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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

The Beatles. Again?

The Beatles - Now And Then (Official Audio)


Saiu finalmente a tão profusamente anunciada "última canção dos Beatles". Chama-se "Now and Then" e faz parte de um conjunto de gravações caseiras feitas por John Lennon, que Yoko Ono entregou aos outros Beatles em 1994 e que incluía também as canções "Free as a Bird" e "Real Love", tocadas e arranjadas para serem usadas no projecto "Beatles Anthology", que consistiu na edição de um documentário, três coletâneas e um livro, em 1995.

Se "Free as a Bird" e "Real Love" foram incluídas nas coletâneas aproveitando as gravações da voz de John Lennon, já com "Now and Then" isso não foi possível pois não havia, na altura, a tecnologia necessária para separar a voz de Lennon do piano presente na gravação. Em 2022, graças a um software desenvolvido pela equipa do realizador Peter Jackson, foi finalmente possível separar a voz de John do piano e usá-la isoladammente. Usando este novo recurso, recuperaram-se as gravações já feitas em 1995 pelos outros três Beatles e acrescentaram-se novas partes, como a orquestra e um solo de Paul McCarteney feito "à George", pois deste só havia partes de guitarra ritmo e outros pequenos apontamentos. E ontem, depois de uma grande campanha de antecipação e de construção de expectativas, a coisa saiu finalmente e... meh.

Confesso que, conhecendo "Free as a Bird" e "Real Love", as minhas expectativas eram baixas. E, de certo modo, confirmaram-se. "Now and Then" é mais uma canção que não foi escolhida para figurar no último álbum de John & Yoko "Double Fantasy", nem sequer foi gravada em estúdio nas sessões de 1980, que permitiram a edição póstuma de "Milk and Honey". "Now and Then" não soa de todo a Beatles, mas sim a John Lennon de 1980, mesmo com as contribuições instrumentais dos outros três, os arranjos orquestrais e todo o tratamento e produção investidos na canção. Deve dizer-se, no entanto, que das três canções fornecidas por Ono, esta é claramente a melhor e mais bem acabada, com uma melodia bem construída (terei ouvido ali um cheirinho de Clive Langer/Elvis Costello/Robert Wyatt?) e a única que poderia ter entrado nos álbuns que mencionei acima, não fossem eles ocupados com metade das canções feitas por Yoko Ono, em alguns casos, muito mazinhas.

E pronto. A montanha voltou a parir um ratinho e assim acaba a carreira dos Beatles, até que lhe inventem um novo fim. 

Quanto às acusações a Ono e Paul e Ringo de editarem a canção só para faturar à conta dos outros, que já li por aí, não dou para esse peditório. Para os dois Beatles restantes acabou por ser um pretexto para se voltarem a juntar e fazer alguma coisa juntos, lembrando os velhos tempos. Já Yoko... acredito que pouco mais terá feito do que autorizar. Já Sean Lennon mergulhou de cabeça na produção. E quem é que o pode censurar por isso?

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