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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pequena "entrevista" #26... João Cabrita

O João Cabrita é lá do meu bairro!

Já há uns tempos que me apercebi que as pessoas de fora (enfim, dos outros bairros da "Grande Lisboa") estão convencidas de que nos Olivais toda a gente se conhece. Tal facto não corresponde, no entanto, à verdade. Caramba, são 60 000 pessoas e quando eu lá vivia ainda eram mais (pelo menos mais um, ok?). Dito isto, apesar de conhecer gente que conhece o João, não o conheço pessoalmente e por isso a expressão "dar uma força ao amiguinho" não se aplica neste caso.

O João Cabrita começou, como muito boa gente, a sua vida musical na SFUCO (vai daqui uma vénia à Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense), passou pelo Hot Clube e tem tocado com tudo quanto é músico neste país. Neste momento toca mais regularmente nas bandas do Sérgio Godinho e da Susana Félix mas colabora em vários outros projectos, para além de ter os seus próprios. O homem farta-se de trabalhar e ainda por cima trabalha muito bem e em vários "ramos" da actividade musical. Ora façam-lhe umas visitinhas se querem ouvir.

Entretanto, deixo aqui as respostas à entrevista que lhe enviei (sim, ainda tenho algumas para publicar).


1 - Qual o principal requisito para se vencer na música em Portugal?

- Um curso de música
- Um curso de marketing
- Um curso de Inglês
- Um curso de modelo
- Uma grande "lata"

Resposta:
Rapidez, ouvidos, versatilidade. Um curso de música é a melhor ferramenta, e uma grande lata também pode ajudar.


2 - Qual o melhor ambiente para se evoluir musicalmente?

- O conservatório
- Uma escola de Jazz
- A garagem
- Um grupo de amigos que goste de ouvir todos os tipos de música
- Frequentar a maior quantidade de concertos possível

Resposta:
Todas as anteriores!


3 - Quando é que se consegue ir tocar às estações de televisão sendo pago por isso?

- A partir da edição do primeiro disco
- Depois do primeiro disco de ouro
- Quando lá arranjas um amigo
- Quando consegues "meter" uma música na banda sonora de uma novela
- Quando já não precisas da televisão para nada

Resposta:
Só se for na orquestra residente ;-)


4 - Se os músicos que cantam em português têm sucesso no estrangeiro, porque é que os que cantam em Inglês não têm?

- Tem a ver com a música que se faz e não com a língua em que se canta
- Porque no segundo caso os estrangeiros conseguem perceber as letras
- Porque a música é igual à deles, mas com pior pronúncia
- É uma questão de atracção pelo "exótico"
- Porque os que cantam em Português são melhores músicos

Resposta:
Num mercado tão cheio como o anglo-saxónico, só furas pela diferença, e um trabalho em inglês desmascara logo à partida uma série de referências à flor da pele, e isso vai na direcção oposta.


5 - E porque é que nem uns nem outros têm sucesso em Portugal?

- Porque os CDs dos portugueses são mais caros
- Porque o que vem de fora é mais bem promovido
- Porque o mercado é pequeno e só consegue vender o que é bom
- Porque na televisão só há música estrangeira
- Porque os media estão comprados pelo grande capital das multinacionais

Resposta:
Por um lado, a música portuguesa tem um budget mais baixo de promoção do que a estrangeira. Depois as pessoas não têm dinheiro para comprar todos os cds que gostam, por isso fazem prioridades e compram o que mais ouvem: música de fora que predomina nas playlists das rádios.
Para além disto também sabem que no proximo verão vão ver a banda portuguesa à borla numa festa de aldeia qualquer, mas isso é outra história...



6 - De quem é a culpa da falta de visibilidade da música portuguesa?

- Dos músicos
- Das editoras
- Dos media
- Dos promotores de concertos e agentes
- Do governo

Resposta:
Todos os acima mencionados. Talvez uns mais que outros...


7 - Como é que o problema se resolve?

- Com uma lei mais severa
- Com mais debates na televisão
- Com mais salas para concertos
- Com mais trabalho por parte dos músicos
- Com a ASAE a apreender tudo o que é música estrangeira nas feiras

Resposta:
Cada vez mais me parece que o problema está mais nos intermediários que nos músicos e no público...

Parece-me que toda a indústria está a mudar, e vejo que as editoras, os promotores e agentes estão a ficar para trás. Não se estão a adaptar aos novos desafios que lhes são apresentados, ainda jogam muito pelo seguro, baixo risco vs Lucro fácil.
Um exemplo: A minha banda, Sérgio Godinho e os Assessores, tem feito uma série de espectáculos em auditórios, por todo o país, quase sempre com a lotação a esgotar uma a duas semanas, e com bilhetes entre os 15 e os 20€. No verão, quando enviamos orçamentos para os agentes de espectáculos das festas municipais, de aldeia, etc, a resposta é na maioria dos casos "não vale a pena, as pessoas não gostam muito, é de esquerda... e por aí fora". Se isto não é falta de visão do mercado, então não sei!



8 - Os discos "sacados" na net prejudicam os músicos?

- Sim, porque são discos que o público deixa de comprar
- Não, porque fazem chegar a música a mais gente e ajuda a aumentar as vendas
- Não, porque a maior divulgação leva mais gente aos concertos
- Sim, porque as editoras, ao vender menos, apostam menos.
- No fim das contas, é "ela-por-ela"

Resposta:
No fim das contas, é "ela-por-ela".

Ainda por cima, cá em Portugal sempre se fez discos para ter mais espectáculos...
Mas a verdade é que bem, não faz.



9 - Qual foi o último disco que adquiriste/adquiriram?

Resposta:
O segundo dos coldplay em nice price ;-)


10 - Qual foi a tua/vossa última descoberta musical?

Resposta:
O Afro Beat - tenho-me divertido à grande na produção do disco de estreia dos Cacique '97.

Em breve haverá notícias em
http://www.myspace.com/cacique97





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