quinta-feira, 31 de agosto de 2006
Entretanto, na TV...
Enquanto não há programas capazes sobre música portuguesa, temos de nos contentar com os DVD's que a 2 nos mostra de vez em quando, normalmente ao Sábado, à hora de estar na má vida.
Desta vez trata-se de "No Direction Home", documentário sobre Dylan realizado por Martin Scorsese, que, para além daqueles filmes todos que o tornaram famoso, já tinha realizado "The Last Waltz", reportagem do concerto de despedida dos "The Band" (que depois se voltariam a juntar mas isso não interessa nada para aqui), documento essencial para quem viveu a absorver música durante os anos setenta.
Assim sendo, hoje às 23:10 e amanhã à 23:30 (não confiem muito nas horas), lá estarei em frente ao ecrã. É Dylan, é Scorsese, é capaz de valer a pena ("pena", é como quem diz...).
Entretanto fica aqui um Dylan de 1975 para ouvir. O homem desafina, ah pois é, mas eu gosto disto, que é que hei-de fazer?
"You're a Big Girl Now"
Artista: Bob Dylan
Álbum: Blood on the Tracks
Num perdaum uoje...
segunda-feira, 28 de agosto de 2006
Are you ready for Country?
Por alguma razão estranha, ou talvez não, há em Portugal um forte preconceito contra a chamada Country Music, Música da América (à Jaime Fernandes), talvez até mesmo por isso, por ser americana, por ser a expressão mais típica do "americanismo".
Pois será, ou tavez seja mais uma etiqueta que lhe pregaram, como a do "Portugal é uma província de Espanha".
É um facto que a grande maioria da música Country é má ou "corny" (em português, "pimba"), mas também há boa música Country, música Country que não é "pimba" e música Country com bastante piada. Descansem os fãs "alternativos" do Johnny Cash. O homem era "Country", sim senhor, mas nem tudo está perdido.
Hoje ficam aqui os Byrds a dedicar uma canção a um disc-jockey de uma rádio de Nashville que não passava os seus discos por achar que o Country-rock que a banda tocava era uma ameaça à "tradição musical americana". A letra é particularmente sarcástica e abrangente, de tal maneira que Joan Baez e Jeffrey Shurtleff a dedicaram, no festival de Woodstock, ao Governador da California (à data Ronald Reagan) em resposta ao recrutamento compulsivo de soldados para a Guerra do Vietname (não, não sei se já alguém a cantou ao GWB).
"Drug Store Truck Drivin' Man"
Artista: The Byrds
Álbum: Dr. Byrds & Mr. Hide
Sim, gosto de alguma música Country, não tanto dos estilos "tradicionais", mais de algumas das "evoluções" e "fusões" por ela geradas. Não me vou aqui alongar sobre os sub-tipos e derivações da Country Music mas garanto-vos que ela está na origem de muita da música "alternativa" que se ouve hoje em Portugal.
Que tal deixar de "condenar" música antes de a ouvir?
Já dizia a outra: "Não negue à partida uma ciência que desconhece".
Pois será, ou tavez seja mais uma etiqueta que lhe pregaram, como a do "Portugal é uma província de Espanha".
É um facto que a grande maioria da música Country é má ou "corny" (em português, "pimba"), mas também há boa música Country, música Country que não é "pimba" e música Country com bastante piada. Descansem os fãs "alternativos" do Johnny Cash. O homem era "Country", sim senhor, mas nem tudo está perdido.
Hoje ficam aqui os Byrds a dedicar uma canção a um disc-jockey de uma rádio de Nashville que não passava os seus discos por achar que o Country-rock que a banda tocava era uma ameaça à "tradição musical americana". A letra é particularmente sarcástica e abrangente, de tal maneira que Joan Baez e Jeffrey Shurtleff a dedicaram, no festival de Woodstock, ao Governador da California (à data Ronald Reagan) em resposta ao recrutamento compulsivo de soldados para a Guerra do Vietname (não, não sei se já alguém a cantou ao GWB).
"Drug Store Truck Drivin' Man"
Artista: The Byrds
Álbum: Dr. Byrds & Mr. Hide
Sim, gosto de alguma música Country, não tanto dos estilos "tradicionais", mais de algumas das "evoluções" e "fusões" por ela geradas. Não me vou aqui alongar sobre os sub-tipos e derivações da Country Music mas garanto-vos que ela está na origem de muita da música "alternativa" que se ouve hoje em Portugal.
