domingo, 3 de julho de 2005
Live 8 visto daqui.
Foto: BBC news
- Os objectivos:
Se o Live 8 conseguiu ou não os objectivos que se propunha atingir, ainda é muito cedo para avaliar. Por mim, continuo muito céptico quanto ao poder de um concerto de música, mesmo um concerto global como aquele a que assistimos ontem. Mesmo que tenha servido para alertar todo o mundo para o problema do sub-desenvolvimento em África, mesmo que junte uma multidão de proporções inéditas na manifestação de dia 6 em Edimburgo, tudo depende de um grupo de políticos que são, até prova em contrário, uma associação de crime politico organizado que não tem um mínimo de respeito pela opinião de quem os pôs no poleiro, como aliás está mais do que demonstrado. Cá para mim fica tudo na mesma (mesmo que se assine mais uma declaração de intenções - quantas dessas é que já houve?).
Quanto ao espirito dos músicos presentes no evento, alguém disse que andavam ali a fazer pela vida. Não vou generalizar. Até acredito na boa vontade de alguns. Noutros não. Quem sabe? Só entrando por aquelas cabeças dentro (será que todos têm alguma coisa lá dentro).
A aparição do Bill Gates suscitou-me um dúvida: será que ele vai querer um PC em cada casa africana? E será que ele sabe que há muitos que nem casa têm para meter o PC?
- A Emisão da RTP:
Transmitida ao estilo de uma gala de beneficiência a favor dos coitadinhos, a emissão não me agradou. Muita conversa de circunstância, tudo politicamente correcto, um monte de entrevistas que poderiam resultar melhor se não fossem feitas por cima de alguns dos momentos musicais interessantes do dia. Aliás, só se calavam quando entravam em palco os nomes com "estatuto de estrela". Pois, já estava à espera que fosse a RTP a escolher o que eu "queria" ver.
Para as injecções massivas de publicidade a que fomos sujeitos enquanto a emissão esteve na RTP 1, só tenho uma palavra: vergonhoso!!!
- A música:
Dentro do que nos foi permitido ver durante a transmissão da RTP há alguns destaques a fazer:
- A abertura com um Sgt. Pepper muito bem caçado.
- A esperada actuação simultaneamente profissional e emotiva dos U2.
- A gravação de Bjork, que mais parecia um tele-disco metido no meio, sem público, sem enquadramento, sem qualquer tipo de emoção para além da suprema qualidade de ser... Bjork.
- A confirmação da falta de interesse de projectos como os Coldplay ou os Marron 5. Ao vivo ainda têm menos.
- A falta de voz da menina Dido, salva pelo competente e empenhado Youssou N'Dour.
- Uma actuação estranhíssima dos Duran Duran, com um Simon Le Bon no mínimo com uma crise de "amorfite".
- A ideia dos Green Day em tentar cantar o "We are the champions" dos Queen. Teve piada mas não resultou.
- O festival de Stevie Wonder e o banho de voz que deu ao Rob Thomas.
- A grande actuação de Madonna, onde só falhou a tentativa de interacção com a rapariguinha que veio de África trazida por Bob Geldof.
- A reunião dos Pink Floyd. A alegria estampada do rosto de Roger Waters e alguns momentos emocionantes.
- A fabulosa Joss Stone e uma versão arrepiante de "I had a dream" de John B. Sebastian, uma das referências do festival Woodstock de 1969.
- R.E.M aquém do esperado (pelo menos por mim).
- Mr. Sting exclusivamente "The Police", bastante interventivo e contundente, mudando a letra de "Every breath you take" e exibindo um video "para os senhores G8 não gostarem".
- Robbie Williams - O melhor de todos (e eu nem gosto muito da música)!
- O desgosto de não poder ver muitos outros como, por exemplo, The Cure, Crosby, Stills & Nash, Deep Purple e... Mariza!
Não sei se por acção da transmissão da RTP, se por causa dos 20 anos a mais que tenho em cima, se pelos musicos envolvidos, acho que gostei mais do Live Aid. Não sei. Perguntem-me daqui a 20 anos!
Chegou o verão!
E aqui fica uma musiquita de uns "chavalos lá do meu bairro".
Os Radar Kadafi não começaram por esta música. Ao principio situavam-se naquela onda um bocado depressiva pós-Joy Division. Foi o sucesso da canção Prima Donna no concurso do Rock Rendez Vous que os lançou nesta espécie de "pop-kitsch-faca-e-alguidar" que os tornou conhecidos, ao ponto de ainda hoje podermos ouvir este "40 graus à sombra" nas rádios mal chega o verão.
Depressa acabaram, os músicos foram cada um à sua vida, mas eu ainda acho que o segundo disco que nunca houve podia ter sido muito melhor.
Coisa fresca, hein?
Os Radar Kadafi não começaram por esta música. Ao principio situavam-se naquela onda um bocado depressiva pós-Joy Division. Foi o sucesso da canção Prima Donna no concurso do Rock Rendez Vous que os lançou nesta espécie de "pop-kitsch-faca-e-alguidar" que os tornou conhecidos, ao ponto de ainda hoje podermos ouvir este "40 graus à sombra" nas rádios mal chega o verão.
Depressa acabaram, os músicos foram cada um à sua vida, mas eu ainda acho que o segundo disco que nunca houve podia ter sido muito melhor.
Coisa fresca, hein?
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