quarta-feira, 27 de setembro de 2006
... e aqui está ele!
Cá está então o André Indiana!
Muita gente conhece música dele sem saber de quem é, muitos ainda julgam que se trata de um "estranja" qualquer.
Quando ouvi pela primeira vez o "Electric Mind" (um bocadito, enfim) numa das telenovelas que por aí proliferam (seriam os "Morangos?) pareceu-me Lenny Kravitz e quando descobri que não era pensei: "Ok, um 'tuga' a imitar o Kravitz".
Foi preciso ver um concerto do rapaz na TV (não sei qual mas não foi uma das grandes) para me convencer de que havia ali "material" do bom, tanto em termos de composição como de execução, para além duma banda que não era nada má (parece que agora ainda está melhor, segundo se ouve dizer).
André Indiana poderá não ser o campeão da originalidade mas também não é, de maneira nenhuma, um imitador nem do Kravitz nem dos Black Crowes, como se diz por aí. As referências vão muito mais além até aos anos 70, onde afinal os ditos "imitados" também foram buscar a inspiração. Isso é mau?
Desde que a música seja boa, para mim é óptimo.
No primeiro álbum "Music for Nations" (o segundo "Destilled and Bottled" já saiu mas eu ainda só ouvi o single) a música aparece já surpreendentemente madura, a composição equilibrada, os instrumentos seguros e a voz firme e bem timbrada, muito bom resultado para um "puto" de cerca de 20 anos.
Como de certeza já conheciam o "Electric Mind" e agora ficaram a conhecer o "Full Moon" (era o que estava para ser adivinhado), fica aqui mais uma canção, esta para os adeptos do bom rock "de guitarras" como eu.
"I'm In Love"
Artista: André Indiana
Álbum: Music For Nations
Pois não será uma cena nova, nem "alternativa", nem interventiva, nem sequer em português, nem... nem...
Ora, deixem-se de merdas!
É música, é boa e eu gosto!
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
Adivinha! (3)
Esta é uma contribuição do Belche.
Quem quiser, está à vontade.
Podem mandar para o mail, por uma questão de organização.
Cá vai:
Vejam se adivinham quem é este músico português:
Já se vê a luz magenta
Ontem esteve encoberto
Ri-se de te ver tão perto
Girar a massa cinzenta
E ele de sorriso aberto
Palavras onde caminhas
A primeira é pra guardar
Letra estou eu a falar
Mais do que adivinhas
Aprenderás a pensar
Quem quiser, está à vontade.
Podem mandar para o mail, por uma questão de organização.
Cá vai:
Vejam se adivinham quem é este músico português:
Já se vê a luz magenta
Ontem esteve encoberto
Ri-se de te ver tão perto
Girar a massa cinzenta
E ele de sorriso aberto
Palavras onde caminhas
A primeira é pra guardar
Letra estou eu a falar
Mais do que adivinhas
Aprenderás a pensar
domingo, 24 de setembro de 2006
Versões (13)
Foi um dos primeiros LPs da minha irmã mais velha (não sei se ainda o tem), o primeiro da Joan Baez que ouvi e, ainda hoje, talvez o que gosto mais. À medida que os anos foram passando parece-me que a senhora se perdeu entre as memórias do passado interventivo e as tentativas de inovação musical, quase sempre falhadas ou de gosto duvidoso ( na minha opinião, claro). Quando passou por Cascais nos anos 80 já eu tinha passado para outras músicas e este foi talvez o único disco que me ficou, talvez por haver lá em casa, mas também por ter sido a "tirar" músicas dele que me iniciei como autodidacta da guitarra.
Conheci esta versão antes de ouvir o original "Where Have All The Flowers Gone" do Pete Seeger e até a cantava em alemão (aldrabado, claro, e às escondidas). Depois aprendi a letra original em inglês e passei a cantá-la para os amigos mas sempre tocada em "arranjo Baez". Acho que, se ainda a tocasse, ainda a tocava assim (pronto, não tão bem mas parecido). Da voz não vou falar. Da dela não é preciso, da minha é melhor não.
"Sagt Mir Wo Die Blumen Sind"
Artista: Joan Baez
Álbum: Farewell, Angelina
quinta-feira, 21 de setembro de 2006
Adivinha! (2)
É do Porto este poeta
Mas não se escreve com Tê.
Foi Cão sem nome de cão
Pra nome de cão mudou,
Mas nunca ladrou, só cantou.
