Há pouco menos de um ano escrevi por aqui sobre a minha surpresa por, a propósito do concerto dos Strokes, se andar a aclamar os rapazitos como a banda da década ou mesmo a melhor da actualidade (da actualidade de há um ano atrás, bem entendido).
Curiosamente, menos de um ano decorrido, já há outra banda da década: "Ladies and Gentlemen, from Montreal, Quebec, The Arcade Fire".
Para além de gostar bastante mais dos Strokes do que dos Arcade Fire mesmo não achando os Strokes, por sua vez, nada de extraordinário, o que me aflige um bocado é a maneira como as décadas encolheram nos últimos tempos. Quando eu era puto e aprendia essas coisas na escola, as décadas duravam dez anos!
Ora bem, estando as coisas nestes termos, há várias hipóteses que se podem colocar para este fenómeno. vejamos então:
1- Sendo estes concertos normalmente em festivais de verão, o fenómeno terá certamente a ver com a frase que ouço várias vezes ao pessoal que continua a ir a festivais mesmo não gostando de festivais: "Eh pá, os festivais tiram-me anos de vida" (mais propriamente nove, diria eu).
2 - Considerando que, normalmente, os "fazedores" deste tipo de opiniões pertencem à classe jornalística, partindo do princípio de que não terão tirado o curso ao Domingo na Independente, poderão talvez alegar em sua defesa, como aliás tenho ouvido bastante nos últimos anos: "Pois, não tenho muito jeito para contas. Sou de Letras!"
3 - Por outro lado temos sempre a hipótese de se tratar de vulgar marketing (jura!!!). Peço desculpa por ter revelado este segredo até hoje tão bem guardado mas sim, é verdade:
- Pessoal! Andam a vender-vos opinião! E vocês compram!!!
Dito isto, ainda a propósito dos tais festivais (quantos é que são este ano?), tenho uma revelação a fazer:
- Descobri que os cartazes dos festivais são directamente proporcionais ao volume de cerveja ingerida durante os mesmos. Assim, se este ano em algum festival se conseguir atingir o bonito número de 30 mil comas alcoólicos, no ano que vem o cartaz poderá incluir todas as bandas que o vosso neurónio sobrevivente conseguir imaginar desde, claro, que se comprometam a fazer o canal de rega da Zambujeira transbordar de vomitado.
quarta-feira, 30 de maio de 2007
Mini-décadas...
sábado, 26 de maio de 2007
Nós por cá... "Clarinetes Ad Libitum"
foto: http://www.clarinetesadlibitum.net/
Nos meus passeios pelo "myspace" em português encontrei este grupo que achei importante publicitar um pouco, já que não me parece que se trate de uma música que tenha grande divulgação. Por outro lado não são nada maus (muito pelo contrário) e isto de andar a fazer edições de autor pode desanimar quando não se vêem avanços.
Chamam-se Clarinetes Ad Libitum, tocam tudo e mais alguma coisa (desde que seja em clarinete) com umas ajudas nas percussões porque é difícil tocar clarinete e dar estalinhos com os dedos ao mesmo tempo. Têm um CD chamado "Contradanza" de que ainda só ouvi as músicas que estão no site e no "myspace". Gostei bastante do som de conjunto e acho que valem bem uma visita e a compra do disco, a ver se dá pelo menos para gravar o próximo... e o próximo... e o próximo...
Links:
Blog: http://clarinetesadlibitum.blogspot.com/
Site: http://www.clarinetesadlibitum.net/
myspace: http://www.myspace.com/clarinetesadlibitum
Fica aqui um pedacito que roubei do site, para despertar a curiosidade:
"Foliada de Berducido"
Artista: Clarinetes Ad Libitum
Álbum: Contradanza
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Zappa à moda do Porto
"A Low Budget Research Kitchen leva sábado (26 de Maio de 2007) a música de Frank Zappa à oitava edição do RotaJazz - Festival de Jazz da Trofa"
A notícia vinha no semanário Sol e, curiosamente, chegou-me da estranja por via dum "emigra".
Já conhecia a Low Budget Research Kitchen por um dia ter "caído" no "myspace" deles e resolvi dar um pouco mais de atenção. Realmente o que por lá se ouve tem qualidade e, apesar da falta de um vocalista, os temas instrumentais estão bastante bem conseguidos, como aliás podem comprovar carregando na setinha do "play" aí ao lado, ou então no link acima, onde aliás estão mais três músicas além desta.