Que tal deixar de "condenar" música antes de a ouvir?
Já dizia a outra: "Não negue à partida uma ciência que desconhece".
Os 30 piores álbuns de sempre???
Ainda na Blitz nº3, uma lista dos 30 piores álbuns de sempre, na opinião de Lia Pereira e Luís Guerra.
Nem vou aqui questionar o (discutível) conteúdo da lista apresentada. Quero apenas fazer-lhes uma "confidência":
- Meus caros, os 30 piores álbuns de sempre de certeza que nunca passaram pelos vossos ouvidinhos de críticos musicais.
Vá lá, agradeçam ao vosso patrão por vos poupar às coisas verdadeiramente más da vida e por vos pagar para fazerem coisas que não servem para nada a não ser ocupar espaço na revista.
(Seis páginas numa revista de música faziam tanto jeito aos músicos portugueses...)
Nem vou aqui questionar o (discutível) conteúdo da lista apresentada. Quero apenas fazer-lhes uma "confidência":
- Meus caros, os 30 piores álbuns de sempre de certeza que nunca passaram pelos vossos ouvidinhos de críticos musicais.
Vá lá, agradeçam ao vosso patrão por vos poupar às coisas verdadeiramente más da vida e por vos pagar para fazerem coisas que não servem para nada a não ser ocupar espaço na revista.
(Seis páginas numa revista de música faziam tanto jeito aos músicos portugueses...)
domingo, 27 de agosto de 2006
Diz-se cada coisa...
Na secção "Cartas+Mailes" da revista Blitz nº3 dei de caras com esta "pérola" da Filosofia Moderna escrita por um tal "ruimvg":
Penso que o acesso ilegal a obras de arte, sejam elas fonográficas, artes plásticas, cinematográficas ou outras, prejudica aquilo que entendemos por arte.(...)
Até aqui, o autor parece preocupado com as cópias ilegais das obras de arte e com o resultado que essa prática pode ter na actividade dos artistas. A afirmação que vem a seguir, explicando o que de facto o autor quer dizer com esta primeira, é que se revela espantosa e reveladora de um tipo de mentalidade cada vez mais comum neste país:
(...) Dado o acesso de cada vez mais pessoas à Arte, acabamos por não saber se uma grande obra é arte ou não. Isto numa altura em que cada vez aparecem mais artistas e bandas. Bandas ou artistas como os U2 ou Bruce Springsteen deixaram uma marca na história por terem beneficiado de algumas limitações no acesso às suas obras, o que não acontece agora.(...)
Este texto, só por si, não me despertaria qualquer tipo de atenção especial se não fosse o reflexo e a expressão de uma maneira de pensar tão comum em certos círculos da suposta juventude "alternativa" do país.
Ora então o rapaz não sabe se uma obra é Arte porque há muita gente a ter acesso a ela, ou seja, a Arte tem de ser validada e só pode ser reconhecida como tal quando é apenas conhecida por elites privilegiadas. São essas pessoas que decidem (segundo julgo compreender) o que é e não é Arte.
A partir do momento em que a obra passa para o domínio público, dificilmente poderá ser considerada Arte.
A seguir vem uma outra teoria extraordinária: uma em que, segundo o autor do texto, os artistas deixam a sua marca na história se o acesso às suas obras for limitado (às tais elites, suponho). Quer isto dizer portanto que, se Portugal tivesse, nos primeiros tempos de Springsteen ou U2, um mercado discográfico a funcionar correctamente, estes não ficariam na história da música. Isto porque, obviamente, nunca houve restrições no acesso à música destes artistas nos seus países de origem, nem sequer em nenhum dos países anglo-saxónicos.
Conclusão: A História da Arte Mundial depende da comunidade "pseudo-intelecto-alternativa" portuguesa e do que ela conseguir conservar longe do alcance da "populaça".
É bom viver num país onde até as maiores alarvidades podem ser escritas na imprensa. Se fosse obrigatório ser inteligente para se escrever em revistas (mesmo que apenas nas cartas dos leitores), que seria feito da Intelectualidade Portuguesa?