Hoje chega, diz Bom Dia
E não é de admirar
Se a qualquer hora do dia
Ele berrar que quer mijar.
De si diz que é bom de amar.
Falta alguém pra confirmar
Quem é este “cantador”?
Conseguem adivinhar?
Mas não se escreve com Tê.
Foi Cão sem nome de cão
Pra nome de cão mudou,
Mas nunca ladrou, só cantou.
Hoje chega, diz Bom Dia
E não é de admirar
Se a qualquer hora do dia
Ele berrar que quer mijar.
De si diz que é bom de amar.
Falta alguém pra confirmar
Quem é este “cantador”?
Conseguem adivinhar?
quarta-feira, 20 de setembro de 2006
Duas lojitas de CDs
O Verde perguntou ali em baixo se eu não conhecia umas lojas de discos porreiras.
Considerando a minha penúria nos últimos anos, falta-me um bocado de "experiência" para saber muito sobre o assunto. Em todo o caso, deixo aqui duas. Uma porque já lá comprei coisas e outra porque me parece interessante (pelo menos vendo o site):
- CDGO (ex JoJo's Music)
Rua de Cedofeita, 509-511
4050-181 Porto
Site: http://www.cdgo.com/
Já aqui comprei algumas coisas online. O site funciona bastante bem e as entregas são, regras geral bastante rápidas. Já aconteceu não conseguirem arranjar o artigo que eu queria, mas como o site funciona com um sistema de controlo das encomendas quase em tempo real, não acontece a chatice de estarmos um monte de tempo à espera das coisas sem sabermos se se perderam.
- Prog CDs
Calçada do Carmo 36/38
1200-091 Lisboa
Site: http://www.progcds.com/
Nesta loja ainda não comprei nada porque só tive conhecimento dela há muito pouco tempo.
Trata-se de uma loja específicamente dedicada ao Rock Progressivo e estilos "afins". Pelo que se pode ver no site, a coisa promete.
Considerando que a loja de rua é em Lisboa, estou a pensar fazer uma visita um dia destes, até porque já tenho dois ou três CDzitos em mira.
Acho é que vou levar o dinheiro contado e deixar o multibanco em casa.
Se alguém por aí conhecer outras lojas que valham a pena, faça favor de dizer. Acho que já estamos todos a ficar fartos de FNACs. Ou não?
Considerando a minha penúria nos últimos anos, falta-me um bocado de "experiência" para saber muito sobre o assunto. Em todo o caso, deixo aqui duas. Uma porque já lá comprei coisas e outra porque me parece interessante (pelo menos vendo o site):
- CDGO (ex JoJo's Music)
Rua de Cedofeita, 509-511
4050-181 Porto
Site: http://www.cdgo.com/
Já aqui comprei algumas coisas online. O site funciona bastante bem e as entregas são, regras geral bastante rápidas. Já aconteceu não conseguirem arranjar o artigo que eu queria, mas como o site funciona com um sistema de controlo das encomendas quase em tempo real, não acontece a chatice de estarmos um monte de tempo à espera das coisas sem sabermos se se perderam.
- Prog CDs
Calçada do Carmo 36/38
1200-091 Lisboa
Site: http://www.progcds.com/
Nesta loja ainda não comprei nada porque só tive conhecimento dela há muito pouco tempo.
Trata-se de uma loja específicamente dedicada ao Rock Progressivo e estilos "afins". Pelo que se pode ver no site, a coisa promete.
Considerando que a loja de rua é em Lisboa, estou a pensar fazer uma visita um dia destes, até porque já tenho dois ou três CDzitos em mira.
Acho é que vou levar o dinheiro contado e deixar o multibanco em casa.
Se alguém por aí conhecer outras lojas que valham a pena, faça favor de dizer. Acho que já estamos todos a ficar fartos de FNACs. Ou não?
Versões (12.2) - 15 anos antes
Outra versão da mesma música, desta vez pelos Fairport Convention, em 1969.
Por esta altura, em princípio de carreira, na era BS (Before Swarbrick) e no princípio da contribuição de Sandy Denny, os Fairport não sabiam fazer discos sem lá meter umas versões do Dylan.
O interesse de voltar a tocar a mesma canção é ver como as versões são tão diferentes uma da outra, e vocês ainda não ouviram o original (pelo menos aqui).
De falta de imaginação não nos podemos queixar.
