Justifica-se a protecção aos artistas de “pop-rock” portugueses?
Se considerarmos que, no panorama da música internacional, esta espécie é praticamente inexistente, poderemos pensar que sim, que precisa de ser protegida, se possível com mandato da UNESCO.
Por outro lado, como assegurar a conservação de uma espécie que nunca teve “população” sufuciente para se reproduzir? Não será essa protecção um adulterar das leis da selecção natural e da evolução das espécies?
Sejamos realistas. Se admitirmos como válidas as leis de mercado vigentes na UE, chegamos à conclusão de que o “pop-rock” português não vende porque não se sabe vender.
Outra discussão será saber se o “pop-rock” português deverá ser deixado ao sabor das flutuações do mercado, considerando que logo à nascença parte em desvantagem, seja de infra-estruturas, seja de meios educacionais ou de poder empresarial.
Caberá ao Estado proporcionar as condições para uma educação musical abrangente e recuperar a economia do país de modo a proporcionar incentivos ao investimento mas não me parece que seja da sua resposabilidade a criação de meios como editoras, espaços para concertos, ou mesmo subsidiar a criação ou a comercialização da música portuguesa.
O mercado da música “mais popular” está bem e recomenda-se, tem editoras que investem e sabem vender os seus artistas, e um circuito de concertos relativamente extenso. Para além disso conseguiu ainda o acesso às televisões aproveitando a proliferação de programas “para donas de casa”.
No entanto, os artistas “pop-rock” só conseguem obter sucesso “encostando-se” a esta música (o que lhes tem valido a “imersão” no chamado “saco pimba”) ou promovendo-se em programas de televisão de grande audiência como as telenovelas.
Dois exemplos disto são os “Anjos” (que considero um bom grupo “pop” português) e os “D’ZRT” (que considero um grupo “pop” português bem promovido).
Claro que, quando falo em sucesso, estou a falar do mercado nacional (incluindo os emigrantes), que entrar no mercado global é uma miragem e nem me parece que essas editoras estejam interessadas a arriscar esses voos.
Quanto aos “braços” portugueses das grandes multi-nacionais, não passam de “borra-botas” inertes, que vendem o que os mandam e não têm coragem nem competência para “impôr” o que de bom por cá temos. Em que é que os Blind Zero são piores do que os “3 Doors Down”? Este é só um exemplo, porque há mais.
Baixar o IVA dos produtos musicais é justo mas não resolve nada. A diferença de preço é mínima e nem sequer afecta só a música portuguesa. Por isso, não venham os senhores directores das editoras dizer que é por isso que a música portuguesa não vende. Não vende porque os senhores não a querem vender. Cagarolas!!!
Um dia de música portuguesa na rádio é uma hipocrisia. Primeiro porque o que se ouve na Antena 3 durante o dia não representa minimamente a música portuguesa, depois porque isso legitima o que se passa nos outros dias. Continuo convencido de que o “pop-rock” português não se resume ao “hip-hop”, aos Gift e ao David Fonseca, mas isso sou eu, que sou “torcidinho”. Das outras "radios jovens" quase nem vale a pena falar.
O “pop-rock” português só estará de boa saúde quando não precisar de pedir protecção e quando, nas lojas de discos, puder ser encontrado na secção de ... “pop-rock”!
Alguma receita para além das “do costume” que nunca resolvem nada?
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