Viva a Liberdade e o treino de tolerância que nos proporciona!
(Se calhar por isso é que dizem que a falta de Liberdade é a principal causa das guerras).
Penso que o acesso ilegal a obras de arte, sejam elas fonográficas, artes plásticas, cinematográficas ou outras, prejudica aquilo que entendemos por arte.(...)
Até aqui, o autor parece preocupado com as cópias ilegais das obras de arte e com o resultado que essa prática pode ter na actividade dos artistas. A afirmação que vem a seguir, explicando o que de facto o autor quer dizer com esta primeira, é que se revela espantosa e reveladora de um tipo de mentalidade cada vez mais comum neste país:
(...) Dado o acesso de cada vez mais pessoas à Arte, acabamos por não saber se uma grande obra é arte ou não. Isto numa altura em que cada vez aparecem mais artistas e bandas. Bandas ou artistas como os U2 ou Bruce Springsteen deixaram uma marca na história por terem beneficiado de algumas limitações no acesso às suas obras, o que não acontece agora.(...)
Este texto, só por si, não me despertaria qualquer tipo de atenção especial se não fosse o reflexo e a expressão de uma maneira de pensar tão comum em certos círculos da suposta juventude "alternativa" do país.
Ora então o rapaz não sabe se uma obra é Arte porque há muita gente a ter acesso a ela, ou seja, a Arte tem de ser validada e só pode ser reconhecida como tal quando é apenas conhecida por elites privilegiadas. São essas pessoas que decidem (segundo julgo compreender) o que é e não é Arte.
A partir do momento em que a obra passa para o domínio público, dificilmente poderá ser considerada Arte.
A seguir vem uma outra teoria extraordinária: uma em que, segundo o autor do texto, os artistas deixam a sua marca na história se o acesso às suas obras for limitado (às tais elites, suponho). Quer isto dizer portanto que, se Portugal tivesse, nos primeiros tempos de Springsteen ou U2, um mercado discográfico a funcionar correctamente, estes não ficariam na história da música. Isto porque, obviamente, nunca houve restrições no acesso à música destes artistas nos seus países de origem, nem sequer em nenhum dos países anglo-saxónicos.
Conclusão: A História da Arte Mundial depende da comunidade "pseudo-intelecto-alternativa" portuguesa e do que ela conseguir conservar longe do alcance da "populaça".
É bom viver num país onde até as maiores alarvidades podem ser escritas na imprensa. Se fosse obrigatório ser inteligente para se escrever em revistas (mesmo que apenas nas cartas dos leitores), que seria feito da Intelectualidade Portuguesa?
Viva a Liberdade e o treino de tolerância que nos proporciona!
(Se calhar por isso é que dizem que a falta de Liberdade é a principal causa das guerras).
segunda-feira, 21 de agosto de 2006
Send 'em home!
Seeger e Springsteen em 1996
Foto: Point Blank Mag
Já lá vão quase 23 anos desde o concerto do Pete Seeger no Pavilhão dos Desportos (hoje Pavilhão Carlos Lopes), data memorável por variadas razões, que eu não vou contar, e mais uma que foi ver o Júlio Pereira a dar um bocadinho de "balanço" ao "velhote".
Nessa altura Seeger tinha já 64 anitos e "dava-lhe bem". Hoje em dia, já pelos 87, ainda canta para os amigos e faz uma ou outra aparição em público para marcar a sua posição em relação adiversos assuntos mas o seu activismo politico-musical há muito que esmoreceu.
Nos últimos tempos, especialmente desde o começo da guerra no Iraque, tem havido um acréscimo de actividade de movimentos anti-guerra nos Estados Unidos, trazendo algumas reminiscências dos movimentos Anti Guerra do Vietname nos anos 60, nos quais Pete Seeger era referência e para os quais compôs e gravou várias canções.
Não poderia, portanto, vir mais a propósito a edição este ano de "We Shall Overcome - The Seeger Sessions", disco em que Bruce Springsteen agarra o testemunho de Seeger e o transporta pelo mundo fora na forma de versões das canções do próprio Pete Seeger interpretadas por uma peculiar "Big Band" que, ao vivo, se tranforma numa festa sem tréguas do princípio ao fim do concerto (o Emigras sabe porque já viu). Eu cá sei porque vi na 2. Afinal, se procurarmos bem, ainda encontramos algo para ver na TV portuguesa (depois da meia-noite, claro).