Lá para Julho parece que vêm ao Maxime. Vai na volta...
Cá mais abaixo sabia da existência dos Zappanoia mas há uns tempos que não ouço falar deles. Será que ainda existem? Tenho ideia que, pelo menos um dos visitantes deste blog, já colaborou com eles. Será que alguém me dá notícias?
"Orange County Oh No"
Artista: Low Budget Research Kitchen
A notícia vinha no semanário Sol e, curiosamente, chegou-me da estranja por via dum "emigra".
Já conhecia a Low Budget Research Kitchen por um dia ter "caído" no "myspace" deles e resolvi dar um pouco mais de atenção. Realmente o que por lá se ouve tem qualidade e, apesar da falta de um vocalista, os temas instrumentais estão bastante bem conseguidos, como aliás podem comprovar carregando na setinha do "play" aí ao lado, ou então no link acima, onde aliás estão mais três músicas além desta.
Lá para Julho parece que vêm ao Maxime. Vai na volta...
Cá mais abaixo sabia da existência dos Zappanoia mas há uns tempos que não ouço falar deles. Será que ainda existem? Tenho ideia que, pelo menos um dos visitantes deste blog, já colaborou com eles. Será que alguém me dá notícias?
"Orange County Oh No"
Artista: Low Budget Research Kitchen
quinta-feira, 17 de maio de 2007
Anos 60 (Ah pois!)
Não se sabe muito bem quantos havia, mas havia alguns. Estou a falar de músicos de rock durante os anos 60. Se agora é difícil ter visibilidade, naquela altura era muito pior. Para além do regime e do "Botas", havia ainda outros tipos de preconceito e pressão contra a música e os "conjuntos" "Yé-Yé" (expressões usadas na época), nomeadamente de alguns sectores da igreja católica (sempre prontos a proteger as "ovelhas" do que era novidade).
Mesmo assim havia artes para contornar estas "circunstâncias" e, tendo a televisão na altura uma grande componente de "programas de variedades" (adoro esta frase), foi possível a gravação de momentos como este que vos mostro aqui e de muito mais horas de música portuguesa ainda por divulgar e que estarão escondidos algures nos confins do arquivo da RTP.
O que aí podem ver é uma actuação ao vivo (com fios e tudo) dos "Sheiks" num desses "programas de variedades". Ora os Sheiks eram, nessa altura, o Carlos Mendes (sim, esse), O Fernando Chaby, O Edmundo Silva e o Paulo de Carvalho (pois, também é esse) que, além de massacrar as peles (da bateria, entenda-se), também cantava e, como se pode ver no video, "metia umas buchas pelo meio".
À escala da altura, os Sheiks eram uma excelente banda aqui ou em qualquer lado e diz-se que não "emigraram" por um triz. Como é costume, sim.
A banda (perdão, o conjunto) ficou pelo caminho mas ganharam-se dois bons cantores (perdão, três, que o Fernando Tordo também por lá passou). Já a internacionalização acabou por não acontecer, embora o Paulo de Carvalho ainda tenha feito algumas "surtidas", mas sempre foi muito dificil saltar para lá deste rectângulo à beira-mar plantado. Há coisas que não mudam, mesmo.
Mesmo assim havia artes para contornar estas "circunstâncias" e, tendo a televisão na altura uma grande componente de "programas de variedades" (adoro esta frase), foi possível a gravação de momentos como este que vos mostro aqui e de muito mais horas de música portuguesa ainda por divulgar e que estarão escondidos algures nos confins do arquivo da RTP.
O que aí podem ver é uma actuação ao vivo (com fios e tudo) dos "Sheiks" num desses "programas de variedades". Ora os Sheiks eram, nessa altura, o Carlos Mendes (sim, esse), O Fernando Chaby, O Edmundo Silva e o Paulo de Carvalho (pois, também é esse) que, além de massacrar as peles (da bateria, entenda-se), também cantava e, como se pode ver no video, "metia umas buchas pelo meio".
À escala da altura, os Sheiks eram uma excelente banda aqui ou em qualquer lado e diz-se que não "emigraram" por um triz. Como é costume, sim.
