Tantra: À Beira do Fim.
Sobre os Tantra e sobre o percurso de Manuel Cardoso na música em Portugal, podia escrever-se um livro daqueles gordos, tal a riqueza e diversidade do que tem produzido até hoje, sem sinais de que irá parar tão cedo. No entanto, no que respeita à escrita de blogues, todos sabemos que há limites para o que se consegue que as pessoas leiam. É tudo uma questão de formatos.
No meu caso, conheci a música dos Tantra antes de os ouvir pela primeira vez, porque tinha um amigo nos escuteiros que, durante um acampamento de verão de uma semana, cantava este "À Beira do Fim" em altos berros, várias vezes ao dia. Terminado o verão, comecei por ver os Tantra num programa de televisão em que também conheci outras bandas, como os Psico ou os Perspectiva, soube da eminente edição do novo álbum "Holocausto" nas páginas da revista "Música & Som" ou no jornal "Se7e" (não me lembro bem qual) e acabei num Coliseu cheio para o concerto de apresentação do novo álbum. Para mim, que não tinha visto os Genesis em Cascais em 1975, por falta de idade, aquele género de concerto ao vivo era todo um mundo novo, uma espécie de peça de teatro com músicos ao vivo e tudo em grande: o som, as luzes, até a bateria do Tó-Zé Almeida (que mais tarde veria nos Heróis do Mar com uma bateria mínima, sinais dos tempos). As máscaras do Manuel Cardoso eram fabulosas. Ele aparecia e desaparecia, umas vezes tocava, outras não, mas as guitarras sempre asseguradas com mestria pelo Tony Moura, que eu já tinha visto nos Psico.
O Tantra eram, na altura do álbum "Mistérios e Maravilhas", onde está a versão de estúdio do "À Beira do Fim", o Manuel Cardoso (ainda antes da fase Frodo): Guitarras e vozes; Américo Luís: baixo; Armando Gama (sim, o da "Balada que te dou"): teclados e Tó-Zé Almeida, bateria e percussão. Quando os vi no Coliseu, para além da inclusão do Tony Moura na guitarra e vozes, o Armando Gama tinha sido substituído pelo Pedro Mestre e este pelo Pedro Luís (sim, o dos Da Vinci).
Estava eu então no princípio das minhas idas a concertos e aprendi cedo que os de bandas portuguesas também valiam a pena. Tempos depois vi, no mesmo Coliseu, o meu primeiro concerto da Go Graal Blues Band, mas isso é assunto para uma publicação mais à frente.
Para além do vídeo acima em que podem ver como era o "À Beira do Fim" ao vivo (junto com uma versão, penso que em sala de ensaio de "Ji" do álbum "Holocausto", deixo-vos aqui em baixo a versão completa, que tem cerca de 11 minutos, mas é uma viagem ao que se fazia, já em 1977, no prog-rock em Portugal.