Montijo acolhe exposição sobre rock e ié-ié* em Portugal até 1974
Lisboa, 22 Abr (Lusa) - A história do rock em Portugal entre finais de 1950 e a revolução de Abril é passada em revista numa exposição que a galeria municipal do Montijo acolhe a partir de sexta-feira.
"Nova Vaga - o rock em Portugal 1955-1974" inclui perto de uma centenas de capas de discos, fotografias, recortes de jornais, instrumentos, posteres da época e gravações de bobines que testemunham a força do rock português muito antes daquilo a que se chama o "boom" do rock nos anos 1980.
"O rock em Portugal nasceu muito antes disso, só que a história foi sendo apagada após o 25 de Abril", afirmou à agência Lusa Edgar Raposo, um dos organizadores desta mostra a par de Luís Futre.
Na exposição poderão ser vistos discos, muitos deles raridades, de nomes como Quinteto Académico, Conchas, Chinchilas, Pop Five Music Incorporated, Zeca do Rock, Sheiks, Joaquim Costa, Conjunto Mistério e Os Claves, aos quais se juntam grupos formados nas ex-colónias portuguesas e em Macau.
A data escolhida para balizar a exposição, 1955, parte do ano em que o rock n´roll foi introduzido em Portugal, sobretudo pelo que se fazia na América, referiu Edgar Raposo.
Esta exposição é o resultado de cinco anos de pesquisa destes dois admiradores do rock português e editores da etiqueta discográfica Groovie Records.
Muitas das obras expostas pertencem à colecção pessoal dos dois editores, mas houve ainda empréstimos e cedências de material de coleccionadores particulares.
Além do que vai estar exposto até finais de Agosto, os dois organizadores fizeram um livro-catálogo quase exaustivo de tudo o que foi editado naquela época.
"Até aqui estava tudo disperso e nunca foi feito nada de forma tão exaustiva", sublinhou Edgar Raposo.
A publicação, que é suportada pela autarquia de Montijo, adopta o mesmo título da exposição, tem cerca de 120 páginas e reproduz a cores cerca de 400 capas de vinis de bandas, conjuntos e artistas portugueses que gravaram naquela época.
O livro-catálogo incluirá ainda fotografias inéditas, recortes de imprensa e textos de Edgar Raposo, Luís Futre e João Carlos Callixto que fazem um enquadramento do rock, pop, psicadelismo e as diversas variações.
Os organizadores da mostra esperam editar comercialmente, no prazo de um ano, uma versão alargada e bilingue deste catálogo, já que esta época da música portuguesa é uma espécie de baú sem fundo.
"Isto é quase um um trabalho de pesquisa de antropologia, de arqueologia musical", sublinhou Edgar Raposo, sublinhando que, comparando com o que se faz na Europa, em Portugal ainda são raras as publicações sobre música portuguesa.
SS.
In: http://noticias.sapo.pt
* Ié-ié, pois! Era o nome que se dava cá ao rock (e seus praticantes) quando eu era assim... pequenino.
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