A banda (perdão, o conjunto) ficou pelo caminho mas ganharam-se dois bons cantores (perdão, três, que o Fernando Tordo também por lá passou). Já a internacionalização acabou por não acontecer, embora o Paulo de Carvalho ainda tenha feito algumas "surtidas", mas sempre foi muito dificil saltar para lá deste rectângulo à beira-mar plantado. Há coisas que não mudam, mesmo.
segunda-feira, 14 de maio de 2007
Anos 70 (parte IX)
Habituados que estamos à presença do Jorge Palma na música portuguesa de hoje, temos tendência para esquecer que o homem já cá anda há uns anitos e que estará mesmo em vias de comemorar os 40 anos de carreira. Sabemos, por exemplo, que em 69 já fazia parte dos Sindikato, que em 71 tocou com este grupo em vilar de Mouros e que editou o primeiro single a solo em 72 (só a solo já lá vão 35).
Segundo julgo saber, o primeiro álbum, de 75, "Com uma viagem na Palma da Mão", nunca foi editado em CD e este "'té já" foi editado em 94 pela Strauss com um som horrivel, como aliás podem comprovar. Mesmo assim, e enquanto esperamos as devidas reedições não só do Palma mas de muitos outros, vale a pena deixar aqui mais uma amostra do que se fazia por cá nos idos de setenta e que ( ao contrário do que parece ter vindo num jornaleco qualquer) não era pré-rock coisa nenhuma.
"Podem Falar"
Artista: Jorge Palma
Álbum: 'té já
Para os melómanos mais... digamos... experientes, aqui fica o "dream-team" que tocou neste disco (além do Palma, claro):
- Júlio Pereira, Luís Duarte, Rão Kyao, Guilherme Inês, Vitor Mamede, Luís Pedro (suponho que seja o Luís Pedro Fonseca) e Armindo Neves. Se fosse tentar fazer uma lista dos discos todos em que estes tipos participaram tinha trabalho de pesquisa a fazer durante uns tempos jeitosos e bem podia arranjar um blogue novo só para o assunto.
Pré-rock...!!!
Pfff!!!
Isso é que é poupar!
Sábado passado, 11 da manhã, RTP2
A televisão do estado arranjou agora umas "rolhas" para tapar os buracos horários de programação que ninguém vê (de facto, depois da Universidade Aberta, quem é que está a ver a "2" àquela hora?). Comprou uns DVDs de música nos saldos e transmite-os a uma hora com 0% de audiência. Assim, se alguém vir, é tudo lucro!
Ora no passado Sábado calhou a vez a um concerto do francês Jean Michel Jarre no deserto marroquino, segundo parece integrado numa campanha da UNESCO pela água e que se chamava "Water for Life".
Para além da habitual "música de plástico" a que o músico nos habituou e dos usuais adereços, efeitos especiais e outras pirotecnias, tudo do "mais fino bom gosto", Jarre cometeu mais umas argoladas, a começar pela opção de fazer a apresentação do concerto em Inglês (lembro que o concerto era em Marrocos), com um tradutor para árabe. Melhor ainda foi quando se dispôs a apresentar os músicos marroquinos que com ele colaboravam. Para além de apresentar gente que já não estava em palco e outra que ainda não estava, desta vez resolveu fazê-lo em francês. O problema foi ter-se esquecido de dizer ao tradutor, que foi tentando traduzir mas não se ouvia pois, percebendo os marroquinos perfeitamente o francês (Milagre!!!), o tradutor acabava sempre por falar por baixo das palmas! Entretanto, durante as músicas, JMJ passeava-se pelo palco exibindo os seus "gadjets" com ar triunfante, completamente alheio às prestações dos músicos marroquinos que ele prório tinha convidado, excepto o tipo do alaúde que ele apresentou como o "melhor tocador de alaúde marroquino do mundo".
Juntando estas peripécias ao aspecto do próprio músico em palco (assim como de quem acordou atrasado e saiu a correr para o trabalho), pensei: de facto, não há melhor escolha para uma campanha a favor da poupança de água do que um francês.
E assim pensando, programa cómico por programa cómico, mudei para o Conan O'Brien que é mais cómico e tem o Max Weinberg!
A televisão do estado arranjou agora umas "rolhas" para tapar os buracos horários de programação que ninguém vê (de facto, depois da Universidade Aberta, quem é que está a ver a "2" àquela hora?). Comprou uns DVDs de música nos saldos e transmite-os a uma hora com 0% de audiência. Assim, se alguém vir, é tudo lucro!
Ora no passado Sábado calhou a vez a um concerto do francês Jean Michel Jarre no deserto marroquino, segundo parece integrado numa campanha da UNESCO pela água e que se chamava "Water for Life".