"I'll Keep It With Mine"
Artista: Fairport Convention
Álbum: What We Did On Our Holidays
terça-feira, 19 de setembro de 2006
A usual multi-inutilidade dos multiusos (por Sérgio Castro)
Aqui há tempos, o Sérgio Castro prometeu mandar um texto com algumas considerações sobre as condições acústicas dos pavilhões multiusos... e mandou. Cá está ele!
Ainda se ponderou a hipótese de o dividir em partes mas eu achei que por inteiro a coisa percebe-se melhor. Se preferiam por partes leiam só um bocado, saiam e voltem mais tarde para ler o resto. Cá vai:
Os multiusos, como o seu nome parece querer indicar, devem ser espaços com inúmeras aptidões, grande flexibilidade e, sobretudo, multifuncionais, certo?
A ser assim, um multiusos deveria poder albergar, com a mesma facilidade e eficácia, um evento desportivo, um congresso ou qualquer tipo de manifestação artística...
Huummmm!!!
Quer dizer, no ‘multiusos’ Pavilhão do Atlântico, no Parque das Nações, para citar o exemplo que se referiu neste blog há já algum tempo, devem poder conviver (ainda que em momentos diferentes, obviamente) não só produções de espectáculos de pop/rock, música clássica, folk, jazz, ópera, musicais e teatro, mas também congressos, conferencias, um jogo de basquetbol ou de andebol e um amplíssimo etcétera... ERRADO!
Quem tal crê é incauto, quem tal garante é pouco sério. Ou ambos são simplesmente desconhecedores tanto das necessidades de cada uma das atrás referidas actividades, como das limitações impostas inexoravelmente pelas leis da Física, ou mais concisamente por uma das suas mais apaixonantes disciplinas – a Acústica.
Por alguma razão o P. do Atlântico está rodeado por alguns espaços anexos, como é o caso da Sala Tejo, destinada evidentemente a eventos muito mais minoritários e onde tive recentemente oportunidade de tocar e ouvir tocar e que, justiça lhe seja feita, soa bastante bem com um espectáculo de música amplificado através de um sistema electro-acústico. Estará a Sala Tejo igualmente capacitada para um espectáculo de música sinfónica? De forma nenhuma. Estou seguro que qualquer orquestra ‘levantaria o acampamento’ poucos minutos depois de tentar atacar qualquer Overture de uma sinfonia de Verdi.
Ou seja, a reverberação é a questão.
Por exemplo, num dos extremos das necessidades, uma sala de controlo de um estúdio (regie) deve ter uma reverberação praticamente inexistente (teoria ‘non-environmet’) ou razoavelmente baixa (demais teorias que eu não comparto), com valores que oscilam entre os 250ms e os 500ms – conforme a volumetria do espaço – para além de estar livre de reflexões especulares. Só assim podem os ouvintes, normalmente o engenheiro de gravação, o produtor ou os próprios músicos, chegar a conclusões e tomar decisões. Muitas vezes confundida com a anterior, aparece a sala que alguns tipos com sorte (e finanças) têm em sua casa para escutar música por prazer e a que algumas normas (ITU, AES etc), algo desordenadamente, atribuem valores relativamente baixos de reverberação como os citados acima. Mas neste caso estamos simplesmente a falar de uma sala de escuta, onde nada se arrisca ao permitir que o espaço introduza a sua própria cor ao programa escutado, sempre que não seja em desfavor do mesmo.
Por outro lado, uma orquestra sinfónica necessita de uma reverberação da ordem dos 1,6-1,8 segundos, onde muitas das reflexões são bem vindas (nos auditórios bem desenhados, cuidadosamente previstas e provocadas) para que os músicos percebam o verdadeiro timbre do seu instrumento, ao mesmo tempo que ouvem os demais elementos da orquestra. A não ser assim, não há maestro que valha e a orquestra nem respeita o tempo nem afina. As trompas têm que tocar uma fracção de segundo antes para compensar o caminho mais longo que percorre o som do instrumento, entre que é projectado para trás e se reflecte na parede ou na concha acústica do auditório. Sem essa ajuda não se ouvem a si mesmos nem sabem por donde vai o resto da ‘banda’.
Na realidade muitos compositores de séculos passados escreveram sinfonias com a intenção clara de que fossem executadas em determinados auditórios, cujas reverberações em frequências médias oscilavam entre 1,5 e 1,8 segundos. Wagner, por exemplo, escreveu Persifal para que fosse estreada no Festspielhaus da cidade alemã Bayreuth enquanto que Berlioz sabia claramente como ia soar o seu Requiem nos Invalides, em Paris.
