Muitos de vocês sabem que evito comprar música naquela cadeia de lojas que acabou com as pequenas discotecas, que trata mal as pequenas editoras e que esconde o trabalho dos músicos individuais que lhes deixam o trabalho à consignação. Ultimamente tenho-me safado melhor. Eu explico.
Há, de facto, cada vez menos CDs à venda e mesmo as novas lojas de discos estão cheias de vinil, com uma pequena secção de CDs. Ainda não percebi muito bem a dimensão ecológica do regresso do vinil, derivado do petróleo, não tenho a certeza da pegada de carbono de um CD, mas sei que os meus ouvidos não suportam o som de "batata frita" gerado por meses ou anos de passagens da agulha nas estrias e que o tamanho dos CDs é bem mais fácil de arrumar numa estante, que o posso passar para uma pen-drive e ouvi-lo as vezes que quiser sem danificar o original, ou mesmo andar com ele no carro sem temer roubos ou intempéries.
É verdade. Já ninguém compra CDs. Ou quase ninguém. A música está, na sua grande maioria, disponível em "streaming". Com uma pequena quota, temos tudo disponível online sem termos que comprar a música; para quem quer ficar com a música em formato digital, não faltam lojas online, algumas disponibilizadas pelos próprios artistas ou pelas produtoras que lhes gerem as carreiras e, para os "verdadeiros melómanos", temos o glorioso regresso do vinil.
Nos últimos anos não tenho comprado tanta música como comprava, por razões várias, que não interessam agora para aqui, mas descobri que posso comprar a música diretamente aos músicos ou a quem lhes gere as carreiras, reduzindo assim a quantidade de intermediários e aumentando significativamente o que os artistas ganham em cada disco vendido.
Sim, em certos casos sou obrigado a ouvir a música nas plataformas de streaming, que pagam uma miséria aos artistas por cada audição. Estou até a pensar começar a fazer crítica aqui no blogue a discos que ouço nessas plataformas. Posso não poder comprá-los, mas posso dar a conhecer a música de maneira a que outros a comprem aos artistas. Recebo alguns de oferta, de amigos, mas o que eu gosto mesmo é de escrever a um músico e dizer-lhe "Olá, quero comprar o teu disco!" De maneira mais direta ou menos direta, tenho aqui vários, alguns que já comentei, outros que esperam comentário. Hoje chegou mais um: uma obra fantástica do José Peixoto, que vai começar a tocar em casa e no carro e do qual vos falarei nos próximos tempos.
Obrigado, José Peixoto, pela atenção e pela rapidez, mas principalmente pela boa música.
Capa:
José Peixoto, "Melancolias Incertas |
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