Se hoje falta a voz a Pete Seeger, esse é um problema de que Springsteen ainda não sofre e é vê-lo a berrar canções de protesto como se não houvesse amanhã.
A quem o acusou de "Americanice exacerbada" por alturas de "Born in the USA", Bruce volta a mostrar que afinal bastava ler as letras das canções com alguma atenção.
A edição especial de "Seeger Sessions" traz uns videos e umas canções extra, entre as quais esta, que Seeger gravou em 1965 a propósito da guerra do Vietname (e mais recentemente, já adaptada ao Iraque, com a ajuda de Billy Bragg, Ani DiFranco e Steve Earle), chamada "Bring'Em Home". Esta versão foi gravada em Paris (não, não foi em Frankfurt) e, na minha opinião, está bastante melhor do que a de estúdio.
É verdade que os americanos têm uma estranha tendência para repetir várias vezes os mesmos erros mas também não é mentira que há por lá uns maduros que chateiam à brava sempre que os presidentes metem o pé na argola. Podem não conseguir grandes mudanças mas calar, também não se calam. Mais ainda o Springsteen. Quando é para berrar também berra bem!
"Bring 'Em Home"
Artista: Bruce Springsteen
(Ao vivo em Paris)
sexta-feira, 18 de agosto de 2006
Sátiro, o Gaiteiro!
Andava eu ali metido numa discussão sobre música e músicos portugueses, em que alguém "vociferava" sobre a falta de qualidade da nossa (de cá) música quando, finalmente, na estante da lojita aqui da terra, apareceu o disco novo dos Gaiteiros de Lisboa.
Assim o vi, assim o comprei, o trouxe para casa e me sentei a ouvir. Boa coisa, que logo me esqueci da discussão e me enfardei de riso ao pensar nas enormidades que algumas pessoas conseguem escrever (sim, eu sei que também há quem se ria das que eu escrevo).
Os Gaiteiros de Lisboa conseguem aquela coisa estranha e rara que é provocar a sensação de se estar hoje a ouvir música de ontem que se há-de fazer amanhã.
Pega-se na música "tradicional", em Chamarritas, Fados, "lenga-lengas", Saias e Gaitadas, cita-se Paredes, pisca-se o olho ao Atlântico e mais além, embrulha-se tudo em poemas "estrambólicos", instrumentos "cacofónicos", vozes "impantes", percussões "trambolhantes", arranjos "JoséMárioBranquianos" com berloques "BandaCasaquianos" e competência infalível, enfia-se uma quantidade generosa de beleza por ali dentro, "erudita-se" em viés, "enjazza-se" q.b. e entrega-se ao público na altura exacta em que ele precisa de se convencer que vive num país onde se faz música "muito à frente"! Eu cá gostava de saber fazer coisas assim.
Pronto. Adimito que haja quem não goste. Paciência! Eu também não gosto de gelado de chocolate, que diabo!
"O fim da picada"
Artista: Gaiteiros de Lisboa
Álbum: Sátiro
quarta-feira, 16 de agosto de 2006
Buscas...
Hoje apareceu aqui um "visitante" vindo do México e a braços com um grande berbicacho. Confesso que até tive um bocadinho de pena dele.
Que procurava?
"que tipo de musica toca frank zappa"
Boa sorte, pá!
Só tens mais de 70 discos para ouvir e olha, se chegares a alguma conclusão passa por aqui e partilha cá c'a gente!
Que procurava?
"que tipo de musica toca frank zappa"
Boa sorte, pá!
Só tens mais de 70 discos para ouvir e olha, se chegares a alguma conclusão passa por aqui e partilha cá c'a gente!
terça-feira, 15 de agosto de 2006
As memórias de Aristides
Pois então, lá consegui comprar o tal livro do Aristides Duarte de que tinha falado há uns tempos (mais uma vez agradeço a simpatia das pessoas da CDGO). Chama-se "Memórias do Rock Português" e é exactamente disso que trata: memórias.