Quando a música Clássica cedeu protagonismo à música Romântica de Brahms, Strauss ou Ravel assistiu-se a uma nova tendência de criar auditórios com um tempo de reverberação consideravelmente superior (1,9s – 2,1s) que proporcionavam uma muito mais rica experiência tímbrica.
Entretanto, para ópera e dado que normalmente se devem entender os textos, o tempo de reverberação baixa consideravelmente, pelo menos na gama de frequências media e grave, pelo que os 1,9 segundos antes referidos seriam sobradamente exagerados para uma perfeita compreensão do libreto. As chamadas ‘Opera Houses’ costumam apresentar tempos de reverberação que podem oscilar entre os 1,24 segundos do Scala de Milão e os 1,6 segundos da Semperoper de Dresden.
Mas que se passaria então numa destas salas se agora tentássemos uma peça de música rock, samba ou qualquer outro tipo que contenha percussão com transitórios e queda rápidos? Em primeiro lugar ficariam desvirtuados os timbres dos instrumentos e a confusão gerada pela reverberação transformaria numa experiência desagradável a execução e a audição de tal peça musical.
Pelo contrário, teria J.S. Bach escrito essas notas longas das suas fugas e concertos, se não estivesse a tirar o melhor rendimento dos mais de 3 segundos de reverberação que, tipicamente apresentam as igrejas renascentistas? O resultado de interpretar tal obra, ao ar livre, por exemplo, seria uma enorme sensação de frustração, não muito distante da que sentiria um guitarrista de Heavy Metal se no momento de subir ao palco, lhe furtassem o Turbo-Overdrive.
Assim que, para não alargar mais a ‘conversa’, poderíamos concluir que com a actual tecnologia a melhor hipótese para uma sala multiusos é prepará-la acusticamente para música amplificada, com um tempo de reverberação bastante baixo (depende do volume), mas, acima de tudo o mais livre possível das tais reflexões especulares, tão indesejáveis – já que modificam enormemente o timbre original dos instrumentos e confunde o tempo rápido – e depois equipá-la com um sistema activo de reverberação, talvez ajudado por alguns painéis movíveis na zona do palco (em caso de não existir concha acústica desmontável).
Existem alguns sistemas comercialmente disponíveis, que tem dado resultados comprovadamente positivos. Não são baratos, dado que tanto os altifalantes (pistónicos ou DMLs) como os microfones, amplificadores e processadores que se utilizam nestes sistemas, devem ter uma qualidade insuperável para não desvirtuar o sinal original e, por conseguinte, não modular incorrectamente o resultado devolvido à sala.
Em jeito de conclusão, se algum dia a sala Tejo tiver que ser utilizada para a interpretação de uma sinfonia ou uma ópera, sim que há esperança de poder adequá-la para tal fim, sem modificações arquitectónicas mas com a ajuda de sistemas de reverberação processados electronicamente. Se, por outro lado, se pretende melhorar os resultados normalmente obtidos no Pavilhão do Atlântico, ou no Multiusos do SAR de Santiago de Compostela (um inconfundível exemplo de aberração acústico-arquitectónica), a única opção razoável é um acondicionamento acústico tão complexo, que os acabamentos interiores de ambos espaços sofreriam modificações tais que os respectivos arquitectos não mais reconheceriam as suas obras.
Outras actividades têm outros requerimentos mas descrevê-los tornaria este artigo imenso e provavelment ‘intragável’. A intenção foi simplesmente a de dar algumas respostas a algumas perguntas aparecidas neste blog, há alguns meses.
Sérgio Castro
Ainda se ponderou a hipótese de o dividir em partes mas eu achei que por inteiro a coisa percebe-se melhor. Se preferiam por partes leiam só um bocado, saiam e voltem mais tarde para ler o resto. Cá vai:
Os multiusos, como o seu nome parece querer indicar, devem ser espaços com inúmeras aptidões, grande flexibilidade e, sobretudo, multifuncionais, certo?
A ser assim, um multiusos deveria poder albergar, com a mesma facilidade e eficácia, um evento desportivo, um congresso ou qualquer tipo de manifestação artística...
Huummmm!!!
Quer dizer, no ‘multiusos’ Pavilhão do Atlântico, no Parque das Nações, para citar o exemplo que se referiu neste blog há já algum tempo, devem poder conviver (ainda que em momentos diferentes, obviamente) não só produções de espectáculos de pop/rock, música clássica, folk, jazz, ópera, musicais e teatro, mas também congressos, conferencias, um jogo de basquetbol ou de andebol e um amplíssimo etcétera... ERRADO!
