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sábado, 26 de junho de 2010

As músicas das nossas vidas (15)

A política educacional do país é uma coisa misteriosa, mas não é de agora. Em finais dos anos 70 o governo inventou, para melhor gerir o recém-inventado "numerus clausus", uma aberração chamada "Ano Propedêutico". Consistia em obrigar os alunos saídos dos liceus e da respectiva vida em comunidade a ficar enfiados em casa a ver aulas na televisão. E que más que elas eram!

Lembro-me de toda a gente ter as suas técnicas para ultrapassar o tédio, umas mais imaginativas do que outras. Eu comecei pelo óbvio: fui ao centro de apoio, no meu caso no Filipa de Lencastre, a ver o que dava. Não dava nada. Havia uma professora destacada que mandava o pessoal de volta para casa com a incumbência de estudar muito e nos convidava a voltar se precisássemos de sugestões para conseguir... estudar muito.

A situação requeria um Plano B.
Em breve arranjei a solução ideal: arrancar para casa do meu amigo e ex-colega CP, que estava na mesma situação "ocupacional". Em casa o povo ficava descansado porque eu ia estudar em vez de, como era costume, dormir em frente ao televisor. E estudávamos... muito. O meu amigo era um privilegiado. Tinha uma aparelhagem só dele no quarto e a possibilidade de ir juntando uma respeitável colecção de discos importados. Mais ninguém que eu conhecesse tinha aqueles discos e as manhãs passavam-se a ouvir as novidades e a fazer solos de guitarra por cima de tudo o que tocasse. Foi numa dessas sessões que conheci a Bothy Band, que vos deixo aqui.

O Propedêutico? Com tão bom material de estudo, passei todos os exames, claro!





2 comentários:

Paulo Chagas disse...

pela música já valeu a pena o propedeutico, eheheheh
Abraço!

muguele disse...

Eh eh. Tu também és capaz de ter passado por lá, não?