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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A aula de comunicação



Já aqui se falou há tempos do último disco do David Fonseca, já aqui vos disse que é um excelente trabalho e, na altura, elogiei a capacidade de trabalho do rapaz em termos de promoção do que faz.

O David Fonseca é, não apenas um bom músico, mas também um óptimo comunicador. O trabalho que tem feito no seu "Weblog", os "webisódios" que vai editando e, sobretudo, o engraçadissimo diário da viagem ao festival South by Southwest em Austin (também em webisódios) fizeram despertar em mim a curiosidade em relação ao que seria o espectáculo na temporada de concertos que se seguiria ao álbum. Assim sendo, Olga Cadaval com ele que já se faz tarde. Além disso, como é que se pode escrever sobre música e nunca ter visto o David Fonseca ao vivo?

... (esta é a parte de "eu no concerto"... é minha, não dou a ninguém)...

Pois não há dúvidas. Isto sim, é trabalho de profissional.
Pois, eu sei que em Portugal há muito quem tenha a mania que um concerto profissional perde na emoção. Pensem outra vez, ou vão ver um concerto do Fonseca. Não é o único. Já se vai vendo qualidade e organização em muitos artistas cá do país (estou-me a lembrar dos Clã, dos Xutos e outros...). Agora, cuidados cénicos e verdadeiro trabalho de actor a este nível só me lembro de ter visto parecido em Portugal em concertos do Sérgio Godinho por volta de 1980 (os Tantra não contam, era outro tipo de "performance"). A comunicação com o público é constante e orientada de maneira que, embora deixando uma certa liberdade à assistência em termos de "participação", David Fonseca nunca perca o controlo da mesma e consiga sempre levá-la para onde quer, enquanto quer, um pouco à maneira do que fazia o Frank Zappa (embora num "registo" bastante diferente).

Em termos musicais praticamente não há falhas. A banda, embora pouco exuberante (a festa é definitivamente do David Fonseca), é competente e coesa. O alinhamento está planeado ao pormenor com os "picos", as "intimidades", os momentos "densos" e as surpresas (bastantes... não, não conto... vão ver ao Coliseu) distribuídos com lógica e bom gosto e, à volta de tudo isto, com mais ou menos discernimento, mais contidas ou descontroladas, as emoções soltam-se pela plateia e o público sente que tem a sua parte no espectáculo. Lá está, a comunicação...

Como se diz em "futebolês", Uma grande exibição em qualquer parte do mundo!

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