro!!!
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