terça-feira, 15 de agosto de 2006
As memórias de Aristides
Pois então, lá consegui comprar o tal livro do Aristides Duarte de que tinha falado há uns tempos (mais uma vez agradeço a simpatia das pessoas da CDGO). Chama-se "Memórias do Rock Português" e é exactamente disso que trata: memórias.
Tendo lido por aí algumas críticas ao livro, fui-me apercebendo de várias opiniões bem diferentes sobre ele, algumas mesmo muito más.
Agora que acabei de o ler e já tenho a minha opinião, acho que é tudo uma questão de abordagem, ou seja, quem olhar o livro como um ensaio exaustivo sobre a música dos últimos 50 anos de música "moderna" em Portugal tem, forçosamente, de ficar desiludido.
Se, pelo contrário, o lermos na exacta medida do que ele pretende ser, um livro de memórias em formato compilação de crónicas feitas para um jornal regional, sem apoios, sem editora, sem adiantamentos financeiros nem licenças sabáticas para pesquisa, então teremos de o considerar um contributo bastante válido, ainda mais por se aventurar num campo temático que, até hoje, pouco mais tem sido que um deserto.
"Memórias do Rock Português" não está, para um purista da língua (vulgo chato) como eu, muito bem escrito. Sofre de um mal muito comum no jornalismo português chamado "vírgulas - antes a mais do que a menos". Para além disso, o facto de ser uma compilação de crónicas que não foram tratadas e revistas ao serem introduzidas no livro, leva a algumas repetições de termos de umas para as outras. Ao fim de umas tantas, a coisa torna-se um tanto incomodativa, mas não mais do que isso. Enfim, males que podem facilmente ser corrigidos em edições futuras.
Quanto às críticas em relação à opção de falar ou não destas ou daquelas bandas, parece-me que a opção do autor foi a de se referir àquilo de que tinha conhecimento e à informação minimamente fidedigna que foi conseguindo reunir, o que para mim era a melhor (a única) opção a tomar.
Consegui detectar algumas pequenas falhas em datas ou nos tempos de algumas mudanças de formação de algumas bandas (alguns exemplos: para além da que o sérgio Castro já corrigiu na data de formação dos "Arte & Ofício", o facto de o José Bruno não pertencer à formação original dos Radar Kadafi ou o esquecimento do autor ao não referir a vitória dos Mler Ife Dada no 1º Concurso do RRV na biografia do grupo). De certeza que os próprios membros das bandas terão ocasião de corrigir esses pequenos erros e a próxima edição virá já corrigida e, se possível, aumentada.
Agadeço assim ao Aristides pela dedicação à causa e pelo trabalho desenvolvido. Este livro já é um grande contributo para quem quer saber "como tudo se passou" e espero que também ele o encare não como uma obra acabada mas como um excelente ponto de partida.
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