Para além da habitual "música de plástico" a que o músico nos habituou e dos usuais adereços, efeitos especiais e outras pirotecnias, tudo do "mais fino bom gosto", Jarre cometeu mais umas argoladas, a começar pela opção de fazer a apresentação do concerto em Inglês (lembro que o concerto era em Marrocos), com um tradutor para árabe. Melhor ainda foi quando se dispôs a apresentar os músicos marroquinos que com ele colaboravam. Para além de apresentar gente que já não estava em palco e outra que ainda não estava, desta vez resolveu fazê-lo em francês. O problema foi ter-se esquecido de dizer ao tradutor, que foi tentando traduzir mas não se ouvia pois, percebendo os marroquinos perfeitamente o francês (Milagre!!!), o tradutor acabava sempre por falar por baixo das palmas! Entretanto, durante as músicas, JMJ passeava-se pelo palco exibindo os seus "gadjets" com ar triunfante, completamente alheio às prestações dos músicos marroquinos que ele prório tinha convidado, excepto o tipo do alaúde que ele apresentou como o "melhor tocador de alaúde marroquino do mundo".
Juntando estas peripécias ao aspecto do próprio músico em palco (assim como de quem acordou atrasado e saiu a correr para o trabalho), pensei: de facto, não há melhor escolha para uma campanha a favor da poupança de água do que um francês.
E assim pensando, programa cómico por programa cómico, mudei para o Conan O'Brien que é mais cómico e tem o Max Weinberg!
sexta-feira, 11 de maio de 2007
Miosótis
Para que se saiba do que falamos ali nos comentários da festa, aqui fica um exemplo do que se pode ouvir no primeiro disco dos Miosótis.
Se bem que, por razões de comodidade (talvez) alguém os tenha "acomodado" dentro do "rock progressivo", o som da banda anda por muitos outros sítios. Chega-se à Banda do Casaco da era "conquilhas", passa perto da "zona Crimson" com ajuda na guitarra "frippiana" do Manuel Cardoso, "arrima-se" ao Jazz e à música improvisada por artes não estranhas aos sopros do Paulo Chagas e, como nesta música, chega mesmo a vaguear por memórias "sixties" de psicadelismo.
Muitas referências para um disco só? Nem tanto.
Considerando que é o primeiro, a tendência normal será sempre para consolidar as escolhas e melhorar sempre, como parece já estar a acontecer com a saída do segundo, "Risco", que ainda não tenho mas do qual já se pode ouvir umas coisas aqui
Até poder ir às compras, fica aqui uma amostra deste com o respectivo pedido de desculpas aos autores pelo atraso.
"O Monstro"
Artista: Miosótis
Álbum: O Monstro e a Sereia
terça-feira, 8 de maio de 2007
Festa!!!
5ª Festa do Jazz do São Luiz
A FESTA DO JAZZ PORTUGUÊS
11 de Maio, das 21h30 às 02h00
12 e 13 de Maio, das 14h00 às 02h00
Bilhetes: 1 dia: €15; 2 dias: €25; 3 dias: €30 Entrada livre nos concertos das 14h00 às 19h00.
Como o programa é muito extenso, quem quiser saber pormenores pode ir ao site do Testro S. Luiz
A FESTA DO JAZZ PORTUGUÊS
11 de Maio, das 21h30 às 02h00
12 e 13 de Maio, das 14h00 às 02h00
Bilhetes: 1 dia: €15; 2 dias: €25; 3 dias: €30 Entrada livre nos concertos das 14h00 às 19h00.
Como o programa é muito extenso, quem quiser saber pormenores pode ir ao site do Testro S. Luiz
quinta-feira, 3 de maio de 2007
Buscas...
Ora hoje, entre os habituais que aqui chegam à procura de rock português ou de música dos anos 70 (já para não falar dos que querem de bilhetes para o steve Vai que parece que caem todos aqui, vá-se lá saber porquê), apareceram uns em busca de coisas no mínimo curiosas, a saber:
"Como inventar um solo de baixo"
- Pois é, amigo. Podes tentar de baixo ou de cima mas, se não sabes também não me parece que procurar no Google seja solução.
"Qual a história que nos passa a musica november air de guns n`roses?"
- É uma música com uma história bastante triste, direi mesmo até bastante depressiva. Foi tal a depressão que criou uma superfície frontal associada a ventos fortes que trouxe tal chuvada que os coitados tiveram de mudar o nome para November Rain.