Quem tal crê é incauto, quem tal garante é pouco sério. Ou ambos são simplesmente desconhecedores tanto das necessidades de cada uma das atrás referidas actividades, como das limitações impostas inexoravelmente pelas leis da Física, ou mais concisamente por uma das suas mais apaixonantes disciplinas – a Acústica.
Por alguma razão o P. do Atlântico está rodeado por alguns espaços anexos, como é o caso da Sala Tejo, destinada evidentemente a eventos muito mais minoritários e onde tive recentemente oportunidade de tocar e ouvir tocar e que, justiça lhe seja feita, soa bastante bem com um espectáculo de música amplificado através de um sistema electro-acústico. Estará a Sala Tejo igualmente capacitada para um espectáculo de música sinfónica? De forma nenhuma. Estou seguro que qualquer orquestra ‘levantaria o acampamento’ poucos minutos depois de tentar atacar qualquer Overture de uma sinfonia de Verdi.
Ou seja, a reverberação é a questão.
Por exemplo, num dos extremos das necessidades, uma sala de controlo de um estúdio (regie) deve ter uma reverberação praticamente inexistente (teoria ‘non-environmet’) ou razoavelmente baixa (demais teorias que eu não comparto), com valores que oscilam entre os 250ms e os 500ms – conforme a volumetria do espaço – para além de estar livre de reflexões especulares. Só assim podem os ouvintes, normalmente o engenheiro de gravação, o produtor ou os próprios músicos, chegar a conclusões e tomar decisões. Muitas vezes confundida com a anterior, aparece a sala que alguns tipos com sorte (e finanças) têm em sua casa para escutar música por prazer e a que algumas normas (ITU, AES etc), algo desordenadamente, atribuem valores relativamente baixos de reverberação como os citados acima. Mas neste caso estamos simplesmente a falar de uma sala de escuta, onde nada se arrisca ao permitir que o espaço introduza a sua própria cor ao programa escutado, sempre que não seja em desfavor do mesmo.
Por outro lado, uma orquestra sinfónica necessita de uma reverberação da ordem dos 1,6-1,8 segundos, onde muitas das reflexões são bem vindas (nos auditórios bem desenhados, cuidadosamente previstas e provocadas) para que os músicos percebam o verdadeiro timbre do seu instrumento, ao mesmo tempo que ouvem os demais elementos da orquestra. A não ser assim, não há maestro que valha e a orquestra nem respeita o tempo nem afina. As trompas têm que tocar uma fracção de segundo antes para compensar o caminho mais longo que percorre o som do instrumento, entre que é projectado para trás e se reflecte na parede ou na concha acústica do auditório. Sem essa ajuda não se ouvem a si mesmos nem sabem por donde vai o resto da ‘banda’.
Na realidade muitos compositores de séculos passados escreveram sinfonias com a intenção clara de que fossem executadas em determinados auditórios, cujas reverberações em frequências médias oscilavam entre 1,5 e 1,8 segundos. Wagner, por exemplo, escreveu Persifal para que fosse estreada no Festspielhaus da cidade alemã Bayreuth enquanto que Berlioz sabia claramente como ia soar o seu Requiem nos Invalides, em Paris.
Quando a música Clássica cedeu protagonismo à música Romântica de Brahms, Strauss ou Ravel assistiu-se a uma nova tendência de criar auditórios com um tempo de reverberação consideravelmente superior (1,9s – 2,1s) que proporcionavam uma muito mais rica experiência tímbrica.
Entretanto, para ópera e dado que normalmente se devem entender os textos, o tempo de reverberação baixa consideravelmente, pelo menos na gama de frequências media e grave, pelo que os 1,9 segundos antes referidos seriam sobradamente exagerados para uma perfeita compreensão do libreto. As chamadas ‘Opera Houses’ costumam apresentar tempos de reverberação que podem oscilar entre os 1,24 segundos do Scala de Milão e os 1,6 segundos da Semperoper de Dresden.
Mas que se passaria então numa destas salas se agora tentássemos uma peça de música rock, samba ou qualquer outro tipo que contenha percussão com transitórios e queda rápidos? Em primeiro lugar ficariam desvirtuados os timbres dos instrumentos e a confusão gerada pela reverberação transformaria numa experiência desagradável a execução e a audição de tal peça musical.
