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quinta-feira, 6 de maio de 2021

Portugal: o Rock antes do Rock #005

Os Petrus Castrus são uma banda que, de uma maneira ou de outra, sempre foi aparecendo no caminho das minhas deambulações musicais mas que, por algum motivo estranho, nunca figurou na minha estante de discos. Cheguei a comprar o Ascensão e Queda na CDL, em princípios dos anos 80, mas fui obrigado a devolvê-lo porque vinha riscado e, não havendo outro exemplar, acabei por comprar outro disco (talvez o Live dos Fleetwood Mac, já não me lembro bem).

A banda Petrus Castrus formou-se em 1971 e era composta por Pedro Castro (ex-Sharks), pelo seu irmão José Castro, pelo teclista Rui Reis (ex-Plutónicos e futuro Quarteto 1111) e por Júlio Pereira (sim, o do cavaquinho) e João Seixas (ambos ex-Playboys) e até 1980, ano em que interrompeu a sua atividade, gravou, salvo erro, um single, dois EPs e dois LPs em quatro contratos com três editoras. Acresce a isto um concerto a abarrotar no Teatro Aberto em 1978, ainda antes de os Tantra esgotarem o Coliseu. Para uma época que muitos dizem anterior à existência de Rock em Portugal, parece-me que é obra.

A história dos Petrus Castrus tem vários episódios, alguns de frustração, outros de conquista; relações com pessoas ou entidades que não souberam ou não quiseram entender o projeto musical da banda e outras pessoas com a abertura e o arrojo suficientes para apostar nesta musica "estranha" com poemas sarcásticos e contestatários. O álbum "Mestre", de 1972 musicava poemas de gente como Ary dos Santos, Alexandre O'Neill, Sophia de Mello Breyner, Bocage ou Alberto Caeiro, entre outros. O álbum "Ascenção e Queda" foi um daqueles muitos partos difíceis conhecidos na música nacional. Foi apresentado à editora em 1974 e só seria editado em 1978 numa editora concorrente, tendo como produtor o músico Nuno Rodrigues, da Banda do Casaco.

Ora dizia eu que, por uma ou outra razão, os Petrus Castrus nunca tinham figurado na minha estante de discos. Até hoje. E isto porque, pelo meio das minhas pesquisas, fui dar ao site de uma loja online, que em tempos teve porta aberta em Sintra e que eu julgava desaparecida. A loja chama-se Loja do Arco e apresentava em destaque, logo na entrada, a reedição em vinil e CD do álbum "Mestre", sendo que a versão em CD era dupla e trazia o álbum de 2007, para mim até então desconhecido, "Morte Anunciada de um Taxista Obeso". Pensei: "É desta!". Encomendei no passado sábado, chegou hoje. Simples e rápido. Ninguém me encomendou a publicidade, mas sempre vos digo que a Loja do Arco tem um belo catálogo de música portuguesa. Se estiverem interessados e, como eu, não gostarem de comprar música naquela loja francesa que rebentou com as melhores lojas de discos do país, é de aproveitar.


Conclusão: já estou a ganhar com esta decisão de tentar saber um pouco mais sobre o que aconteceu na música portuguesa anterior ao "Ar de Rock". Já viram a minha sorte?

Como exemplo, deixo-vos aqui Tiahuanaco, faixa nº 9 do "Mestre".

Petrus Castrus - Tiahuanaco




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