Comentada a primeira semi-final, tenho obrigatoriamente que comentar a segunda, para a coisa ficar equilibrada. Depois da final também cá virei dizer do que achei.
Claro que não estava à espera que as críticas que fiz em relação à duração e condução da emissão da primeira semi-final tivessem algum efeito na segunda. Tudo está preparado há muito tempo e, no fundo, que interessa a minha opinião numa empresa como a RTP? Certo. Sigamos em frente.
Desta vez passou-se algo com o som. Quase todas as canções foram prejudicadas pelo som das vozes ou, pelo menos, da equalização da voz com a trilha gravada. Uns safaram-se melhor do que outros, como é habitual mas mesmo pessoas com vozes reconhecidas como boas (por exemplo o Buba Espinho) foram prejudicadas pelo fenómeno. A coisa foi melhorando um pouco pelo programa adiante mas nunca ficou perfeita.
O exagerado esforço da "inclusão"
Esta moda dos convites leva a estas coisas. Com tanto politicamente correto, acabamos com uma sessão que inclui coisas parecidas com muita coisa mas que, em muitos casos, acabam por nunca ser exatamente aquilo que supostamente queriam ser. É assim uma espécie de eterna fusão. Eu até gosto de fusões mas algumas aqui parecem um bocadinho "feitas por encomenda". No caso do Buba Espinho o tempero alentejano teve mão demasiado leve; a canção da Cristina Clara, apesar de interessante, ficou ali a meio entre a Beira Baixa e Cabo Verde; a canção do Huca, apesar de bem intencionada, pareceu-me entregue no sítio errado. Espero que a editem em single e faça o seu caminho normal como boa canção que é, uma vez que não foi apurada para a final. A Maria João é, evidentemente, de outro planeta. Quem gosta do projeto Ogre já conhece o género. Maria João canta como ninguém, João Farinha veste-lhe muito bem a voz com camadas de acústica e eletrónica, mas o Festival da Canção ainda tem que palmilhar umas léguas para ter lugar para ela. Ou então não, o Festival da canção vai continuar como é e nós vamos ter anualmente direito a ouvir pequenas pérolas destas que ficam pelas semi-finais, apesar da qualidade que têm. Depois temos o representante da imigração, o representante da emigração... tanto esforço para tentar incluir, que acaba por parecer tudo um pouco forçado.
No meio de tudo isto temos algumas canções que se integram em estilos mais atuais e mais ouvidos e acabam por ser essas as apuradas para a final. Entre essas, talvez tirasse a do Leo Middea (este estilo Djavan interessava-me moderadamente nos anos 80) e apurasse a da Maria João, só para termos uma final um bocadinho mais interessante.
Num recado para a produção e para os autores, talvez fosse interessante regravar alguns dos acompanhamentos e ter algum cuidado especial com algumas das entregas vocais. Sei que é possível fazer alterações entre a semi-final e a final e tenho uma secreta esperança de que algumas das canções finalistas venham melhoradas, para bem do espetáculo.
Por fim, mais uma palavrinha sobre os convidados: na semana passada foram os 40 anos dos Delfins, esta semana foram os 50 anos de carreira do Herman...
Nada contra, mas já repararam na quantidade de músicos de qualidade atuais que têm discos e até projetos novos? Assim como quem não quer a coisa, sugeria o Pedro Jóia, os Cara de Espelho, o José Peixoto, os Capitão Fausto ou o Zambujo com o Yamandu Costa e... por acaso já ouviram o disco da Milhanas? 'Tou só a dizer, ok?
Ah! E se puderem encurtar um bocadinho a coisa, o pessoal agradecia. Obrigado
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