Pelo contrário, teria J.S. Bach escrito essas notas longas das suas fugas e concertos, se não estivesse a tirar o melhor rendimento dos mais de 3 segundos de reverberação que, tipicamente apresentam as igrejas renascentistas? O resultado de interpretar tal obra, ao ar livre, por exemplo, seria uma enorme sensação de frustração, não muito distante da que sentiria um guitarrista de Heavy Metal se no momento de subir ao palco, lhe furtassem o Turbo-Overdrive.
Assim que, para não alargar mais a ‘conversa’, poderíamos concluir que com a actual tecnologia a melhor hipótese para uma sala multiusos é prepará-la acusticamente para música amplificada, com um tempo de reverberação bastante baixo (depende do volume), mas, acima de tudo o mais livre possível das tais reflexões especulares, tão indesejáveis – já que modificam enormemente o timbre original dos instrumentos e confunde o tempo rápido – e depois equipá-la com um sistema activo de reverberação, talvez ajudado por alguns painéis movíveis na zona do palco (em caso de não existir concha acústica desmontável).
Existem alguns sistemas comercialmente disponíveis, que tem dado resultados comprovadamente positivos. Não são baratos, dado que tanto os altifalantes (pistónicos ou DMLs) como os microfones, amplificadores e processadores que se utilizam nestes sistemas, devem ter uma qualidade insuperável para não desvirtuar o sinal original e, por conseguinte, não modular incorrectamente o resultado devolvido à sala.
Em jeito de conclusão, se algum dia a sala Tejo tiver que ser utilizada para a interpretação de uma sinfonia ou uma ópera, sim que há esperança de poder adequá-la para tal fim, sem modificações arquitectónicas mas com a ajuda de sistemas de reverberação processados electronicamente. Se, por outro lado, se pretende melhorar os resultados normalmente obtidos no Pavilhão do Atlântico, ou no Multiusos do SAR de Santiago de Compostela (um inconfundível exemplo de aberração acústico-arquitectónica), a única opção razoável é um acondicionamento acústico tão complexo, que os acabamentos interiores de ambos espaços sofreriam modificações tais que os respectivos arquitectos não mais reconheceriam as suas obras.
Outras actividades têm outros requerimentos mas descrevê-los tornaria este artigo imenso e provavelment ‘intragável’. A intenção foi simplesmente a de dar algumas respostas a algumas perguntas aparecidas neste blog, há alguns meses.
Sérgio Castro
domingo, 17 de setembro de 2006
Adivinha!
De ser ou não afinado
não há noção definida
mas lá na corporação
nunca nenhum apareceu
que cante melhor do que eu.
A minha voz atrevida,
Há mais de um quartel ouvida,
nunca ninguém a calou.
Não sendo eu grande rei
não vivo para lei nem grei
Quem achais então que eu sou?
não há noção definida
mas lá na corporação
nunca nenhum apareceu
que cante melhor do que eu.
A minha voz atrevida,
Há mais de um quartel ouvida,
nunca ninguém a calou.
Não sendo eu grande rei
não vivo para lei nem grei
Quem achais então que eu sou?
sábado, 16 de setembro de 2006
Versões (12)
Estava-se em 1984 quando alguns músicos das bandas "revivalistas" da West Coast americana do início da década de oitenta decidiram homenagear as suas "influências" (Velvet Underground, Bob Dylan, Neil Young...). Nasceu assim o projecto Rainy Day, reunindo gente vinda de bandas como Bangles, Dream Syndicate, Rain Parade e outras.
Nunca consegui ouvir o disco na totalidade mas o que ouvi vale bem a pena. Produção sóbria, ambiente um tanto sombrio mas de grande beleza, boas versões.
Se alguém o encontrar por aí, compre-o que eu quero!
Fica aqui a primeira música do disco e único single que saíu. Uma versão de Bob Dylan na voz de Susanna Hoffs das Bangles. Eu gosto! Muito!
"I'll Keep It With Mine"
Artista: Vários (voz: Susanna Hoffs)
Álbum: Rainy Day
sexta-feira, 15 de setembro de 2006
Guess who! (2)
Ora então aqui fica mais uma para adivinharem.
É capaz de não ser muito fácil para alguns, para outros será de caras.
Com um bocadinho de atenção a alguns pormenores e alguma dose de "abstracção estilistica" (seja lá o que isso for), acho que chegam lá!
Convém desligarem a música ali do lado (ou deixar acabar), que as duas ao mesmo tempo faz um bocadinho de confusão.
