domingo, 31 de julho de 2011
ADUF no Olga Cadaval
Sintra à noite é uma vila morta!
Afora o pequeno núcleo de (maus) bares junto ao palácio e os poucos restaurantes que, com maiores ou menores dificuldades, se vão conseguindo manter em actividade (alguns deles bons, diga-se), não se passa grande coisa em Sintra numa Sexta-feira à noite e aquela amostra de Feira do Livro frente à Biblioteca só acresce ainda um pouco mais à imagem de decadência.
Para quem vai ao Centro Cultural Olga Cadaval ver um concerto, o cumprir de um simples hábito como beber café implica um passeio até à estação de comboios ao longo de uma avenida pedestre (conquistada ao tráfego por motivos turísticos, diz-se) escura, suja e com todas as portas fechadas. Não seja por isso. Chego sempre cedo e não tenho medo de andar a pé. Mas é triste!
Na verdade, o que me levou ao "Olga", em dia de outros mais "badalados", foi o concerto do ADUF (ex-ADUFE), colectivo idealizado e agrupado em volta de José Salgueiro e que, nos últimos anos perdeu o "E" do fim mas ganhou a guitarra e as composições de José Peixoto. Boa troca, digo eu. Mas as mudanças não se ficam por aqui. Ó ADUF é hoje constituído por nove músicos (incluindo a voz "convidada"), já com algumas diferenças em relação ao disco, saído em 2009, que só me chegou às mãos precisamente no dia deste concerto, numa segunda edição com um DVD gravado na Aldeia de Monsanto, este último já com a mesma formação da última Sexta-feira.
Individualmente, há que dizer que estes nove músicos praticamente não têm defeitos. José Salgueiro é, reconhecidamente, dos melhores percussionistas portugueses. Igual lugar ocupa José Peixoto no que respeita à guitarra acústica. Os dois começaram a colaborar há uns vinte cinco anos, no Shish, banda que praticava um Jazz impregnado de influências da música tradicional e que, à distância, é sem dúvidas uma das bases para a música indefinível que o ADUF hoje pratica. A convidada Maria Berasarte chegou ao meu conhecimento pelo facto aparentemente bizarro de, sendo basca, ter gravado um disco de fados. E muito bom, por sinal. Menos estranha é a presença de Maria no ADUF, uma vez que José Peixoto foi director musical, arranjador e executante nesse mesmo disco. Maria Berasarte canta aqui canções de Peixoto com roupagens diferentes das que conheciam em disco e, em muitos casos, com vantagem. A dicção em português de Maria é mais perfeita do que a de muito nativo que por aí se ouve, a voz é intensa e a presença em palco é muito agradável. Só em "Quinta das Torrinhas" Berasarte fica um pouco aquém do que eu já tinha ouvido mas a prestação vocal de Maria João nesta música é "virtualmente impossível" e, até ver, definitiva. O teclista Alexandre Diniz também já leva uns anos disto e, sem se evidenciar visualmente, desempenha um papel crucial na construção musical deste ADUF. A grande surpresa ,por não o conhecer (desatenção minha, era dos Fadomorse), foi David Leão, encarregue dos sopros (gaitas e flautas). Competentíssimo, acrescenta mais uma componente de musicalidade aos concertos. Para último deixei os percussionistas Sebastian Sheriff, Ivo Costa, João Correia e João Contente, não por algum conceito de menoridade da sua importância, mas precisamente pelo contrário. Os quatro pecussionistas são a "cola" que liga todo o conceito. Ora distribuindo-se pelas várias (muitas) percussões necessárias, adicionando-se ou substituindo-se a Salgueiro, ora fundindo-se com os quatro grandes adufes que dominam o palco onde tecem as poderosas texturas que, em grande parte do concerto, são a base da música do ADUF. É trabalho de formiguinha. Estes quatro devem chegar ao fim bem esgotados. Que cheguem também satisfeitos, que o trabalho é muito mas é muito bem feito!
Resumindo, que a prosa já vai longa, quem quiser ver um concerto esteticamente belo, com muito boa música tocada por muito bons músicos, numa viagem por ambientes vários e surpresas agradáveis, pontuada por momentos de bom humor e de elevado virtuosismo, sempre ao serviço do colectivo, não perca um concerto do ADUF.
Só um lamento. Como que condizendo com o adormecimento da decadente Vila de Sintra, também a afluência de público não foi a que este concerto merecia. Mesmo com o balcão encerrado (medida previdente da organização), a plateia não estava cheia, o que se me afiguraria incrível (com bilhetes a 10,00 € e 12,50 €) não fosse este episódio passar-se nos arredores de Lisboa em 2011 (parece que o Jamie Cullum em Cascais encheu). Enfim... melhores dias virão para a música portuguesa.
sábado, 30 de julho de 2011
Uma das primeiras...
Nisto das guitarras ninguém nasce ensinado. Há quem vá à escola aprender, há quem tenha professores privados mais profissionais ou apenas amigos dispostos a ensinar, há quem aprenda sozinho (muito poucos) e há os que aprendem a observar o que os outros fazem. Foi assim que comecei. Havia uns maduros mais velhos do que eu que tinham umas guitarras e se punham a tocar umas coisas nas rua para ver se lhes caia alguma vizinha na rede e eu, sentado nas imediações, lá ia copiando umas coisas que treinava na guitarrinha da minha irmã. Esta sequência de notas inicial foi talvez a primeira coisa a exigir o uso de mais de uma corda. Grande progresso. Só bastante mais tarde soube que se tratava de "Love Like a Man" dos Ten Years After.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Citações...
"... Acabas por tocar em festivais em que as pessoas estão lá só para tirar fotografias com os amigos, para poderem riscar isso da lista de coisas a fazer na vida. Não tem nada a ver com a música".
(Geoff Barrow dos Portishead ao site pitcchforkmedia - em http://blitz.aeiou.pt/)
quinta-feira, 21 de julho de 2011
A não perder...
ADUF
29 de Julho
22h00
Centro Cultural Olga Cadaval
29 de Julho
22h00
Centro Cultural Olga Cadaval
Auditório Jorge Sampaio
ADUF
O espectáculo ADUF foi concebido, tendo como mote um instrumento de percussão de origem árabe – o adufe – composto por duas peles de cabra cozidas numa estrutura quadrangular e com uma longa e firmada tradição na música popular portuguesa, em particular nos cantares femininos da Beira Baixa.
A linha orientadora do projecto – as pontes, ligações e contrastes entre o passado e o presente do adufe – explora agora novos caminhos, novas sonoridades, novos diálogos e novas parcerias artísticas, com meios audiovisuais e a introdução de novos ritmos, urbanos e industrializados, dando um testemunho de contemporaneidade.
Inspirado na percussão ritualista asiática, o adufe sofre, na concepção deste projecto, uma metamorfose nas medidas, no som e na forma de tocar, sendo rebaptizado de Adufão ou Trovão. Com medidas agigantadas, os 4 instrumentos mutantes adquirem um novo visual, na forma de um cenário sonoro de 8 metros de comprimento, tornando‐os protagonistas do espectáculo.
Mais informação em www.adufmusica.net
Ficha Artística
Percussão, Composição, Concepção e Arranjos José Salgueiro | Guitarra, Composição e Arranjos José Peixoto | Voz Maria Berasarte | Percussão Sebastian Sheriff | Percussão Ivo Costa | Percussão João Correia | Percussão João Contente | Sopros David Leão | Teclados Alexandre Diniz
(In: http://www.ccolgacadaval.pt/)
terça-feira, 19 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
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