Tendo lido por aí algumas críticas ao livro, fui-me apercebendo de várias opiniões bem diferentes sobre ele, algumas mesmo muito más.
Agora que acabei de o ler e já tenho a minha opinião, acho que é tudo uma questão de abordagem, ou seja, quem olhar o livro como um ensaio exaustivo sobre a música dos últimos 50 anos de música "moderna" em Portugal tem, forçosamente, de ficar desiludido.
Se, pelo contrário, o lermos na exacta medida do que ele pretende ser, um livro de memórias em formato compilação de crónicas feitas para um jornal regional, sem apoios, sem editora, sem adiantamentos financeiros nem licenças sabáticas para pesquisa, então teremos de o considerar um contributo bastante válido, ainda mais por se aventurar num campo temático que, até hoje, pouco mais tem sido que um deserto.
"Memórias do Rock Português" não está, para um purista da língua (vulgo chato) como eu, muito bem escrito. Sofre de um mal muito comum no jornalismo português chamado "vírgulas - antes a mais do que a menos". Para além disso, o facto de ser uma compilação de crónicas que não foram tratadas e revistas ao serem introduzidas no livro, leva a algumas repetições de termos de umas para as outras. Ao fim de umas tantas, a coisa torna-se um tanto incomodativa, mas não mais do que isso. Enfim, males que podem facilmente ser corrigidos em edições futuras.
Quanto às críticas em relação à opção de falar ou não destas ou daquelas bandas, parece-me que a opção do autor foi a de se referir àquilo de que tinha conhecimento e à informação minimamente fidedigna que foi conseguindo reunir, o que para mim era a melhor (a única) opção a tomar.
Consegui detectar algumas pequenas falhas em datas ou nos tempos de algumas mudanças de formação de algumas bandas (alguns exemplos: para além da que o sérgio Castro já corrigiu na data de formação dos "Arte & Ofício", o facto de o José Bruno não pertencer à formação original dos Radar Kadafi ou o esquecimento do autor ao não referir a vitória dos Mler Ife Dada no 1º Concurso do RRV na biografia do grupo). De certeza que os próprios membros das bandas terão ocasião de corrigir esses pequenos erros e a próxima edição virá já corrigida e, se possível, aumentada.
Agadeço assim ao Aristides pela dedicação à causa e pelo trabalho desenvolvido. Este livro já é um grande contributo para quem quer saber "como tudo se passou" e espero que também ele o encare não como uma obra acabada mas como um excelente ponto de partida.
domingo, 13 de agosto de 2006
Calor, porra!
Está calor!
Está muito calor!!
É um ambiente caracteristico de Portugal, no Verão. E os Sloppy Joe até veiculam a língua portuguesa.
No entanto, a letra liga directamente a África e a natureza do género musical é, sem dúvida, Jamaicana. Será que esta música pode ser considerada uma contribuição para a cultura portuguesa?
Eh pá!
Não sei se isto é música portuguesa ou não!
Assim como é que cumpro a quota?
"O calor"
Artista: Sloppy Joe
Álbum: Flic Flac Circus
Está muito calor!!
É um ambiente caracteristico de Portugal, no Verão. E os Sloppy Joe até veiculam a língua portuguesa.
No entanto, a letra liga directamente a África e a natureza do género musical é, sem dúvida, Jamaicana. Será que esta música pode ser considerada uma contribuição para a cultura portuguesa?
Eh pá!
Não sei se isto é música portuguesa ou não!
Assim como é que cumpro a quota?
"O calor"
Artista: Sloppy Joe
Álbum: Flic Flac Circus
Afinal o que é Música Portuguesa?
Ora então, afinal a que é que se pode chamar música Portuguesa?
Segundo o texto da nova lei que entrou em vigor em Maio deste ano (mas que só será de aplicação obrigatória em Novembro de 2007 para dar tempo às rádios para se adaptarem - ?!), a nova definição de Música Portuguesa é a seguinte:
(...) 2 - Para os efeitos do presente artigo, consideram-se música portuguesa as composições musicais:
a) Que veiculem a língua portuguesa ou reflictam o património cultural português, inspirando-se, nomeadamente, nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características, seja qual for a nacionalidade dos seus autores ou intérpretes; ou
b) Que, não veiculando a língua portuguesa por razões associadas à natureza dos géneros musicais praticados, representem uma contribuição para a cultura portuguesa. (...)