É capaz de não ser muito fácil para alguns, para outros será de caras.
Com um bocadinho de atenção a alguns pormenores e alguma dose de "abstracção estilistica" (seja lá o que isso for), acho que chegam lá!
Convém desligarem a música ali do lado (ou deixar acabar), que as duas ao mesmo tempo faz um bocadinho de confusão.
terça-feira, 12 de setembro de 2006
Swarb's Back!
Dave Swarbrick não é um músico comum!
Logo à primeira vez que o ouvi nos Fairport Convention fiquei talvez um pouco "enfeitiçado" por aquele violino, nunca completamente afinado mas sempre no sítio, sempre "fácil" mas, com precisão "cirurgica", direito às emoções, e por aquela voz aconchegante, meio caminho entre o duende e o ancião, que invariávelmente me punha bem disposto.
Podia pôr-me aqui a falar dos Fairport (assunto não faltaria) mas o que me interessa hoje é anunciar o regresso de Swarbrick aos palcos, este verão, depois de um transplante pulmonar há cerca de dois anos e de uma super recuperação.
Antes da operação havia muito pouca gente a acreditar num regresso aos palcos e uma recuperação fisica com qualidade de vida média era talvez a melhor das previsões.
Hoje Swarbrick tem uma nova banda chamada (em tom satírico, suponho) Swarb's Lazarus (com Kevin Dempsey e Maartin Allcock) e um novo disco com um título não menos sugestivo, "Live & Kicking". O senhor continua bem disposto, como sempre.
Swarbrick não canta (por enquanto, espero eu) na nova banda mas a sua voz mantém-se para mim inesquecível. Foi por isso que escolhi esta música para ficar aqui a tocar uns dias. Para muitos de vocês esta voz e este violino até podem não ser lá essas coisas. Para mim são muito importantes. Normal, é uma das coisas boas que tem a música.
Como dizia o Marley, "when it hits you feel no pain".
"Banks of the Sweet Primroses"
Artista: Fairport Convention
Álbum: Angel Delight
Fiquei mesmo contente com a notícia, caraças!!!
segunda-feira, 11 de setembro de 2006
Era difícil fazer pior...
... Mas eles conseguiram!
Parece mesmo aquelas "pirracinhas" dos putos, não é?
"- Ah não gostam, é? Não gostam? Então fazemos ainda pior! Ih ih ih!!!"
Sim, porque eu não posso crer que eles acreditam que aquilo é "Televisão de qualidade"!
Ou acreditam?
Eu explico:
Estava eu a fazer o meu zapping de tarde de Domingo estilo "vejo um filme ou durmo a sesta?" quando, passando pelo canal 1 da RTP dou de caras (e de ouvidos, infelizmente) com a Serenela Andrade a tentar cantar, suponho (já nem me lembro bem, tal foi o susto) que uma música do Carlos Paião, com o "acompanhante" (o cantor, acho que o Feist) desesperado (mas sempre com um sorriso) na sua tentativa de manter a canção minimamente nas imediações do tom certo.
Pensei: pois, confere! Se os modelos estão à frente dos actores nas novelas, porque é que as apresentadoras não hão-de cantar em vez dos cantores?
E qual é o próximo programa musical da RTP?
Um sapateiro a tocar rabecão?
Desliguei a televisão e fui dormir a sesta.
(confesso que me custou um pouco a adormecer... xiça!!!).
"TV Ska"
Artista: Despe e Siga
Álbum: Os Primos
Parece mesmo aquelas "pirracinhas" dos putos, não é?
"- Ah não gostam, é? Não gostam? Então fazemos ainda pior! Ih ih ih!!!"
Sim, porque eu não posso crer que eles acreditam que aquilo é "Televisão de qualidade"!
Ou acreditam?
Eu explico:
Estava eu a fazer o meu zapping de tarde de Domingo estilo "vejo um filme ou durmo a sesta?" quando, passando pelo canal 1 da RTP dou de caras (e de ouvidos, infelizmente) com a Serenela Andrade a tentar cantar, suponho (já nem me lembro bem, tal foi o susto) que uma música do Carlos Paião, com o "acompanhante" (o cantor, acho que o Feist) desesperado (mas sempre com um sorriso) na sua tentativa de manter a canção minimamente nas imediações do tom certo.
Pensei: pois, confere! Se os modelos estão à frente dos actores nas novelas, porque é que as apresentadoras não hão-de cantar em vez dos cantores?
E qual é o próximo programa musical da RTP?
