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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Beatles... for sale?



Já por aqui tenho dito que prefiro comprar música em lojas pequenas do que na fnac. Estou mesmo convencido que as lojas da cadeia apenas sobrevivem devido à preguiça e falta de tempo dos potenciais clientes. É verdade que tem muitas coisas à venda e que há um ou outro "exclusivo" que vale a pena mas, tenham os meus amigos o azar de não haver o artigo pretendido (a mim acontece-me bastante) e necessitar de encomendar algo...

Aqui há tempos celebrei mais um aniversário (coisa que ainda faço todos os anos) e, aproveitando a coincidência de a minha discografia "beatleana" ser escassa e as novas edições terem acabado de sair, a cara-metade decidiu bancar o caixote que aí vêem em cima para preencher de vez a lacuna.

Pensava eu que, nesta coisa de "edições limitadas" (não são nada limitadas, é só conversa para haver mais gente a comprar) da banda mais vendida de sempre, o ponto de venda mais evidente seria, precisamente, a fnac (como quase toda a gente, nunca mais aprendo). Lá fui eu direito a uma das lojas da cadeia. Quando de lá saí não trazia a caixa dos Beatles (claro que não) mas o meu nome figurava orgulhosamente no 49º lugar de uma lista de espera VIP (dizia o empregado que era um produto muito difícil). Para além disso, tornei-me dono do último "exclusivo fnac", um disco do Mário Laginha em colaboração com o artista gráfico João Borges de que, por sinal, ninguém do clube de fãs tinha ouvido falar e o próprio Mário Laginha não fazia ideia que já estava à venda. Assim continua a promoção da música portuguesa (a fnac é quê, francesa?). Valeu a visita, já que, tendo em conta os antecedentes, não tinha grande fé na lista de espera.

Assim passou mais de um mês (sem notícias) até que, levado pela curiosidade, fui ver se a CDGO, a única loja online onde até hoje comprei alguma coisa (e onde sempre fui bem tratado), teria em stock tal raridade. Resultado: encomenda feita na Segunda à noite, processada na Terça, enviada na Quarta, chegada aos correios na Quinta, levantada na Sexta. Neste momento estou a ouvir "I Wanna Be Your Man" do "With The Beatles" de 1963. Ainda com um longo caminho a percorrer, portanto. Não sei se o fim-de-semana chegará mas estas coisas também não são para se ouvir à pressa, não é? Para já navego na minha infância ali para os lados do Bairro da Encarnação, com meia-dúzia de anos e já "enfronhado" nos discos dos meus tios e a querer aprender inglês para cantar o "I Want To Hold Your Hand" como devia ser.

E então (perguntam vocês, ou talvez não) a lista VIP da fnac?
Perguntam (ou talvez não) bem. Escrupuloso como sou (não liguem, é uma mania) decidi telefonar (estúpido!) para a loja com a intenção de cancelar a encomenda, visto que já tinha passado mais de um mês (sem notícias), eu já tinha adquirido o produto na concorrência e também não queria prejudicar o nº 50 da "lista VIP".

Eu já sei como as grandes empresas funcionam e tratam os clientes (já para não falar de como tratam os empregados) mas tenho uma espécie de prazer mórbido em comprovar uma e outra vez que não estou enganado e que, de facto, quanto maiores as empresas pior o serviço.

Telefonema para a loja: Atendido por uma gravação que me mandou telefonar para um Call Center. Pensei: vamos ter festa, como é costume.

Telefonema para o Call Center (não esquecer de falar devagarinho para o funcionário conseguir perceber alguma coisa e escrever tudo o que percebeu): Fiquei a saber que do Call Center não tinham acesso à "lista VIP" porque "às vezes eles não põem as listas de espera no sistema". Depois de ter dito várias vezes qual o item encomendado e de me ter certificado de que, finalmente, estávamos a falar do mesmo; depois de ter dito o meu nome uma vez para me identificar no Call Center, uma vez para identificar o nome que estaria na "lista" e uma outra vez para identificar a pessoa a contactar; depois de ter deixado o número de telefone para poder ser contactado (apesar de o mesmo número figurar na "lista VIP" exactamente para o mesmo efeito); depois de deixar o endereço de mail (apesar de já ter deixado o telefone), lá me disseram que iam passar a informação e que eu seria contactado. Depois perguntaram (adoro esta pergunta que fazem em todos os Call Centers) se eu desejava que fizessem mais alguma coisa por mim. Como de costume, disse que não, que já teria ficado satisfeito se tivessem feito o que eu queria que fizessem quando telefonei e que, afinal, tinha ficado por fazer. Ainda fiz umas considerações sobre a inutilidade dos Call Centers (mas sempre fui dizendo à menina que não tinha nada contra ela em particular, que eu não quero ser responsável por nenhum fenómeno "France Telecom").


Primeiro contacto: Recebi um mail automático que, segundo percebi, seria para me informar (a mim) que tinha contactado o Call Center e que o teor da conversa teria sido o seguinte (e transcrevo): cliente solicita contacto no sentido de ser informado sobre a encomenda que solicitou a pelo menos um mes : EAN : 5099969944901 The Beatles Box Set: Stereo (Limited Deluxe Edition 14CD)Obrigada. Fiquei portanto a saber que tinha telefonado para o Call Center e que tinha feito um pedido de informação com erros ortográficos.

Segundo contacto: Recebi um telefonema de alguém (eles afinal existem) da loja fnac onde estava a tal "lista", que me vinha informar que os colegas responsáveis pela "lista" não se encontravam na loja de momento. Perguntei então se ele não tinha acesso à "lista". Respondeu-me que sim, mas que a lista era "algo complicada de entender" porque havia muita gente em espera e as entregas desta caixa estavam a ser muito difíceis. Passei então a explicar-lhe que o que eu queria era apenas desistir da reserva porque já tinha adquirido o produto na concorrência, numa loja onde as entregas eram muito mais fáceis. Depois de um pequeno silêncio de "oops, já me espalhei, malditas desculpas que me mandam dar", o rapaz lá me disse que ia comunicar aos colegas e que eles depois me contactariam. Intrigado, perguntei então se ele não podia simplesmente apagar o meu nome da lista. Depois de mais um silêncio, este de "sei lá como é que isso se faz", respondeu então que comunicaria aos colegas e eles me apagariam da lista. Depois de perguntar se o assunto ficava resolvido de vez e ter ouvido "acho que sim" como resposta, decidi agradecer e desejar-lhe uma boa noite, com medo de, também ali, gerar alguma tendência suicida.

A partir deste momento, vou aquecer o jantar ao som de "Beatles For Sale". Não na fnac, naturalmente.





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