Veicular a língua portuguesa basta por si, ou também a música em língua portuguesa tem de se inspirar nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características? É que se basta, até o Beck é música portuguesa quando canta “Sou um perdedor”.
O que é que quer dizer “reflitam o património cultural português”? A frase que vem a seguir pode ser interpretada como a explicação desta?
Toda a música dos países de língua oficial portuguesa pode ser considerada música portuguesa? É que eu não me importava que o Caetano Veloso fosse.
Quais são os géneros musicais praticados que é suposto veicularem a língua portuguesa?
Como é que sabemos que a música cantada em língua estrangeira por razões associadas à natureza dos géneros musicais praticados representa uma contribuição para a cultura portuguesa?
Bom! Entrando no exemplos práticos, alguém me esclareça as seguintes dúvidas:
- A Nelly Furtado é portuguesa ou estrangeira? Se é portuguesa, quando canta em estrangeiro representa uma contribuição para a cultura portuguesa? Se é estrangeira, quando canta em português inspira-se nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características? Nelly Furtado é música portuguesa?
- O Jazz feito em Portugal é música portuguesa? E a Maria João e o Mário Laginha? Fazem Jazz? Fazem música portuguesa? E quando fazem versões de canções pop estrangeiras? É música portuguesa ou estrangeira?
- A Floribela canta em português mas as músicas são argentinas. É música portuguesa?
- Os D’ZRT fazem versões em português das músicas que vão buscar às bases de dados estrangeiras. É música portuguesa?
- Os Moonspell, que cantam em inglês música de tradição estrangeira gravada no estrangeiro, são portugueses. É música portuguesa?
- Rui Veloso quando se chega ao fado é, com certeza, música portuguesa. E quando se chega aos Blues? Será?
- Os Xutos são música portuguesa quando cantam “A minha casinha”. E quando cantam o “N’América”?
- Os Gaiteiros de Lisboa, quando tocam música de influência galega serão música portuguesa?
- E a Brigada Victor Jara, que além de ter um nome chileno, se virou para a a música celta? Será música portuguesa?
- O Próprio Sérgio Godinho, com todas aquelas influências de Brel e Brassens, será música portuguesa?
- As músicas que Ricardo Landum faz para a Mónica Sintra e para a Ágata têm uma clara infuência da “pop-song” centro-europeia. Será música portuguesa?
- Os Santa Maria fazem euro-tecno. São música portuguesa?
- O Luís Represas, desde que esteve em Cuba e conheceu o Pablo Milanês ganhou grandes afinidades com a música latina. Será música portuguesa?
Pois! É claro que estou a exagerar. Mas também é verdade que o texto da lei deixa espaço para todas estas perguntas.
Afinal basta cumprir um destes requisitos ou têm de se cumprir todos? É que, se é para se cumprir todos, podemos sempre pôr em causa a contribuição para a cultura portuguesa e aí ninguém cumpre, ou seja, a Diamanda Galas dá-lhe para cantar uma “espécie” de fado e passa a ser música portuguesa em detrimento do David Fonseca a cantar uma versão dos Erasure. Assim sendo, passa a Diamanda na Antena3 e o David que vá lá passar na “Radio One”, se conseguir.
Segundo o texto da nova lei que entrou em vigor em Maio deste ano (mas que só será de aplicação obrigatória em Novembro de 2007 para dar tempo às rádios para se adaptarem - ?!), a nova definição de Música Portuguesa é a seguinte:
(...) 2 - Para os efeitos do presente artigo, consideram-se música portuguesa as composições musicais:
a) Que veiculem a língua portuguesa ou reflictam o património cultural português, inspirando-se, nomeadamente, nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características, seja qual for a nacionalidade dos seus autores ou intérpretes; ou
b) Que, não veiculando a língua portuguesa por razões associadas à natureza dos géneros musicais praticados, representem uma contribuição para a cultura portuguesa. (...)
Veicular a língua portuguesa basta por si, ou também a música em língua portuguesa tem de se inspirar nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características? É que se basta, até o Beck é música portuguesa quando canta “Sou um perdedor”.
