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segunda-feira, 23 de maio de 2005

Devils & Dust


Foto: FNAC

Bruce Springsteen voltou a dar umas férias à E Street Band para mais um disco acústico, o terceiro, depois de “Nebraska” e “The Ghost of Tom Joad”. Isto passa-se em termos de edições, já que desde o inicio da carreira que Springsteen cultiva este lado de “cronista folk”.

Sendo verdade que as histórias de Nebraska já fazem parte do passado (talvez por serem contadas “de dentro para fora”), este “Devils & Dust” embora seja um pouco uma sequela de “Tom Joad”, mostra-nos vidas, apesar de duras e opressivas, com alguns raios de luz ao fundo do túnel, não tanto em termos políticos ou sociais, mas mais no aspecto “pois, a coisa está má mas de vez em quando lá temos os nossos momentos”. Além disso “Devils & Dust”, embora ainda com bastantes referências à vida dos imigrantes, abarca uma temática bem mais variada, introduzindo um maior leque de personagens e situações, quase sempre em situações de luta interior (onde não falta o questionar da legitimidade na guerra com o Iraque), que acabam por torná-lo um disco mais rico, ao mesmo tempo que o afastam do perigo de “continuar a bater no ceguinho”.

Se isto é notório nas letras do disco, mais se percebe na própria música, onde as baladas folk são intercaladas com canções bem mais ritmadas. Esta é uma opção que atravessa todo o álbum e, se por um lado o torna menos “escuro” e difícil de ouvir, por outro lado, em certos momentos, empresta algum optimismo à coisa.

Análises profundas à parte, este é um disco que se ouve bem. Se já havia discos de Springsteen para a festa e para a melancolia, agora temos este para o “in between”. Tão bom para ouvir “sitting on the porch on a sunny day” como para tomar consciência da falência do “American Dream”.

Vendido nos EU em formato “dual disc”, em Portugal aparece em dois discos, sendo o segundo um DVD em que Springsteen canta algumas canções do disco só com guitarra acústica e harmónica, intercaladas com algumas palavras sobre as mesmas ou sobre o disco em geral. Uma prenda para os fãs ou algumas revelações úteis para quem pensava que Springsteen era só “Born in the USA”!

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