"Musicas mochos"
- Mais um que já percebeu que para ver música de jeito na televisão portuguesa tem de mudar de turno.
"Foxtrot mug genesis"
- Obrigado pelo elogio, mas de facto não pertenci a essa banda e não fui eu que escrevi o álbum.
"Mug anos 60"
- Ok, já existia mas em pequenino!
Curiosamente, nos últimos tempos não tem vindo cá ninguém à procura da Floribela!
"Como inventar um solo de baixo"
- Pois é, amigo. Podes tentar de baixo ou de cima mas, se não sabes também não me parece que procurar no Google seja solução.
"Qual a história que nos passa a musica november air de guns n`roses?"
- É uma música com uma história bastante triste, direi mesmo até bastante depressiva. Foi tal a depressão que criou uma superfície frontal associada a ventos fortes que trouxe tal chuvada que os coitados tiveram de mudar o nome para November Rain.
"Musicas mochos"
- Mais um que já percebeu que para ver música de jeito na televisão portuguesa tem de mudar de turno.
"Foxtrot mug genesis"
- Obrigado pelo elogio, mas de facto não pertenci a essa banda e não fui eu que escrevi o álbum.
"Mug anos 60"
- Ok, já existia mas em pequenino!
Curiosamente, nos últimos tempos não tem vindo cá ninguém à procura da Floribela!
quarta-feira, 2 de maio de 2007
Mais concertos
terça-feira, 1 de maio de 2007
Anos 70 (parte VIII) - Porque é 1º de Maio!
Há, na história da música popular, uma quantidade razoável de álbuns míticos, alguns porque são de facto bons, outros porque "caíram no goto", outros porque venderam muito, outros ainda porque alguma circnstância exterior à própria música os tornou míticos (não, hoje não vou falar do Curtis nem do Cobain).
Portugal, apesar de ter poucos (e com um "pedestal" pequenino), também tem alguns. Um deles é este "Pois Canté!!" do Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta. Com um nome deste tamanho não espanta que o pessoal, em tempo de PREC (Processo Revolucionário Em Curso, para quem nunca percebeu o que queria dizer), MFA, RAL1 e um milhão de outras siglas, lhes chamasse apenas... GAC!
Ora o GAC nasceu como uma espécie de grupo de apoio cultural à luta popular (operários, camponeses, soldados e marinheiros, e tal) e, durante o tal PREC, entre sessões culturais de luta e alfabetização (não estou a gozar, era mesmo assim) editaram alguns singles e chegaram mesmo a concorrer ao Festival da Canção com um hino revolucionário (vocês, os mais novitos, não estão bem a ver a música que concorreu ao Festival de 75).
Depois do 25 de Novembro de 75, morto o PREC e "arrumado" o Poder Popular, o GAC, embora não perca o panfletismo guerreiro das suas letras, passa a incorporá-las em canções mais chegadas às músicas tradicionais portuguesas, algumas delas com arranjos geniais (ou não andasse por lá o Zé Mário Branco).
Em termos estritamente musicais, o álbum é em geral bastante bom, com algumas opções bastante arrojadas no que diz respeito aos arranjos, de tal maneira que há canções que ainda hoje o José Mário Branco canta ao vivo (o caso da que fica aí em audição) e que poderiam ter sido feitas... amanhã.
Por outro lado (ou pelo mesmo, a bem dizer) notam-se já as sementes daquilo que virão a ser muitos anos mais tarde os Gaiteiros de Lisboa (alguns dos actuais membros já faziam parte do GAC e há que não esquecer a colaboração que o José Mário Branco sempre tem dado ao grupo). De todos estes factores, e mais do facto de ser um marco na memória de todos nós como "Banda Sonora Original" de um tempo vivido de maneira especialmente intensa (já para não falar da falta que nos faz uma edição em CD) lhe ficou a carga mítica que transporta.
Dito isto, ouvidos agora de uma maneira mais... diria... crescida...(?)... e tendo em conta algumas "escorregadelas" do Gac para o lado da "cançoneta politiqueira sul-americana" que se revelam muito inferiores ao resto do álbum, acho que (em termos estritamente musicais) gosto mais da maioria dos discos tanto do José Mário Branco a solo como dos Gaiteiros de Lisboa.
Pois, mas neste é que está a música "daquela altura"!
"Cantiga do Trabalho"
Artista: Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta
Álbum: Pois Canté!!
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