O que é que quer dizer “reflitam o património cultural português”? A frase que vem a seguir pode ser interpretada como a explicação desta?
Toda a música dos países de língua oficial portuguesa pode ser considerada música portuguesa? É que eu não me importava que o Caetano Veloso fosse.
Quais são os géneros musicais praticados que é suposto veicularem a língua portuguesa?
Como é que sabemos que a música cantada em língua estrangeira por razões associadas à natureza dos géneros musicais praticados representa uma contribuição para a cultura portuguesa?
Bom! Entrando no exemplos práticos, alguém me esclareça as seguintes dúvidas:
- A Nelly Furtado é portuguesa ou estrangeira? Se é portuguesa, quando canta em estrangeiro representa uma contribuição para a cultura portuguesa? Se é estrangeira, quando canta em português inspira-se nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características? Nelly Furtado é música portuguesa?
- O Jazz feito em Portugal é música portuguesa? E a Maria João e o Mário Laginha? Fazem Jazz? Fazem música portuguesa? E quando fazem versões de canções pop estrangeiras? É música portuguesa ou estrangeira?
- A Floribela canta em português mas as músicas são argentinas. É música portuguesa?
- Os D’ZRT fazem versões em português das músicas que vão buscar às bases de dados estrangeiras. É música portuguesa?
- Os Moonspell, que cantam em inglês música de tradição estrangeira gravada no estrangeiro, são portugueses. É música portuguesa?
- Rui Veloso quando se chega ao fado é, com certeza, música portuguesa. E quando se chega aos Blues? Será?
- Os Xutos são música portuguesa quando cantam “A minha casinha”. E quando cantam o “N’América”?
- Os Gaiteiros de Lisboa, quando tocam música de influência galega serão música portuguesa?
- E a Brigada Victor Jara, que além de ter um nome chileno, se virou para a a música celta? Será música portuguesa?
- O Próprio Sérgio Godinho, com todas aquelas influências de Brel e Brassens, será música portuguesa?
- As músicas que Ricardo Landum faz para a Mónica Sintra e para a Ágata têm uma clara infuência da “pop-song” centro-europeia. Será música portuguesa?
- Os Santa Maria fazem euro-tecno. São música portuguesa?
- O Luís Represas, desde que esteve em Cuba e conheceu o Pablo Milanês ganhou grandes afinidades com a música latina. Será música portuguesa?
Pois! É claro que estou a exagerar. Mas também é verdade que o texto da lei deixa espaço para todas estas perguntas.
Afinal basta cumprir um destes requisitos ou têm de se cumprir todos? É que, se é para se cumprir todos, podemos sempre pôr em causa a contribuição para a cultura portuguesa e aí ninguém cumpre, ou seja, a Diamanda Galas dá-lhe para cantar uma “espécie” de fado e passa a ser música portuguesa em detrimento do David Fonseca a cantar uma versão dos Erasure. Assim sendo, passa a Diamanda na Antena3 e o David que vá lá passar na “Radio One”, se conseguir.
terça-feira, 8 de agosto de 2006
No princípio (também) era o rock!
Era assim que começava o primeiro disco do Trovante!
Até dava uns ares do "Firth of Fifth" dos Genesis.
E aquela frase:
Alto e bom som havia a raiva de rir
Já tinha ouvido mais duas na rádio. E uma entrevista.
Comprei!
"Alto e bom som"
Artista: Trovante
Álbum: Chão Nosso
Trinta anos!!!
Xiça!!!
Parabéns, pá!
segunda-feira, 7 de agosto de 2006
Pub à borla!
Madonna continua a facturar à custa da religião... e eles caem como patinhos!
Desta vez, Madonna aparece "crucificada" durante o concerto da nova digressão.
Não é preciso mais nada.
A Igreja Ortodoxa e o Vaticano ocupam-se da promoção.
Cuidado!
Qualquer dia já ninguém paga a agências de publicidade. Basta uma "blasfémiazita" e... Tá feito!
Desta vez, Madonna aparece "crucificada" durante o concerto da nova digressão.
Não é preciso mais nada.
A Igreja Ortodoxa e o Vaticano ocupam-se da promoção.
Cuidado!
Qualquer dia já ninguém paga a agências de publicidade. Basta uma "blasfémiazita" e... Tá feito!
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