Um sapateiro a tocar rabecão?
Desliguei a televisão e fui dormir a sesta.
(confesso que me custou um pouco a adormecer... xiça!!!).
"TV Ska"
Artista: Despe e Siga
Álbum: Os Primos
quarta-feira, 6 de setembro de 2006
Para quem gosta de Ramos Rosa
... É outra maneira de ouvir a coisa!
A Linha da Frente é (ou foi, não sei) um projecto de João Aguardela e Luís Varatojo anterior à "Naifa" (2002), em que participam outros músicos como Viviane (Entre Aspas), Janelo da Costa (Kussondulola), Rui Duarte (Ramp), Dora Fidalgo e Prince Wadada. A ideia do projecto consistia em musicar poemas de vários poetas portugueses consagrados para além de António Ramos Rosa como, por exemplo, Fernando Pessoa, António Aleixo, António Boto ou Natália Correia, entre outros. Curiosamente, a primeira faixa é "A faca" de Ary dos Santos. Seria uma premonição para "A Naifa"?
Vale a pena uma ouvidela.
"Não Posso Adiar o Coração"
Artista: Linha da Frente
Álbum: Linha da Frente
A Linha da Frente é (ou foi, não sei) um projecto de João Aguardela e Luís Varatojo anterior à "Naifa" (2002), em que participam outros músicos como Viviane (Entre Aspas), Janelo da Costa (Kussondulola), Rui Duarte (Ramp), Dora Fidalgo e Prince Wadada. A ideia do projecto consistia em musicar poemas de vários poetas portugueses consagrados para além de António Ramos Rosa como, por exemplo, Fernando Pessoa, António Aleixo, António Boto ou Natália Correia, entre outros. Curiosamente, a primeira faixa é "A faca" de Ary dos Santos. Seria uma premonição para "A Naifa"?
Vale a pena uma ouvidela.
"Não Posso Adiar o Coração"
Artista: Linha da Frente
Álbum: Linha da Frente
domingo, 3 de setembro de 2006
Anos 70 (parte VI)
Estava eu ali a ver um filme daqueles de Domingo com o parolo do Costner quando, por um momento, acompanhando uma viagem que o personagem fazia, me chegou um som muito familiar.
"Xi, aos anos que já não ouvia isto. É dos Allman Brothers e chama-se... eh pá, é um nome de gaja... chama-se..."
E lá fui eu à procura, sabendo que a tinha por ali perdida, até que a encontrei. Não, não era a Melissa, era a Jessica (... como foste nessa de chamar Vanessa...).
Esta música põe-me bem disposto e com vontade de viajar, não sei porquê, mas se calhar é porque foi feita para isso. Afinal os Allman Brothers passavam a vida de um lado para o outro a fazer concertos e, nos intervalos, a viajar de mota (não foi certamente por acaso que dois dos seus músicos, Duane Allman e Berry Oakley, morreram cada um no seu acidente de mota no espaço de um ano).
Tenho a vaga ideia de ter ouvido este álbum completo na rádio, algures nos anos 70. Bons tempos...
"Jessica"
Artista: The Allman Brothers Band
Álbum: Brothers and Sisters
sexta-feira, 1 de setembro de 2006
Buscas...
Depois do abrandamento nos acessos de pessoas à procura da letra do "Não Stresses" dos Mind da Gap, eis que nova febre "googliana" traz para aqui um monte de pessoas, estas à procura de... imaginam?... adivinharam: "Músicas da Floribella portuguesa"!!!
Não sei se os MDG já disponibilizaram a letra em algum lado, se já ninguém quer saber a letra da música, ou se as pessoas que vêm à procura da Floribela não serão as mesmas, agora já na "febre colectiva" seguinte (não é tão descabido assim - basta ver o impulso que teve a carreira do Boss AC depois de entrar na banda sonora dos "Morangos")!
De qualquer forma, deixo aqui uma mensagem em jeito de "tag":
Floribella aqui não temos, está bem?
Obrigado pela visita! Voltem cá quando sair outra pepineira qualquer e... desculpem qualquer coisinha!
Não sei se os MDG já disponibilizaram a letra em algum lado, se já ninguém quer saber a letra da música, ou se as pessoas que vêm à procura da Floribela não serão as mesmas, agora já na "febre colectiva" seguinte (não é tão descabido assim - basta ver o impulso que teve a carreira do Boss AC depois de entrar na banda sonora dos "Morangos")!
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Floribella aqui não temos, está bem?
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