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sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Anos 70... ao de leve!



Vem este a propósito do artigo que Rui Miguel Abreu que aparece na revista Blitz deste mês.

É verdade que um artigo de revista não tem assim muito espaço disponível e que não se consegue descrever uma década de Rock em pouco mais de duas páginas, por muito pouco que tenha para contar. Não é que tenha muito (comparado com outros países) mas tem coisas importantes que poderiam ajudar a explicar algo do que se passou a seguir. Talvez um caderno específico dedicado ao assunto em futuras edições (ou menos fotos da Beyonce, quem sabe).

Pois o artigo não está mal escrito (algumas calinadas não muito graves, p. ex: o Mestre dos Petrus Castrus é de 73 e não de 70) mas dá uma ideia muito ao de leve do que se passou e, depois de o ler, a impressão que me ficou foi a de que, se eu não soubesse de nada sobre o rock dos anos 70 em Portugal, a única informação que me ficava destas páginas era o facto de Júlio Pereira nem sempre ter tocado cavaquinho e que tinha havido uma revolução que pode ou não ter influenciado o rock que se fez em Portugal depois dela.

Para além disso, uma leve referência a Vilar de Mouros, meia-dúzia de nomes que foram importantes na passagem dos anos 60 aos 80, um cheirinho de Punk e pronto.

Nem uma referência a bandas como os Ananga Ranga e a Go Graal Blues Band, dos primeiros a furar o bloqueio da rádios via Rock em Stock de Luís Filipe Barros; nem uma palavra para os Tantra, banda que fez o lançamento do álbum Holocausto no Coliseu dos Recreios com sala quase cheia, sala onde, aliás, cheguei a ver a Go Graal ainda nos anos 70 e, pior ainda, nem uma palavra sobre a Banda do Casaco um mês apenas depois da edição de "Hoje há Conquilhas..." (ah, pois... ainda há quem ache que a Banda do Casaco não era Rock porque tinha chocalhos"). Isto para não falar de outros como os Perspectiva, Abatroz, Carlos Vidal, Saga ou Jorge Palma (editou 3 discos nos anos 70).

Sim, já aqui escrevi que não se pode dizer tudo em pouco mais de duas páginas mas, muitas vezes, em vez de se fingir que se diz para se dizer que se disse, mais vale não dizer nada, ou seja, volto a pedir à redacção da Blitz que se empenhe um bocadinho mais na pesquisa do que escreve. Pois é, decalcar e comentar as notícias que chegam de fora é mais fácil, eu sei. Mas trabalhar de vez em quando até faz bem.

Continuo, assim, à espera que a Blitz (porque não há outra) devolva os anos 70 ao Rock Português ou então que alguém faça a pesquisa necessária e se lance à tarefa de fazer o tal livro que falta sobre a música portuguesa ( não só rock) da época. Até tenho esperanças numa certa tese de doutoramento de que ouvi falar há tempos...

Enquanto não chega, lê-se e discute-se (é sempre bom) o que há. E ainda bem que há quem escreva. E até há quem leia... por enquanto.


"Regresso às origens"
Artista: Ananga Ranga
Álbum: Regresso às Origens

PS: Peço desculpa pelo som de "batata frita" mas as senhoras editoras não se dignam a editar estas coisas em CD. Enfim, era assim que ficavam os "vinilos" (parece que é assim que se chamam, agora).

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